Educação de Filhos - Efésios 6.1-4
1.Filhos: Bênção de Deus
A Igreja Cristã tem por obrigação rechaçar o divórcio por entender que a
unidade familiar foi planejada por Deus. Esta unidade não é só composta
por marido e esposa mas homem e mulher carregam um outro status: o de
pai e mãe.
No nosso texto básico, percebemos que Paulo destaca, além do matrimônio
(Ef 5.22-33), a paternidade (Ef 6.1-4) como elementos fundamentais para a
formação de um lar verdadeiramente cristão.
Não poderia ser mais correta a afirmação do salmista: “Herança do SENHOR
são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão.” (Sl 127:3). “Herança” e
“Galardão” dão a idéia de grande valor, uma bênção inestimável confiada
a nós por Deus.
Talvez isso nos faça perguntar: “Por que então parece que para grande
parte da sociedade, os filhos são mais um peso do que um presente de
Deus?”
Consideremos dois pontos de vista:
a. Filhos são bênção em um lar cristão – O que é um lar cristão?
Com certeza a resposta tem a ver com a presença de Cristo nesse lar. Se
ele não está presente, seus valores também não estarão. Concluímos disso
que a sobrevivência da família nunca precisou tanto de Jesus como em
nossos dias.
b. Má definição de bênção – “Bênção” não é só sinônimo de coisas
boas. A Bíblia mostra através de muitos exemplos como filhos de Deus
passaram por problemas difíceis e também como isso lhes resultou em
grandes benefícios.
Caros pais, vocês já pensaram que quando seus filhos testam sua
paciência, te enervam, desobedecem, respondem ou adoecem no meio da
madrugada, Deus está abençoando vocês? Deus está moldando-os,
amadurecendo-os e dando a vocês a oportunidade de crescerem na
dependência dele. Reavalie portanto a sua definição pessoal do que é
bênção. Talvez vocês não estejam percebendo de quão grandes bênçãos são
portadores.
2.Toda bênção exige uma responsabilidade
Quando presenteamos nossos filhos com algo de maior valor segue-se uma
ladainha de recomendações: “Não vai deixar jogado!”, “Cuidado para não
sujar!”, “Não empresta para qualquer um!” Deus, ao nos dar filhos como
bênçãos nos dá recomendações para que desfrutemos deste presente da
maneira mais plena possível. Essa comparação nos lembra que pais crentes
também são filhos e se forem obedientes ao Pai Celeste terão melhor
êxito como pais terrenos. Vejamos esses dois lados da responsabilidade
dos pais:
A.Responsabilidade para com Deus
Para sermos bons pais temos que aprender a ser bons filhos de Deus. Se o
seu objetivo é criar filhos no caminho do Senhor, “de que maneira
poderá o jovem guardar puro o seu caminho?” (Sl 119.9a) Essa pergunta
também intrigava o salmista mas ele sabia a resposta: “Observando-o
segundo a tua palavra.” (Sl 119:9b) Mas como cobraremos aquilo que não
praticamos e nem sequer conhecemos? A responsabilidade dos pais crentes
diante de Deus pode ser resumida nos seguintes itens.
a.Conhecer a sua Palavra – O
cristão tem o dever de ser assíduo na sua igreja local pois ali ouvirá a
Palavra de Deus e será incentivado a estudá-la. Ele deve também ter os
seus momentos devocionais particulares com Deus nos quais manterá
comunhão direta com Ele através da leitura da Bíblia e da oração.
b.Obedecer – “Tornai-vos, pois,
praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós
mesmos.” (Tg 1:22) Tudo o que ouvimos e lemos tem que se converter em
prática de vida. Isso dá aos pais autoridade para cobrar a obediência de
seus filhos e para discipliná-los quando for preciso.
c.Tornar-se exemplo –
“…torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na
fé, na pureza.” (1Tm 4:12). Assim como em qualquer responsabilidade,
tornar-se exemplo começa dentro de nosso lar. Paulo dizia: “Sede meus
imitadores, como também eu sou de Cristo.” (1Co 11:1) Será que você
poderia dizer isso ao seu próprio filho?
B.Responsabilidades para com os filhos
a.Criar um ambiente de amor no lar – Percebam que ainda não
chegamos a uma atitude prática em relação aos filhos. Antes disso,
precisamos falar de como marido e mulher devem se portar como pais. Essa
é a abordagem apresentada em nosso texto básico. Antes de o apóstolo
Paulo falar da relação entre pais e filhos (Ef 6.1-4) ele descreve por
muitos versos como deve ser a relação entre marido e mulher (Ef 5.22-33)
e, segundo o texto, podemos definir essa relação em uma só palavra:
amor,a condição d necessária para dar um referencial aos filhos. Como
educá-los se vivemos em pé de guerra com nosso cônjuge?
b.Ensinar – “Ensina a criança
no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará
dele.” (Pv 22:6) O caminho que se deve andar é o da obediência a Deus.
Para que isso aconteça os pais têm que preocupar-se em orar pelos seus
filhos e com eles; quando bem pequenos, ler historinhas bíblicas e
encaminhá-los ao estudo para que possam aprender a ler a Bíblia por si
sós, cobrar deles este tempo devocional diário. “Estas palavras que,
hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos,
e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao
deitar-te, e ao levantar-te.” (Dt 6:6-7) Estes versículos ensinam
algumas lições a respeito da educação dos filhos. Veja os pontos a
seguir:
Empenho - Ensinar não é uma
tarefa fácil, se o fosse, não passaríamos oito anos da nossa vida para
cumprir apenas o ensino fundamental. É necessário dedicação por parte
dos pais devido a importância dessa tarefa.
Perseverança - Muitos pais
reclamam: “Já falei mil vezes a mesma coisa e parece que meu filho não
aprende!” Nunca podemos nos esquecer de que é necessário perseverar para
que haja aprendizado. É assim que Deus nos trata na sua Palavra.
Existem muitas repetições na Bíblia. Elas não estão ali por acaso. É que
somos teimosos mesmo. E isso é de nascença.
Naturalidade - “…delas falarás
assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao
levantar-te.” Isso mostra que o processo de ensino tem que ser o mais
natural possível. Os pais devem aproveitar as oportunidades que os
momentos com os filhos propiciam para educá-los no caminho do Senhor.
Isso está na contramão da prática atual da sociedade. Os pais modernos
acham que ensinar se resume àqueles momentos em que o filho apronta
alguma coisa e os pais dizem a célebre frase: “Filho, vamos conversar lá
no seu quarto”. Essa não é a melhor educação. Isso nem sequer é
educação pois é correção. Mas como cobrar e corrigir algo que nem sequer
foi ensinado? Aproveite as perguntas do seu filho, a notícia do jornal,
o problema de um conhecido e ensine o que a Bíblia diz a respeito.
Exemplo - “Estas palavras que,
hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus
filhos…” Como já vimos anteriormente, só podemos ensinar aquilo que está
em nosso coração. Se assim não o for, correremos o perigo de borrar com
o braço aquilo que escrevemos com a mão.
c.Disciplinar - “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor. (Ef 6:4)
Duas coisas podem fazer com que seus filhos se tornem iracundos quando
mais velhos: o excesso de disciplina e a falta dela. O texto de Efésios
enfatiza esta última. O que o texto quer dizer é que os pais podem
permitir o afloramento da ira em seus filhos negligenciando a
disciplina. Paulo também ensina o problema inverso: “Pais, não irriteis
os vossos filhos, para que não fiquem desanimados.” (Cl 3.21) Esta
palavra “irritar” está ligada a severidade, ou seja, despertar a ira
pelo excesso de castigo. Isso causa desânimo. Sabe por que? Porque eles
vão pensar: “Não importa o que eu faça, vou estar sempre errado mesmo!”
Se tratando de disciplina, a chave para seu pleno exercício bíblico é o
equilíbrio, pois seu objetivo não é descarregar a raiva e sim trazer seu
filho ao caminho certo. Isso pode ser feito de duas maneiras:
- Admoestação – “Mais fundo entra a repreensão no prudente do que cem
açoites no insensato.” (Pv 17:10). Ao menos que haja reincidência os
pais devem primeiro tentar exortar seus filhos. Como confirma o
provérbio, por vezes uma dura repreensão é mais eficaz do que bater.
- O uso da vara – Isso vai contra tudo o que se tem pregado por ai mas a
Bíblia legitima este dever do pai. Primeiro do próprio exemplo de Deus:
“Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies
quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e
açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais
(Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?”
(Hb12:5-7) Deus não só age assim mas como também nos cobra o mesmo
procedimento:
Provérbios 13:24 – “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina.”
Provérbios 23:13-14 – “Não retires da criança a disciplina, pois, se a
fustigares com a vara, não morrerá. Tu a fustigarás com a vara e
livrarás a sua alma do inferno.”
É claro, a disciplina não pode ser aplicada com exagero:
Provérbios 19:18 – “Castiga a teu filho, enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo.”
Veja também Provérbios 3.12; 4.20-23; 6.20-22; 20.30; 22.15; 29.15; Salmo 78.5-7
Realmente a tarefa de educar os filhos não é nada fácil. Aliás, nada
nesta vida é fácil se não formos dependentes de Deus. Mantenha sempre
comunhão com Ele e com a sua Palavra a quale não só nos auxilia nesta
importante missão mas também em relação a qualquer assunto de nossa
vida: ”Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa
obra.” (2Tm 3:16-17). Só através da Palavra de Deus poderemos além de
fazer frente, também derrotar este mundo que tenta deseducar nossos
filhos bombardeando-os com toda a sorte de impurezas.