Casal comenta repercussão do 1° casamento homoafetivo do MA
União homoafetiva de Ruber e Armando é inédita no Estado após regulamentação.
Jorge Martins/Imirante
10/08/2013 às 07h02
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SÃO LUÍS – Na última terça-feira (6), Ruber Paulo Marques de Souza e Armando Souza Filho Marques foram protagonistas de um fato que entrou para a história do Maranhão. Morando juntos há cinco meses, os dois oficializaram a união e tornaram-se o primeiro casal homoafetivo do Estado a se beneficiar da Resolução nº 175 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que regulamenta o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Desde então, o acontecimento vem despertando uma variedade de reações, que vão do total apoio ao repúdio absoluto.
Em entrevista ao Imirante, os dois empresários comentaram a repercussão da notícia nas redes sociais. Armando admite que ficou surpreso com o tom preconceituoso de alguns comentários e por isso preferiu não acompanhá-los. Já Ruber afirma que estava preparado para esse tipo de reação e quis saber o que as pessoas estavam comentando. Ele destaca que quando uma novidade é exposta, ela abre margem para opinões diversas, e que ele e o marido poderiam ter feito um casamento discreto se quisessem. “A gente escolheu divulgar para contribuir com a naturalização disso”, revela.
Apesar das opiniões contrárias, o casal reforça que houve também muitas manifestações de apoio. No dia do casamento, por exemplo, eles lembram que tiveram uma recepção bastante positiva desde a entrada no cartório. Os dois contam que receberam bastante apoio de suas famílias, que são naturais dos Estados de Goiás e Minas Gerais. Contudo, Armando ressalta que somente a mãe e a irmã vieram assistir ao casamento, já que o pai ainda vê a homossexualidade do filho com restrições.
Mesmo assim, os dois garantem que, no geral, têm uma boa relação com a família um do outro. Ruber conta que só conheceu a mãe e a irmã do marido pessoalmente no dia do casamento, mas que já se dão muito bem. Armando destaca que Ruber tem poucos familiares, e que não tem nenhum problema de relacionamento com eles. Ambos compartilham o desejo de fazer a família crescer, mas advertem que a união ainda é muito recente, e por isso adotar uma criança não chega a ser um projeto, mas um sonho que pode ser realizado futuramente.
Antes do casamento civil, eles já moravam juntos e consideram que já levavam uma vida de casados. O que mudou foi a seguridade legal em situações como a contratação de plano de saúde ou recebimento de herança, que passam a funcionar para casais hetero e homossexuais igualmente. Armando ressalta, inclusive, que os dois já vão utilizar a certidão de casamento neste fim de semana. “Domingo a gente vai tirar o visto americano já com a certidão de casamento. Tanto que a nossa entrevista, por sermos casados, já vai ser junta”, disse. Eles planejam uma viagem em lua-de-mel para os Estados Unidos em dezembro.
Para Ruber e Armando, a resolução do CNJ significou um passo à frente em termos de cidadania. “Somos dois homens que trabalham, que têm uma postura séria e respeitosa e que frequentam qualquer lugar. Eu acho que isso vai mostrando para as pessoas que existe uma outra vertente também”, declara Ruber. Ambos almejam a desmistificação de um estereótipo que acaba marginalizando os homossexuais. Eles têm consciência do que a oficialização de seu relacionamento representa para a comunidade LGBT e se mostram muito felizes em fazer parte da história do lugar onde decidiram se estabelecer e dividir uma vida juntos.