quinta-feira, 4 de setembro de 2014

SE TODA HUMANIDADE TIVESSEM O MÍNIMO DE CONHECIMENTO DA BÍBLIA SAGRADA, O MUNDO SERIA DIFERENTE


Setembro, mês da Bíblia


No mês de setembro quero trazer presente a reflexão dos Bispos brasileiros no documento Discípulos e servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja ( CNBB 97 ). Toda a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja é fruto da revelação de Deus que é comunicação viva, numa história tecida de acontecimentos, pessoais e coletivos, e de palavras, confiadas originalmente a seus enviados. A mensagem por estes levada entra numa tradição comunitária. Toda civilização é tradição que passa de uma geração a outra. O povo de Deus não é exceção: em Israel se transmitem recordações históricas, convicções religiosas, ritos, cantos, orações, leis, sentenças sapienciais. É um patrimônio considerado sagrado, porque na sua origem está a revelação de Deus. É guardado zelosamente e cresce no tempo, com o progredir da revelação. Para garantir-lhe uma transmissão mais fácil e fiel, é também posto por escrito. As Sagradas Escrituras tornam-se regras de fé e de vida; são acolhidas como inspiradas pelo próprio Deus. Jesus de Nazaré aceita a tradição de Israel, contida nos livros sagrados (cf Mt 5,17); considera, porém, simplesmente humanas, e por isso caducas, as antigas tradições interpretativas, mesmo antigas, que os escribas transmitem com ela (cf. Mc 7,5.8.13). Ele mesmo dá início à sua própria tradição de ensinamentos e gestos, que os discípulos recebem e transmitem. A comunhão de vida permite antes de tudo a transmissão oral, instrumento privilegiado e seguro da memória naquele tempo. Os apóstolos "transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivência e das obras de Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo" (DV 7). Desenvolve-se, assim, a "Tradição apostólica", numa variedade de formas: relatos, profissões de fé, hinos, fórmulas e ritos litúrgicos, exemplos e regras de vida, organização e instituições. Também esta Tradição bem cedo é posta em textos escritos, redigidos por autores divinamente inspirados no seio da comunidade cristã.
Os apóstolos deixam-nos como herança seu testemunho, vivo e escrito, como um sagrado depósito a ser guardado fielmente e vivido em situações sempre novas. A Tradição apostólica original, que compreende a Sagrada Escritura, se prolonga por toda a Tradição eclesial com o auxílio perene do "Espírito da verdade" (Jo 14,17) prometido por Jesus. Nada se pode acrescentar à revelação. Ela é, porém, comunicada, explicitada, atualizada. A luz da divina revelação se propaga através da doutrina, do culto e da vida da Igreja, servindo-se de diversos canais concretos: ensinamento dos Papas e dos Bispos, pregações e catequese, liturgia e arte, comportamento exemplar dos cristãos, sobretudo dos santos e santas. Na fé da Igreja, proclamada, celebrada e vivida, exprime-se em obras e palavras a revelação de Deus em Cristo, sem acréscimos e sem subtrações, mas sempre viva, dinâmica e operante. De uma geração a outra é transmitida e recebida a experiência dos apóstolos, que por primeiro encontraram o Senhor. Somente revivendo esta experiência inicial alguém pode torna-se cristão. Somente ela é o fundamento posto pelos apóstolos - uma vez por todas - para edificar. Para aderir ao Senhor e participar da sua vida é necessário recordar o que Ele fez e ensinou, guardar fielmente sua lembrança e conformar com ela nossas próprias atitudes.
Que a Sagrada Escritura, verdadeira Palavra de Deus seja nossa luz na caminhada.

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