segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Olímpiadas 2012 – Londres : Ginástica – Arthur Zanetti ganha o ouro na argola e é o primeiro ginasta brasileiro campeão olímpico


Arthur Zanetti - Valterci Santos/AGIF/COB
Arthur Zanetti – Valterci Santos/AGIF/COB


Se não nasceu gigante pela própria natureza, o pequeno Arthur Zanetti, de apenas 1,56m, é o hoje impávido colosso e grande orgulho da nação brasileira. Nesta histórica segunda-feira, 6 de agosto, no North Greenwich Arena, em Londres, ele entrou para a galeria dos atletas imortais do Brasil ao se tornar o primeiro campeão olímpico da ginástica artística. Com 15.900 pontos e um desempenho quase impecável na prova da argola, Zanetti desbancou o chinês Yibing Chen (15.800), até então campeão olímpico e quatro vezes campeão mundial, que ficou com a prata.
Ainda extasiado, Arthur Zanetti subiu no lugar mais alto do pódio e beijou a medalha de ouro ao recebê-la. Depois, escutou respeitosamente o Hino Nacional. O ginasta, que fez questão de agradecer e elogiar todo o trabalho realizado por sua comissão técnica, revelou a estratégia realizada para derrotar o chinês na final da argola.
“Resolvemos fazer uma série um pouco mais básica na classificatória apenas para chegar à final. Não queria ser o primeiro que se apresentaria, mas sim o último. O primeiro não puxa nota. Aí , sim, fiz minha série de sempre e acabei recebendo uma boa nota”, revelou Zanetti, que participou de seus primeiros Jogos Olímpicos.
Esbanjando serenidade para quem acabou de se tornar campeão olímpico, Zanetti disse também que já vinha trabalhando esta série há muito tempo – diariamente desde março – e estava confiante numa boa nota. No momento em que terminou a prova, o ginasta abriu um sorriso.
“Ali eu senti que poderia ganhar uma medalha. E eu queria mesmo a de ouro. Não vi a prova do Chen porque fui aquecer, mas depois fiquei sabendo da nota dele e senti que poderia tirar uma melhor ainda. É um trabalho de muitos anos que hoje foi coroado”, celebrou.
No Mundial de Ginástica Artística em 2011, Arthur Zanetti ficou com a medalha de prata, perdendo na final justamente para Yibing Chen. O atual campeão olímpico contou o que mudou neste período. “Minha série mudou e o seu grau de dificuldade aumentou. Com isso, a diferença que tinha do Chen para mim se igualou. Então, quem fizesse a melhor série aqui em Londres iria ganhar”, analisou.
Natural de São Caetano do Sul, no ABC paulista, Zanetti espera agora que sua conquista possa inspirar uma nova geração. “Com certeza, abrirá muitas portas para todo mundo praticar o esporte. Para o Rio 2016, o objetivo é classificar todos da equipe de ginástica artística para termos mais chances de chegar às finais e briga por medalhas”, previu o ginasta.
Segundo Zanetti, o preparo psicológico foi fundamental para o êxito em sua histórica conquista. “Trabalhei muito o lado psicológico para poder aguentar a pressão. Aprendi que existe uma variável, não pode se deixar levar por uma emoção negativa ou positiva na hora da prova. Caso contrário, tudo vai por água abaixo”, ensinou o ginasta, que confessou ter ficado mais tenso durante o Mundial de Ginástica no ano passado. “Lá, tive problemas para dormir. Aqui não. Encarei esta competição olímpica como se fosse uma etapa de Copa do Mundo”, completou.
Na ótica de Zanetti, o preconceito no Brasil com relação aos atletas masculinos que praticam a ginástica artística está diminuindo e, a partir do seu feito, a tendência é que termine de vez. Ele relembrou como conheceu e começou a praticar o esporte.
“Tinha um professor de educação física na minha escola em São Caetano do Sul chamado Sérgio. Ele viu que eu era mais baixo e rápido que os outros alunos, então indicou o SERC (Sociedade Esportiva Recreativa e Cultural) Santa Maria. Conversou com a minha mãe e fui fazer um teste. Passei e hoje estou aqui com esta medalha no peito”, orgulhou-se Arthur Zanetti.  Hoje, certamente Sérgio está orgulhoso. O Brasil também.
Com informações de Alexandre Bittencourt, de Londres – COB

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