Setembro, mês da Bíblia
No mês de setembro quero trazer presente a reflexão dos Bispos brasileiros no documento Discípulos e servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja (
CNBB 97 ). Toda a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja é fruto da
revelação de Deus que é comunicação viva, numa história tecida de
acontecimentos, pessoais e coletivos, e de palavras, confiadas
originalmente a seus enviados. A mensagem por estes levada entra numa
tradição comunitária. Toda civilização é tradição que passa de uma
geração a outra. O povo de Deus não é exceção: em Israel se transmitem
recordações históricas, convicções religiosas, ritos, cantos, orações,
leis, sentenças sapienciais. É um patrimônio considerado sagrado, porque
na sua origem está a revelação de Deus. É guardado zelosamente e cresce
no tempo, com o progredir da revelação. Para garantir-lhe uma
transmissão mais fácil e fiel, é também posto por escrito. As Sagradas
Escrituras tornam-se regras de fé e de vida; são acolhidas como
inspiradas pelo próprio Deus. Jesus de Nazaré aceita a tradição de
Israel, contida nos livros sagrados (cf Mt 5,17); considera, porém,
simplesmente humanas, e por isso caducas, as antigas tradições
interpretativas, mesmo antigas, que os escribas transmitem com ela (cf.
Mc 7,5.8.13). Ele mesmo dá início à sua própria tradição de ensinamentos
e gestos, que os discípulos recebem e transmitem. A comunhão de vida
permite antes de tudo a transmissão oral, instrumento privilegiado e
seguro da memória naquele tempo. Os apóstolos "transmitiram aquelas
coisas que ou receberam das palavras, da convivência e das obras de
Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo" (DV 7).
Desenvolve-se, assim, a "Tradição apostólica", numa variedade de formas:
relatos, profissões de fé, hinos, fórmulas e ritos litúrgicos, exemplos
e regras de vida, organização e instituições. Também esta Tradição bem
cedo é posta em textos escritos, redigidos por autores divinamente
inspirados no seio da comunidade cristã.
Os apóstolos deixam-nos como herança seu
testemunho, vivo e escrito, como um sagrado depósito a ser guardado
fielmente e vivido em situações sempre novas. A Tradição apostólica
original, que compreende a Sagrada Escritura, se prolonga por toda a
Tradição eclesial com o auxílio perene do "Espírito da verdade" (Jo
14,17) prometido por Jesus. Nada se pode acrescentar à revelação. Ela é,
porém, comunicada, explicitada, atualizada. A luz da divina revelação
se propaga através da doutrina, do culto e da vida da Igreja,
servindo-se de diversos canais concretos: ensinamento dos Papas e dos
Bispos, pregações e catequese, liturgia e arte, comportamento exemplar
dos cristãos, sobretudo dos santos e santas. Na fé da Igreja,
proclamada, celebrada e vivida, exprime-se em obras e palavras a
revelação de Deus em Cristo, sem acréscimos e sem subtrações, mas sempre
viva, dinâmica e operante. De uma geração a outra é transmitida e
recebida a experiência dos apóstolos, que por primeiro encontraram o
Senhor. Somente revivendo esta experiência inicial alguém pode torna-se
cristão. Somente ela é o fundamento posto pelos apóstolos - uma vez por
todas - para edificar. Para aderir ao Senhor e participar da sua vida é
necessário recordar o que Ele fez e ensinou, guardar fielmente sua
lembrança e conformar com ela nossas próprias atitudes.
Que a Sagrada Escritura, verdadeira Palavra de Deus seja nossa luz na caminhada.
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