O que é preciso ter para, ao vivo na Globo, detonar a reforma educacional proposta pelo governo de Michel Temer? Resposta: poder, muito poder.
E isso Faustão tem de sobra. A audiência e os milhões de faturamento que ele gera com seu programa e a influência que tem sobre publicitários e empresários, além da confiança do clã Marinho, o transformaram num intocável.
Como poder gera liberdade, o apresentador aciona sua artilharia verborrágica sem temer represálias. Até porque ele é mais do que um apresentador. Faustão se tornou dono do horário em que exibe sua atração. Tem a palavra final sobre tudo, sempre.
No domingo (25), Faustão fez um desabafo que lavou a alma de quem adotou o slogan ‘Fora Temer’: “Essa porra desse governo nem começou, não sabe se comunicar e já faz a reforma sem consultar ninguém. O país que mais precisa de educação, faz uma reforma com cinco gatos pingados que não entendem porra nenhuma, não consulta ninguém, e aí, de repente, tira a educação física, que é fundamental na formação do cidadão”.
A reformulação do ensino médio, apresentada por medida provisória, possibilita a exclusão da educação física e de artes no currículo do estudante.
Faustão defende a educação física por ter forte ligação com o esporte. Ele abandonou o curso de Direito pouco antes de se graduar para ser repórter esportivo de rádio. Trabalhou muitos anos em campo, cobrindo futebol, antes de começar na TV.
Após ser aplaudido por sua plateia, apresentador seguiu com a crítica: “Quando você percebe um país como esse, que tem uma saúde de quinta (categoria), não tem segurança, não tem emprego, não tem respeito a profissões básicas. O país que não respeita professor, pessoal da polícia e pessoal da área de saúde, é o país que não oferece o mínimo aos seus cidadãos”.
Chamada de ‘Globo golpista’ por quem protestou contra o impeachment de Dilma Rousseff, a emissora não tem facilitado a vida de Temer.
Os telejornais do canal têm destacado os tropeços da Presidência e dos ministros, e as possíveis implicações de Temer na Operação Lava Jato.
Involuntariamente ou não, o poderoso Fausto Silva se tornou porta-voz de quem execra Temer e dos descontentes em geral.
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