Levantamento feito pela organização não governamental Contas Abertas mostra que o Amazonas, Maranhão e o Pará são os Estados que receberam mais repasses do Governo Federal para realizar obras da empreiteira Delta no ano de 2011. De acordo com o Orçamento Geral da União (OGU), a construtora, que está envolvida com o grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira, recebeu R$ 106,9 milhões por empreendimentos no AM, R$ 70,7 milhões no MA e
R$ 67,7 milhões no PA.
A lista dos cinco maiores beneficiários de verbas para bancar obras da Delta inclui os Estados do Rio de Janeiro, com repasses de R$ 67,1 milhões, e de Goiás, que ganhou R$ 62,3 milhões. Em 21 Estados e no Distrito Federal, no total, foram repassados R$ 884,4 milhões à Delta pela União no ano passado.
De acordo com a ONG Contas Abertas, o principal empreendimento da construtora no Amazonas é a manutenção de trechos da rodovia BR-174 (estrada que liga Manaus a Boa Vista), no valor de R$ 95,3 milhões. A obra é coordenada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit), órgão vinculado ao Ministério dos Transportes. Até o início de julho de 2011, o ministério era comandado pelo senador Alfredo Nascimento (PR). Ele deixou o cargo após denúncias de corrupção na pasta.
A Delta também é a empreiteira que mais recebeu recursos do Orçamento da União para executar projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De 2007, ano de criação do programa, até agora, foram perto de R$ 3 bilhões, segundo levantamento da Contas Abertas.
A Queiroz Galvão, que fica em segundo lugar, recebeu
R$ 1,7 bilhão no período. Os dados não levam em conta os serviços que a Delta prestou a empresas estatais, como a Petrobras. Nesse universo mais amplo, a empreiteira já embolsou R$ 4,130 bilhões, segundo informou o governo à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira.
“A Delta é pentacampeã do PAC”, disse o coordenador do Contas Abertas, Gil Castelo Branco. A empresa só não foi a líder de recebimentos de recursos orçamentários do PAC em 2008, quando foi superada pela Queiroz Galvão. De 2009 para cá, a Delta só recebe menos dinheiro do PAC do que a Caixa Econômica Federal, responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida.
No último sábado, o jornal O Estado de São Paulo divulgou que, mesmo flagrada em uma série de irregularidades pela Controladoria-Geral da União (CGU), a Delta deverá seguir prestando serviços para o governo federal.
CPI do Cachoeira será explosiva
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), disse, ontem, no Fórum de Comandatuba, na Bahia, que acredita que os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a rede de influência comandada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, nas esferas pública e privada do País, serão concluídos até agosto. “Quatro meses de CPI são suficientes, se o processo for bem conduzido”, avalia Maia.
De acordo com ele, a pauta dos trabalhos deve ser apresentada pelo relator Odair Cunha (PT-MG) na próxima quarta-feira. Apesar da previsão otimista relativa ao término das investigações, Maia se revela preocupado com o andamento da CPMI.
“Será explosiva”, acredita. “Uma coisa são essas pessoas (os acusados) dando depoimento à Polícia Federal, que é uma coisa fechada, outra é uma investigação a portas abertas, como no Congresso. Vai haver contradições, perguntas de todos os lados e detalhes que não estão nas investigações serão revelados”, avalia.
Segundo o parlamentar, a principal dificuldade relativa aos trabalhos será o montante de dados a analisar e de suspeitos a ouvir. “É tanto nome que o jeito seria colocar em um pote e, aleatoriamente, sortear um”, brinca.
“Não quero interferir, porque a decisão é do relator, mas na minha opinião, seria importante colher mais algumas informações e ouvir pessoas importantes que estão na lista de contatos do Cachoeira para depois ouvi-lo, com mais subsídios, para uma abordagem mais contundente”, disse Maia. Ele afirma que os trabalhos serão divididos para acelerar as investigações.
Governo determina investigação
O governador Omar Aziz (PSD) afirmou, na última sexta-feira que criou um grupo de trabalho para investigar os contratos da construtora Delta com o Governo do Amazonas. A declaração de Omar foi dada dois dias após A CRÍTICA divulgar que carros fornecidos pela empreiteira para o programa Ronda no Bairro usam placas frias.
Farão parte da comissão investigativa, segundo Omar, o procurador-geral Clóvis Smith, secretário estadual da Fazenda, Ísper Abrahim, e o controlador-geral Leopoldo Péres.
O Ministério Público do Estado já está investigando contratos de R$ 143 milhões firmado pela Secretaria Estadual de Segurança (SSP) com a
Delta para o aluguel de 253 viaturas para o Ronda no Bairro.
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30 abr 12, 7:25 pm (há cerca de 5 horas)