OS CORPOS INCORRUPTOS
DOS SANTOS.
A Sagrada
Escritura diz sobre o homem: ...porque és pó, e em pó
te hás de tornar (Gênesis 3,
19). Além de lembrar ao homem
sua condição perecível e transitória, esta sentença recorda
a aniquilação física, a decomposição do organismo, após a
morte. Esta realidade é constatada universalmente;
tendo algumas exceções, embora
raríssimas, de não decomposição física. Exceção esta
conhecida pelo nome de Incorrupção.
A
Incorrupção é a preservação do corpo humano da
deteriorização que comumente afeta todo organismo poucos
dias após a morte. É evidente que são excluídas as
mumificações, as saponificações e outros processos químicos
de preservação dos corpos dos mortos; pois seriam incorrupções artificiais.
Beata
Ana Maria Taigi (1769-1837)
Nasceu
em Sena de Toscana. Viveu em humilde simplicidade, atendendo
a um pobre lar com sete filho, vendo-se obrigada em várias
ocasiões a sustentar a casa com seus trabalhos de costura,
quando seu marido perdeu seu emprego. Foi uma mulher
de luzes extraordinárias e rodeada de maravilhosos carismas
e dons extraordinários.
O
cardeal Pedicini refere a sua declaração juramentada sobre
os portentos que ele presenciou nessa mulher extraordinária,
e que podem ser consultados no processo de sua beatificação.
Diz o
citado Cardeal que Ana Maria Taigi tinha os
pensamentos mais secretos das pessoas presentes ou ausentes;
os acontecimentos dos séculos passados, e a vida que levavam
as mais importantes personagens.
Poderia se dizer que este dom era onisciente, era
conhecimentos de todas as coisas em Deus, na medida em que a
inteligência humana é capaz de conhecê-lo nesta vida.
E acrescenta o Cardeal:
"Me
sinto impotente para descobrir as maravilhas de quem fui
confidente durante 30 anos".
O
decreto de beatificação a aponta como:"pródigo único nos
fastos da Santidade".
Ângela
da Cruz (1846-1932)
Nasceu
nos arredores de Sevilha em 30 de Janeiro de 1846, tendo
sido batizada no dia 2 de Fevereiro seguinte na paróquia de
Santa Luzia. Pouco tempo teve de escola, aprendendo a
escrever, algumas noções de aritmética e catecismo.
Apesar da sua pobreza, desde pequena se habituou a partilhar
os bens da sua casa com os mais pobres.
Na
família aprendeu a rezar o Terço e a celebrar o mês de Maio,
dedicado à Virgem Maria.
Manhã
cedo, acompanhava seu pai para a oração do Terço; em 1854
fez a Primeira Comunhão e recebeu a Confirmação no ano
seguinte. Começou a trabalhar aos doze anos numa
sapataria, onde também se rezava o Terço, diariamente; ali
começaram as suas experiências místicas. Começou a
ensinar a sua profissão a outras meninas numa instituição
chamada "As arrependidas", em Sevilha.
O seu
confessor ajudou-a a encontrar a sua vocação: ser monja. Por
falta de saúde, não foi admitida no Carmelo fundado em
Sevilha por Santa Teresa de Jesus, mas em 1868 entrou como
Postulante nas Filhas da Caridade do Hospital central de
Sevilha, de onde foi trasladada para Cuenca, com melhor
clima para a sua saúde.
Em
1870 teve de abandonar definitivamente a Instituição. Teve
de viver como "monja sem convento", voltou ao seu trabalho,
aceitou a orientação do seu diretor espiritual, escrevendo
os seus pensamentos e desejos da alma, até descobrir a sua
vocação perante uma Cruz: a fundação de um Instituto que,
"por amor de Deus, abraçasse a maior pobreza, para
poder ajudar os pobres".
Com
essa intuição, redigiu um projeto, com uma dimensão
caritativa que a levasse a identificar-se com os menos
afortunados: "fazer-se pobre com os pobres".
Depois de participar na Santa Missa, instalou-se com outras
três mulheres, num quarto alugado, onde tinham lugar
principal um Crucifixo e um quadro da Virgem das Dores.
Nasciam as Irmãs da Cruz.
As
casas da "Companhia" deviam ter um ambiente de
limpeza, saudável alegria e contida beleza, com estilo
simples para mulheres simples, afastadas da grandiosidade,
mas com ar de doçura, de modo a que todas sentissem uma nova
maneira de querer Deus e os pobres. Começaram a recolher
meninas órfãs, as casas começaram a crescer, atendiam as
pessoas na sua própria casa, pediam esmola com uma das mãos
e distribuíam-na com a outra. Em 1879 foram aprovadas as
primeiras Constituições pelo Bispo diocesano, tendo como
carisma a oração, a austeridade, contemplação e
alegria no serviço dos pobres.
Depressa se estenderam por toda a Espanha, chegaram à Itália
e à América. Madre Ângela encontrou-se com o Papa Leão XIII
na beatificação de João de Ávila e de Frei Diogo de Cádiz,
mas o assinatura do decreto de aprovação da Companhia só foi
assinado por Pio X, em 1904. A Irmã Ângela foi nomeada
Superiora-Geral, reeleita por quatro vezes, destacando-se
pelas suas virtudes de naturalidade e simplicidade.
Em 7
de Julho de 1931, foi atacada por uma trombose cerebral que
a levaria à morte nove meses depois. Apesar de
paralisada, mais procurava agradar do que incomodar.
Faleceu em 2 de Março de 1932 e Sevilha passou durante três
dias diante do seu cadáver. A Câmara Municipal celebrou uma
Sessão extraordinária para elogiar a Irmã Ângela e deu o seu
nome a uma rua da Cidade.
Também
ela foi beatificada por João Paulo II em 5 de
Novembro de 1982, para ser, agora canonizada durante a
viagem pastoral a Madrid. O seu corpo encontra-se incorrupto
na Capela da Casa Mãe.
Santa
Bernardete
Também
conhecida como Santa Maria Bernadete e Santa Bernadete
Soubirous. Ela nasceu no dia 7 de janeiro de 1844, em
Lourdes, na França. Era de família pobre e chegou a
trabalhar como empregada doméstica e pastora de ovelhas.
Santa
Bernadete tinha constantes visões da Virgem Maria. Em uma
delas, a Santa foi conduzida a uma fonte que curava. Ela
entrou para o Convento das Irmãs de Nevers. Lá aprendeu a
ler e a escrever. Tinha saúde frágil. Morreu no dia 16 de
abril de 1879, em Nevers, na França, enquanto orava a Maria.
Vivendo pobremente e por algum tempo empregada em tomar
conta do gado, crescia sem alguma doutrina humana, mas
em suavíssima simplicidade de costumes e admirável candura
de espírito, querida por Deus e pela Santíssima Virgem Mãe.
Maria observou a humildade de sua filha e dignou a
inocente menina , entre 11 de fevereiro a 16 de julho de
1858, de 18 aparições e de celeste colóquio.
Na
época, o bispo local, que inicialmente duvidara da versão da
inculta menina, que afirmava as aparições, pôs ela à prova e
pediu para que, na próxima aparição, perguntasse à ela qual
o seu nome. Bernardete, cumprindo o pedido do bispo,
esclareceu à Virgem a indagação do bispo, no que Nossa
Senhora respondeu: "Eu sou a Imaculada Conceição".
Ao retornar, o bispo ouviu estupefato a resposta da menina,
já que tratava-se de um dogma recém proclamado, o dogma da
"Imaculada Conceição" firmado há menos de quatro anos
por Pio IX (1854) que, pelas dificuldades de comunicação da
época, estava restrito ao conhecimento ainda dos setores
mais elevados da Igreja.
Nesta,
tão célebre aparição e ilustrada por Deus por tantos sinais,
pode-se notar um tríplice carisma, conferido à piedosa
jovem. Chamamo-la antes de tudo: Vidente, porque
diante de numeroso povo, arrebatada em êxtase, foi
maravilhosamente deliciada com o bondoso aspecto da Virgem.
Chamamo-la de Mensageira da Virgem ao mundo, porque
por ordem de Maria pregou penitência e oração ao povo;
pediu aos sacerdotes, que naquele lugar construísse um
Santuário; predisse a todos a glória, a santidade e os
futuros benefícios do mesmo lugar. Por fim vemos nela a
Testemunha da Verdade, porque a muitos contradizentes, com o
máximo candor de simplicidade, junto com suprema prudência
do mandamento confiado da Virgem, com admiração de todos os
eclesiásticos e de juízes seculares.
Todas
estas coisas levadas ao termo por divino impulso por uma
ignorante e inculta menina, Deus a leva longe para a solidão
de um convento, e quase desprezada pelo mundo, preparou-se
para coisas mais admiráveis, para que, pregada na cruz com
Cristo e com ele quase sepultada, atingisse profundamente na
humildade a vida interior sobrenatural e, um dia na luz da
santidade ressurgindo ao mundo, com este estábil testemunho
da santidade unisse nova glória ao Santuário de Lourdes. Por
isto, obedecendo ao chamamento de Deus, em julho de 1867 se
transferiu para Nevers, para iniciar a vida religiosa na
Casa-Mãe das Irmãs da Caridade e instrução cristã. Terminado
o noviciado no mesmo ano, fez os votos temporais e onze anos
depois os perpétuos.
Admiravelmente fulguraram nela as virtudes, mas sua alma
virgem foi principalmente adornada daquelas que mais
convinha à discípula predileta da Virgem Maria:
Humildade profunda, terníssima pureza e ardente caridade.
Provou-as e aumentou-as com as dores de uma longa
enfermidade e angústias de espírito que a atormentaram
suportando-as com suma paciência. Na mesma casa religiosa a
humildíssima virgem ficou até a morte, que depois de
recebidos os sacramentos da Igreja, invocando sua dulcíssima
Mãe Maria, descansou santamente a 16 de abril de 1879, no
trigésimo sexto ano de idade, e duodécimo de vida religiosa.
Tendo
ficado até este ponto como debaixo do alqueire da humildade,
com a morte tornou-se resplandecente a todo o mundo. No
pontificado de Pio X, em 1923, foi iniciado o processo de
sua beatificação. A 14 de julho de 1925 o Papa Pio XI lançou
o nome da serva de Deus nos fatos dos bem-aventurados. Em
contemplação aos grandes e inegáveis milagres, que Deus se
dignou operar por sua serva, a causa foi reassumida em junho
de 1926 e levada ao fim em 2 de julho de 1933.
"Os
acontecimentos que então se desenrolaram em Lourdes e cujas
proporções espirituais melhor medimos hoje, são-vos bem
conhecidos. Sabeis, caros filhos e veneráveis irmãos, em que
condições estupendas, apesar de zombarias, de dúvidas e de
oposições, a voz daquela menina, mensageira da Imaculada, se
impôs ao mundo. Sabeis a firmeza e a pureza do testemunho,
experimentado com sabedoria pela autoridade episcopal e por
ela sancionado desde 1862. Já as multidões haviam acorrido e
não têm cessado de precipitar-se para a gruta das aparições,
para a fonte milagrosa, para o santuário elevado a pedido de
Maria. É o comovente cortejo dos humildes, dos doentes e dos
aflitos; é a imponente peregrinação de milhares de fiéis de
uma diocese ou de uma nação; é a discreta diligência de uma
alma inquieta que busca a verdade... Dizíamos nós: "Jamais
num lugar da terra se viu semelhante cortejo de sofrimento,
jamais semelhante irradiação de paz, de serenidade e de
alegria!. E, poderíamos acrescentar, jamais se saberá a soma
de benefícios de que o mundo é devedor à Virgem auxiliadora!
"Ó gruta feliz, honrada pela presença da Mãe de Deus! Rocha
digna de veneração, da qual brotaram abundantes as águas
vivificadoras!" (...) Estes cem anos de culto mariano
teceram, ademais, entre a Sé de Pedro e o santuário
pirenaico laços estreitos, que nos apraz reconhecer.
A
própria virgem Maria não desejou essas aproximações? "O que
em Roma, pelo seu magistério infalível, o sumo pontífice
definia, a Virgem Imaculada Mãe de Deus, a bendita entre as
mulheres, quis, ao que parece, confïrmá-lo por sua boca,
quando pouco depois se manifestou por uma célebre aparição
na gruta de Massabielle". Certamente, a palavra infalível do
pontífice romano, intérprete autêntico da verdade revelada,
não necessitava de nenhuma confirmação celeste para se impor
à fé dos fiéis. Mas com que emoção e com que gratidão o povo
cristão e seus pastores não recolheram dos lábios de
Bernardete essa resposta vinda do céu: "Eu sou a Imaculada
Conceição"! "
(Trecho da Carta Encíclica do Papa Pio XI - durante o
centenário das aparições da SS. Virgem em Lourdes - 02 de
julho de 1957)
São
Carlos Sezze, Franciscano - 25 de setembro.
Nasceu
em 1620 no povo italiano de Sezze. Um dia um bando de aves
espantou os bois que Carlos dirigia quando estava arando, e
estes arremeteram contra ele com grave perigo de matá-lo.
Quando sentiu que ia perecer no acidente, prometeu a Deus
que se fosse salvo se tornaria religioso. E milagrosamente
ficou ileso. Pediu então a uns religiosos franciscanos que o
ajudassem a entrar em sua comunidade e eles o convidaram a
que fosse a Roma para que fale com o superior da
congregação. Assim o fez junto com três companheiros mais e
após ser provados com na humildade tratando-os com muita
dureza, o superior permitiu admiti-los.
Diante
do pedido de muitas pessoas que lhe pediam incessantemente
que redigisse algumas normas para orar melhor e crescer em
santidade, o santo publicou um folhetim lhe causando
diversas dificuldades pelo que quase é expulso de sua
comunidade. Humilhado se ajoelhou diante de um crucifixo
para lhe contar suas angústias, e ouviu que Nosso Senhor lhe
dizia:
"Ânimo, que estas coisas não lhe vão impedir de entrar no
paraíso".
A
petição mais freqüente do irmão Carlos a Deus era esta:
"Senhor, me acenda em amor a Ti". E tanto a repetiu que
um dia durante a elevação da Santa hóstia na Missa, sentiu
que um raio de luz saía da Sagrada Forma e chegava a seu
coração. Ao fim os superiores se convenceram de que este
singelo religioso era um verdadeiro homem de Deus e lhe
permitiram escrever sua autobiografia e publicar dois livros
mais, um a respeito da oração e outro a respeito da
meditação.
O Papa
João XXIII o declarou santo em 1959, porque sua vida é um
exemplo de que ainda nos ofícios mais humildes e em meio de
humilhações e incompreensões podemos chegar a um alto grau
de santidade e ganhar a glória do céu.
Santa
Catarina Labouré
- Íntima da Mãe de Deus.
Catarina Labouré - que disse que viu a Virgem Maria "em
carne e osso" e que teve o privilégio de se ajoelhar a Seus
pés e descansar no Seu regaço, favor que não foi concedido a
nenhum outro vidente - nasceu durante o repicar dos sinos do
Ângelus, no dia 2 de Maio de 1806. A mãe morreu-lhe quando
tinha só nove anos de idade. Viram-na então a abraçar a
estátua da Mãe de Deus, dizendo:
"Agora Vós sereis a minha Mãe!"
E
alimentava um desejo ardente de ver Nossa Senhora. Era esse
o pedido constante nas suas orações, e ela confiava
serenamente que se realizaria.
São
Vicente de Paulo visitou-a num sonho aos dezoito anos, e foi
aceite na sua comunidade em 22 Janeiro de 1830, com a idade
de vinte e três anos. Santa Catarina considerou as aparições
de um modo adequado: não como um favor pessoal (embora em
certo sentido o tenham sido), mas como uma bênção geral para
a humanidade. Considerou-se apenas como "um instrumento"
e pediu ao seu confessor que lhe prometesse que guardaria
sigilo da sua identidade, segredo que foi guardado durante
46 anos, mesmo das próprias religiosas da sua comunidade.
Catarina foi canonizada em 1947, e por ordem do Arcebispo,
seu corpo foi exumado. Verificou-se então que seu corpo
estava perfeitamente conservado, e até os olhos ficaram
intactos.
Depositaram-no em um caixão de cristal, que pode ser visto
na imagem acima.
Santa
Catarina também tinha o dom da profecia, e uma das suas
profecias, ainda não realizada, refere-se ao grande triunfo
de Nossa Senhora:
"Oh
que maravilha será ouvir 'Maria é a Rainha do universo.'
Será um tempo de paz, gozo e bênçãos que durará por um tempo
bastante longo".
Santa
Clara de Montefalco
Uma
santa italiana, Santa Clara de Montefalco, meditou
muito sobre o mistério da Santíssima Trindade. Depois de sua
morte achou-se no seu fígado três bolinhas iguais. Essas
bolinhas tinham esse particular que cada uma delas pesava
tanto quanto as três juntas. Que se pesasse uma, duas ou
três, era sempre o mesmo peso. Uma imagem impressionante da
Santíssima Trindade! Tome uma Pessoa divina: a natureza
divina está toda nela. Tome duas Pessoas divinas: ela está
toda nas duas. Tome todas as três, ela está toda nas três,
mas tanto nas três quanto em uma só, como a bolinha que não
pesava mais quando as três juntas ou quando uma só separada.
Isso
vem do fato que, diz Sto Anselmo, acrescentar Deus a Deus
nunca dá mais que um Deus, assim como somar a eternidade à
eternidade nunca dá mais que uma eternidade, como juntar uma
superfície a uma superfície sempre dá uma superfície. A
concepção da natureza divina pede que ela seja una e
indivisível; é assim impossível que ela seja multiplicada.
O
catecismo exprime essa verdade quando diz: O Pai é Deus, o
Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; não são três deuses,
mas um só Deus em três Pessoas.
São
Cura D'Ars
João
Maria Vianney ficou conhecido no mundo inteiro com o nome de
"Cura" (Vigário) d'Ars, um pequeno lugarejo da França, país
onde o santo nasceu em 1786. Morreu com 73 anos, em 1859.
Tomou-se modelo para todo cristão e um exemplo para todos os
párocos, vigários e sacerdotes. Sua festa litúrgica é
celebrada no dia 4 de agosto e, por isso, essa data é o "Dia
do Padre".
Desde
pequeno, Vianney queria ser padre. Todavia, seus problemas
eram enormes, porque era pobre e tinha grandes dificuldades
nos estudos. Quando conseguiu entrar no seminário, logo teve
de sair, pois não conseguia dar conta do Latim e de outras
matérias difíceis demais para ele, que era um simples
camponês.
Um
antigo Vigário, Pe. Balley, muito ajudou João Maria a chegar
ao sacerdócio. O bispo aceitou e finalmente João Maria pôde
ser ordenado. Ordenado sacerdote aos 29 anos, um de seus
primeiros trabalhos foi o de pároco numa pobre, esquecida e
pequena aldeia chamada Ars, ao norte da França.
Em Ars,
João Maria encontrou um povo sem religião. A igreja vivia
fechada. O pecado imperava ali. Começou, então, pelos
contatos carinhosos com seu povo, e ficava lá, na igreja,
sozinho, rezando. Já que não podia falar de Deus com o povo,
ficava lá falando do povo com Deus. Aos poucos, o povo de
Ars começou a rezar, a freqüentar a igreja e os sacramentos
da Eucaristia e da Confissão.
Padre
João Maria Vianney mudou a paróquia. De toda a França vinham
muitas pessoas para escutar suas pregações e para
confessar-se com ele. Ele passava 15, 16, 18 horas por dia
no confessionário.
Sem
milagres, sem curas, o santo "Cura d'Ars" atraia multidões
para a igreja daquele lugarejo. Permaneceu lá, como Vigário,
durante 40 anos.
São
Pio de Pietrelcina
15 mil
pessoas peregrinaram à San Giovanni Rotondo, sul da Itália,
para assistir à cerimônia que antecedeu a exibição dos
restos mortais do Padre Pio, um dos santos mais venerados do
país, canonizado em 2002 por João Paulo II. A iniciativa
assinala o 40º aniversário da morte do Santo. Na Celebração
Eucarística presidida pelo Cardeal José Saraiva Martins, os
presentes foram convidados a “adorar em silêncio o
mistério deste Santo”. O corpo, sepultado em setembro de
1968, quatro dias depois da sua morte, foi exumado em março
passado, no santuário de San Giovanni Rotondo, por uma
comissão médica, em bom estado de conservação, sem sinal dos
famosos estigmas, que apareceram em 1911 e desapareceram
pouco antes da sua morte.
Dom
José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas
dos Santos, disse que hoje se inaugurou “um período
particularmente intenso de peregrinação”, colocando em
evidência o significado da morte e das relíquias. “Somos
convidados a compreender que aquilo que se vê não é toda a
existência”, indicou.
São
Pio V - 30 de abril
O Papa
Pio V é venerado por ter unido a Europa, acabando com as
guerras internas para que todos se voltassem contra o
verdadeiro inimigo, os turcos, vencidos finalmente em 1571.
Mas é
preciso lembrar que ele implantou reformas essenciais também
dentro do cristianismo, acabando com o nepotismo na Igreja,
um mal que até hoje afeta as comunidades no âmbito político.
Também não se pode esquecer que defendeu o catolicismo com
corpo e alma, unhas e dentes, quando preciso, chegando a
excomungar a Rainha Elisabete I, da Inglaterra.
Miguel
Ghisleri nasceu em 1504, em Bosco Marengo, na província de
Alexandria e, aos quatorze anos já ingressara na congregação
dos dominicanos. Depois que se ordenou sacerdote, sua
carreira correu na Terra como um raio. Foi professor, prior
de convento, superior provincial, inquisidor em Como e
Bérgamo, bispo de Sutri e Nepi, depois cardeal, grande
inquisidor, bispo de Mondovi e, finalmente, papa, em 1566,
tomando o nome de Pio V.
Assim
que assumiu foi procurado em Roma por dezenas de parentes.
Não deu "emprego" a nenhum, afirmando ainda que um parente
do papa, se não estiver na miséria, "já está bastante rico".
Implantou ainda outras mudanças no campo pastoral, aprovadas
no Concílio de Trento: a obrigação de residência para os
bispos, a clausura dos religiosos, o celibato e a santidade
de vida dos sacerdotes, as visitas pastorais dos bispos, o
incremento das missões e a censura das publicações, para que
não contivessem material doutrinário não aprovado pela
Igreja. Depois de conseguir a união dos países católicos,
com a conseqüente vitória sobre os turcos invasores e de ter
decretado a excomunhão e deposição da própria rainha da
Inglaterra, o furacão se extinguiu. Papa Pio V morreu em
1572, sendo canonizado em 1712.
Sua
memória, antes homenageada em 5 de maio, com a reforma do
calendário litúrgico passou a ser festejada nesta data, 30
de abril.
Eusébio
de Roma
Nasceu
na ilha da Sardenha, no ano 283. Depois da morte do seu pai,
em testemunho da fé em Cristo, durante a perseguição do
imperador Diocleciano, sua mãe levou-o para completar os
estudos eclesiásticos em Roma. Assim, muito jovem, Eusébio
entrou para o clero, sendo ordenado sacerdote. Aos poucos,
foi ganhando a admiração do povo cristão e do papa Júlio I,
que o consagrou bispo da diocese de Vercelli em 345.
Nessa
condição, participou do Concílio de Milão em 355, no qual os
bispos adeptos da doutrina ariana tentaram forçá-lo a votar
pela condenação do bispo de Alexandria, santo Atanásio.
Eusébio, além de discordar do arianismo considerou a votação
uma covardia, pois Atanásio, sempre um fiel guardião
da verdadeira doutrina católica, estava ausente e não podia
defender-se. Como ficou contra a condenação, ele e outros
bispos foram condenados ao exílio na Palestina.
Porém
isso não o livrou da perseguição dos hereges arianos, que
infestavam a cidade. Ao contrário, sofreu muito nas mãos
deles. Como não mudava de posição e enfrentava os desafetos
com resignação e humildade, acabou preso, tendo sido cortada
qualquer forma de comunicação sua com os demais católicos.
Na prisão, sofreu ainda vários castigos físicos. Contam os
escritos que passou, também, por um terrível suplício
psicológico.
Quando
o povo cristão tomou conhecimento do fato, ergueu-se a seu
favor. Foram tantos e tão veementes os protestos que os
hereges permitiram sua libertação. Contudo o exílio
continuou e ele foi mandado para a Capadócia, na Turquia e,
de lá, para o deserto de Tebaida, no Egito, onde foi
obrigado a permanecer até a morte do então imperador
Constantino, a quem sucedeu Juliano, o Apóstata, que deu a
liberdade a todos os bispos presos e permitiu que retomassem
as suas dioceses.
Depois
do exílio de seis anos, Eusébio foi o primeiro a participar
do Concílio de Alexandria, organizado pelo amigo, santo
Atanásio. Só então passou a evangelizar, dirigindo-se,
primeiro, a Antioquia e, depois, à Ilíria, onde os arianos,
com sua doutrina, continuavam confundindo o povo católico.
Batalhou muito combatendo todos eles.
Mais
tarde, foi para a Itália, sendo recepcionado com verdadeira
aclamação popular. Em seguida, na companhia de santo
Hilário, bispo de Poitiers, iniciou um exaustivo trabalho
pela unificação da Igreja católica na Gália, atual França.
Somente quando os objetivos estavam em vias de serem
alcançados é que ele voltou à sua diocese em Vercelli, onde
faleceu no dia 1o. de agosto de 371.
Apesar
de ser considerado mártir pela Igreja, na verdade santo
Eusébio de Vercelli não morreu em testemunho da fé, como
havia ocorrido com seu pai. Mas foram tantos os seus
sofrimentos no trabalho de difusão e defesa do cristianismo,
passando por exílios e torturas, que recebeu esse título da
Igreja, cujo mérito jamais foi contestado. Com a reforma do
calendário litúrgico de Roma, de 1969, sua festa foi marcada
para o dia 2 de agosto. Nesta data, as suas relíquias são
veneradas na catedral de Vercelli, onde foram sepultadas e
permanecem até os nossos dias.
São
João Bosco
Figura
ímpar nos anais da santidade no século XIX, D. Bosco foi
escritor, pregador e fundador de duas congregações
religiosas, tendo sobretudo exercido admirável apostolado
junto à juventude, numa época de grandes transformações.
Dotado de discernimento dos espíritos, do dom da profecia e
dos milagres, era admirado pelos personagens mais conhecidos
da Europa no seu tempo.
Papa
João XXIII
Nasceu
no dia 25 de Novembro de 1881 em Sotto il Monte, diocese e
província de Bérgamo (Itália), e nesse mesmo dia foi
baptizado com o nome de Ângelo Giuseppe; foi o quarto de
treze irmãos, nascidos numa família de camponeses e de tipo
patriarcal. Ao seu tio Xavier, ele mesmo atribuirá a sua
primeira e fundamental formação religiosa. O clima religioso
da família e a fervorosa vida paroquial foram a primeira
escola de vida cristã, que marcou a sua fisionomia
espiritual.
Ingressou no Seminário de Bérgamo, onde estudou até ao
segundo ano de teologia. Ali começou a redigir os seus
escritos espirituais, que depois foram recolhidos no "Diário
da alma". No dia 1 de Março de 1896, o seu diretor
espiritual admitiu-o na ordem franciscana secular, cuja
regra professou a 23 de Maio de 1897.
De
1901 a 1905 foi aluno do Pontifício Seminário Romano, graças
a uma bolsa de estudos da diocese de Bérgamo. Neste tempo
prestou, além disso, um ano de serviço militar. Recebeu a
Ordenação sacerdotal a 10 de Agosto de 1904, em Roma, e no
ano seguinte foi nomeado secretário do novo Bispo de Bérgamo,
D. Giacomo Maria R. Tedeschi, acompanhando-o nas várias
visitas pastorais e colaborando em múltiplas iniciativas
apostólicas: sínodo, redação do boletim diocesano,
peregrinações, obras sociais. Às vezes era também professor
de história eclesiástica, patrologia e apologética. Foi
também Assistente da Ação Católica Feminina, colaborador no
diário católico de Bérgamo e pregador muito solicitado, pela
sua eloqüência elegante, profunda e eficaz.
Naqueles anos aprofundou-se no estudo de três grandes
pastores: São Carlos Borromeu (de quem publicou as Actas das
visitas realizadas na diocese de Bérgamo em 1575), São
Francisco de Sales e o então Beato Gregório Barbarigo. Após
a morte de D. Giacomo Tedeschi, em 1914, o Pade Roncalli
prosseguiu o seu ministério sacerdotal dedicado ao
magistério no Seminário e ao apostolado, sobretudo entre os
membros das associações católicas.
Em
1915, quando a Itália entrou em guerra, foi chamado como
sargento sanitário e nomeado capelão militar dos soldados
feridos que regressavam da linha de combate. No fim da
guerra abriu a "Casa do estudante" e trabalhou na pastoral
dos jovens estudantes. Em 1919 foi nomeado diretor
espiritual do Seminário.
Em
1921 teve início a segunda parte da sua vida, dedicada ao
serviço da Santa Igreja. Tendo sido chamado a Roma por Bento
XV como presidente nacional do Conselho das Obras
Pontifícias para a Propagação da Fé, percorreu muitas
dioceses da Itália organizando círculos missionários.
Em
1925, Pio XI nomeou-o Visitador Apostólico para a Bulgária e
elevou-o à dignidade episcopal da Sede titular de Areopolis.
Tendo
recebido a Ordenação episcopal a 19 de Março de 1925, em
Roma, iniciou o seu ministério na Bulgária, onde permaneceu
até 1935. Visitou as comunidades católicas e cultivou
relações respeitosas com as demais comunidades cristãs.
Atuou com grande solicitude e caridade, aliviando os
sofrimentos causados pelo terremoto de 1928. Suportou em
silêncio as incompreensões e dificuldades de um ministério
marcado pela táctica pastoral de pequenos passos. Consolidou
a sua confiança em Jesus crucificado e a sua entrega a Ele.
Em
1935 foi nomeado Delegado Apostólico na Turquia e Grécia:
era um vasto campo de trabalho. A Igreja tinha uma presença
ativa em muitos âmbitos da jovem república, que se estava a
renovar e a organizar. Mons. Roncalli trabalhou com
intensidade ao serviço dos católicos e destacou-se pela sua
maneira de dialogar e pelo trato respeitoso com os ortodoxos
e os muçulmanos. Quando irrompeu a segunda guerra mundial
ele encontrava-se na Grécia, que ficou devastada pelos
combates. Procurou dar notícias sobre os prisioneiros de
guerra e salvou muitos judeus com a "permissão de trânsito"
fornecida pela Delegação Apostólica. Em 1944 Pio XII
nomeou-o Núncio Apostólico em Paris.
Durante os últimos meses do conflito mundial, e uma vez
restabelecida a paz, ajudou os prisioneiros de guerra e
trabalhou pela normalização da vida eclesial na França.
Visitou os grandes santuários franceses e participou nas
festas populares e nas manifestações religiosas mais
significativas. Foi um observador atento, prudente e repleto
de confiança nas novas iniciativas pastorais do episcopado e
do clero na França. Distinguiu-se sempre pela busca da
simplicidade evangélica, inclusive nos assuntos diplomáticos
mais complexos. Procurou agir sempre como sacerdote em todas
as situações, animado por uma piedade sincera, que se
transformava todos os dias em prolongado tempo a orar e a
meditar.
Em
1953 foi criado Cardeal e enviado a Veneza como Patriarca,
realizando ali um pastoreio sábio e empreendedor e
dedicando-se totalmente ao cuidado das almas, seguindo o
exemplo dos seus santos predecessores: São Lourenço
Giustiniani, primeiro Patriarca de Veneza, e São Pio X.
Depois
da morte de Pio XII, foi eleito Sumo Pontífice a 28 de
Outubro de 1958 e assumiu o nome de João XXIII. O seu
pontificado, que durou menos de cinco anos, apresentou-o ao
mundo como uma autêntica imagem de bom Pastor. Manso e
atento, empreendedor e corajoso, simples e cordial, praticou
cristãmente as obras de misericórdia corporais e
espirituais, visitando os encarcerados e os doentes,
recebendo homens de todas as nações e crenças e cultivando
um extraordinário sentimento de paternidade para com todos.
O seu magistério foi muito apreciado, sobretudo com as
Encíclicas "Pacem in terris" e "Mater et magistra".
Convocou o Sínodo romano, instituiu uma Comissão para a
revisão do Código de Direito Canônico e convocou o Concílio
Ecumênico Vaticano II. Visitou muitas paróquias da Diocese
de Roma, sobretudo as dos bairros mais novos. O povo viu
nele um reflexo da bondade de Deus e chamou-o "o Papa da
bondade". Sustentava-o um profundo espírito de oração, e a
sua pessoa, iniciadora duma grande renovação na Igreja,
irradiava a paz própria de quem confia sempre no Senhor.
Faleceu na tarde do dia 3 de Junho de 1963.
Luís
Orione
Nasceu
em Pontecurone, um pequeno município na Diocese de Tortona,
no Norte da Itália, no dia 23 de junho de 1872. Aos treze
anos foi recebido como Aspirante num Convento Franciscano em
Voghera, uma cidade próxima na Região de Pavia; saiu um ano
depois devido a doença. De 1886 a 1889 foi aluno de Dom
Bosco no Oratório Salesiano de Valdocco em Turim.
No dia
16 de outubro de 1889 entrou no Seminário Diocesano de
Tortona. Ainda jovem seminarista se dedicava a obras de
solidariedade para com os necessitados, participando da
«Sociedade de Socorro Mútuo São Marciano» e das Conferências
Vicentinas. No dia três de Julho de 1892 abriu seu primeiro
Oratório, um centro de educação cristã e de recreação para
os meninos pobres. No ano seguinte, no dia 15 de Outubro de
1893, Orione um seminarista de 21 anos, fundou no Bairro de
São Bernardino um Colégio, com escola em regime de
internato, para rapazes de famílias pobres.
No dia
13 de abril de 1895, Luís Orione foi ordenado sacerdote e,
no mesmo dia, o bispo deu a batina a seis alunos do Colégio
com vocação sacerdotal. Numa seqüência rápida, o Pe. Luís
Orione abriu novas fundações em Mornico Losana na Região de
Pavia, em Noto na Sicília, em Sanremo e em Roma.
Ligados a Dom Orione se uniram Seminaristas e Padres que
formaram o primeiro núcleo de uma nova Família Religiosa a
«Pequena Obra da Divina Providência». Em 1899 Dom Orione deu
início a mais um Ramo da nova Congregação: os «Eremitas da
Divina Providência». O Bispo de Tortona, Dom Igino Bandi,
com Decreto datado de 21 de Março de 1903, deu aprovação
canônica aos «Filhos da Divina Providência», Congregação
Religiosa de Padres, Irmãos e Eremitas da Família da Pequena
Obra da Divina Providência. A Congregação e toda a Família
Religiosa se propunha «trabalhar para levar os pequenos os
pobres e o povo à Igreja e ao Papa, mediante obras de
caridade», desejando consagrar-se com um IV Voto «de
especial fidelidade ao Papa». Já nas Primeiras Constituições
de 1904 constava também o propósito de «trabalhar pela união
das Igrejas Separadas».
Animado por uma grande paixão pela Igreja e pelas Almas, Dom
Orione se envolveu ativamente nos problemas emergente da
época: a luta pela liberdade e a unidade da Igreja, a
questão romana, o modernismo, o socialismo, a evangelização
das massas operárias. Dom Orione teve atuação heróica no
socorro às vítimas dos terremotos de Reggio e Messina (1908)
e da Marsica (1915). Por decisão do Papa São Pio X, foi
nomeado Vigário Geral da Diocese de Messina por 3 anos.
Vinte
anos depois da fundação dos Filhos da Divina Providência, em
29 de junho de 1915, surgiu como novo ramo a Congregação das
«Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade», Religiosas
movidas pelo mesmo carisma fundacional. Ao novo ramo se
associaram as «Irmãs Sacramentinas Adoradoras não videntes»
e algum tempo depois as «Contemplativas de Jesus
Crucificado».
O Pe.
Luís Orione se empenhou em organizar grupos Leigos: as
«Damas da Divina Providência», os «Ex-Alunos» e os «Amigos».
Nos anos seguintes, outros grupos foram constituídos como o
«Instituto Secular Orionita - ISO» e o amplo leque de
Associações do «Movimento Laical Orionita - MLO».
Depois
da primeira Grande Guerra (1914-1918) multiplicaram-se as
escolas, colégios, colônias agrícolas, obras caritativas e
sociais. Entre as muita obras, as mais características foram
os «Pequenos Cotolengos», instituições destinadas aos mais
sofredores e abandonados, localizadas nas periferias das
grandes cidades, para serem «novos púlpitos» a anunciarem
Jesus Cristo e sua Igreja e para serem «faróis de fé e de
civilização».
O zelo
missionário de Dom Orione cedo se manifestou com o envio de
Missionários ao Brasil em 1913 e, em seguida à Argentina e
ao Uruguai (1921), à Palestina (1921), à Polônia (1923), a
Rodes (1925), aos Estados Unidos (1934), á Inglaterra (1935)
e à Albânia (1936). Dom Orione esteve pessoalmente como
missionário, duas vezes, na América Latina: em 1921 e nos
anos de 1934 a 1937, no Brasil, na Argentina e no Uruguai,
tendo chegado até ao Chile.
Recebeu grandes demonstrações de estima de Papas e de
Autoridades que lhe confiaram missões importantes e
delicadas, para sanar feridas profundas no seio da Igreja e
da Sociedade e em difíceis situações de relacionamentos
entre a Igreja e a Sociedade civil. Foi Dom Orione pregador
popular, confessor e organizador de peregrinações, de
missões populares e de presépios vivos. Grande devoto de
Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana
e ergueu santuários, entre os quais o de Nossa Senhora da
Guarda em Tortona e o de Nossa Senhora de Caravaggio; na
construção desses santuários será sempre lembrada a
iniciativa de Dom Orione de colocar seus clérigos no
trabalho braçal ao lado dos mais operários civis.
Em
1940, Dom Orione atacado por graves doenças de coração e das
vias respiratórias foi enviado e praticamente forçado pelos
médicos e confrades a se retirar para Sanremo; foi para lá
protestando: «não é entre as palmeiras que eu quero viver e
morrer, mas no meio dos pobres que são Jesus Cristo». E ali,
três dias depois de ter chegado, morreu no dia 12 de Março,
sussurrando suas últimas palavras: «Jesus! Jesus! estou
indo».
O
corpo foi sepultado devotamente na cripta do Santuário da
Guarda e encontrado incólume vinte e cinco anos depois, em
1965. No dia 26 de Outubro de 1980, João Paulo II declarou
Dom Orione bem-aventurado.
Margarida
Maria Lópes de Maturana (1884-1934)
Nasceu
em Bilbao, a 25 de Junho de 1884. A sua vida foi a resposta
devota e generosa à chamada de Deus. O dom total da sua vida
a Deus nasceu de um amor pessoal, profundo e generoso por
Jesus Cristo, por quem se apaixonou e a quem queria seguir e
fazer conhecer. Entrou no Mosteiro de clausura das Mercês de
Bérriz, onde experimentou uma vida de oração na intimidade
com Ele.
Após
alguns anos abriu as portas do Mosteiro fechadas durante
quatro séculos de clausura a fim de que pudessem sair as
primeiras monjas Mercedárias Missionárias destinadas a
fundar no Extremo Oriente. Tinha início a sua grande obra: o
Mosteiro promoveu uma obra missionária entusiasta que, em
breve, deu origem ao Instituto das Mercedárias Missionárias
de Bérriz.
A 19
de Setembro de 1926 partiu o primeiro grupo de missionárias
de Bérriz para a missão de Wuhu (China). Tinha iniciado o
"êxodo" missionário daquelas mulheres contemplativas,
apoiadas e animadas, em todos os momentos, pelo
encorajamento de Margarita, então ex-Superiora do Mosteiro.
Em seguida, outras missionárias partiram para Tóquio, Saipan
(Ilhas Marianas), e Panapé (Ilhas Carolinas). Ela cuidou com
grande dedicação da formação das religiosas do Mosteiro para
aquele novo serviço e para o testemunho missionário, para o
qual o Senhor as tinha chamado. Em pouco tempo o Instituto
das Mercedárias Missionárias de Bérriz foi aprovado e
abençoado pela Igreja (Janeiro de 1930).
Na
plenitude dos seus cinqüenta anos, após uma dolorosa
enfermidade, que contudo não a distanciou das suas
responsabilidades na guia do novo Instituto e nem da sua
vida de amor e de dedicação missionária, Margarita foi
chamada definitivamente por Deus. Deixou este mundo no dia
23 de Julho de 1934.
Atualmente o Instituto das Mercedárias Missionárias de
Bérriz está presente em cinco continentes. As suas
comunidades dedicam-se com entusiasmo à tarefa da redenção
libertadora dos mais carentes, desejosas de manter com
fidelidade a atitude missionária e profundamente
humanizadora de Margarita. Conservam com afeto a sua
herança: ser mulheres abertas à vida que seguem as pegadas
de Jesus e o seu estilo de vida.
Santa
Rita de Cássia - 22 de maio
A
santa das causas impossíveis
Santa
Rita de Cássia ou Santa dos Impossíveis, como é geralmente
conhecida a grande advogada dos aflitos, nasceu em Rocca
Porena, perto de Cássia (Itália), em 22 de Maio de 1381,
tendo por pais Antônio Mancini e Amada Ferri. O nascimento
da Santa foi precedido por sinais maravilhosos e visões
celestiais que fizeram seus pais perceberem algo da futura e
providencial missão de Rita, que seria colocada no mundo
para instrumento da misericórdia de Deus em favor da
humanidade sofredora.
Desde
jovem, Rita tinha intenção de ser religiosa, mas seus pais,
temendo que ela ficasse sozinha, resolveram casá-la com um
jovem de família nobre, mas de temperamento excessivamente
violento. Ela suportou pacientemente tal situação por 18
anos. Como ele tinha muitos inimigos, foi assassinado. A
viúva suportou a dolorosa perda, perdoando os assassinos.
Porém, crescia em seus filhos o desejo de vingança. Rita
pediu que Deus os levasse, pois seria melhor que outra
tragédia. Assim, perdeu os filhos. Rita estava livre para
dedicar-se a Deus e pediu para entrar no Convento das
religiosas Agostinianas da cidade. Mas naquela comunidade só
podiam entrar virgens. Então, ela transformou sua casa num
claustro, onde rezava as orações habituais das religiosas.
Uma
noite, enquanto rezava, ouviu três batidas violentas em sua
porta e uma voz lá de fora dizia: "Rita! Rita!". Abriu a
porta e viu em sua frente três Santos, que rapidamente a
levaram ao Convento onde havia sido negada três vezes. Os
mensageiros fizeram-na entrar, apesar das portas estarem
fechadas, e deixaram Rita de Cássia em um dos claustros.
Depois desapareceram. A superiora ficou fascinada com essa
manifestação Divina. As religiosas decidiram por unanimidade
que a viúva fosse recebida. Admitida noviça Rita começou a
trabalhar para realizar seus desejos. Consagrou-se à
oração e penitência, seu corpo foi seguidamente flagelado.
Passava os dias a pão e água e noites sob vigília e oração.
Certo
dia pediu com extraordinário fervor que um estigma de Jesus
aparecesse para sentir a dor da redenção. Em uma visão, Rita
recebeu um espinho cravado em sua testa. A chaga ficou por
toda a vida e ainda pode-se vê-la em sua cabeça conservada
intacta com o resto do corpo. Um dia uma parente foi
visitá-la, ela agradeceu a visita e ao se despedir pediu que
lhe trouxesse algumas rosas do jardim. Como era inverno e
não tinha rosas, pensaram que Rita estava delirando e sua
visitante não ligou para seu pedido. Como para voltar para
casa teria que passar pelo jardim olhou e se surpreendeu ao
contemplar quatro lindas rosas que se abriram entre os ramos
secos. Admirada do prodígio, entrou no jardim, colheu as
flores e as levou ao Convento de Cássia. Nesta época, Rita
estava muito doente e morreu em 22 de Maio de 1547. No dia
seguinte, seu corpo foi colocado na Igreja do Convento.
Todos os habitantes da cidade foram venerar a religiosa.
Santificação e corpo intacto
No
século XVII foi beatificada e em 24 de Maio de 1900,
canonizada. O corpo de Santa Rita de Cássia continua
conservado intacto até hoje. Qualquer pessoa pode
contempla-la na Igreja do Convento de Cássia, dentro de um
relicário de cristal. Depois de tantos anos, seus membros
ainda têm flexibilidade e pela expressão do rosto, parece
estar dormindo.
Santa
Luzia - 13 de dezembro
A
Santa Luzia lhe representou freqüentemente com dois olhos,
porque segundo uma antiga tradição, a Santa teriam arrancado
os olhos por proclamar firmemente sua fé.
Nasceu
e morreu em Siracusa, cidade da Itália, e graças a suas
múltiplas virtudes entre as que se destaca a simplicidade, a
humildade e a honradez, ao Papa São Gregório no século VI
pôs seu nome a dois conventos femininos que ele fundou.
Segundo a tradição, quando a Santa era muito menina fez a
Deus o voto de permanecer sempre pura e virgem, mas quando
chegou à juventude quis sua mãe (que era viúva), casá-la com
um jovem pagão. Luzia finalmente obteve a permissão de não
se casar, mas o jovem pretendente, rechaçado, dispôs como
vingança acusá-la diante do governador de que a Santa era
cristã, religião que estava totalmente proibida nesses
tempos de perseguição. Santa Luzia foi chamada a julgamento;
foi atormentada para obrigá-la a adorar a deuses pagãos, mas
ela se manteve firme em sua fé, para em seguida ser
decapitada.
Santa
Verônica Giuliani - 9 de Julho
Neste
dia, celebramos Santa Verônica Giuliani, cujo nome de
batismo era Úrsula Giuliani, que nasceu em Merccatello,
perto de Urbino, no ano de 1660. Era a sétima filha do casal
Francisco e Benedita Giuliani. Verônica ou Úrsula entrou
para as irmãs clarissas aos dezessete anos de idade, na
cidade de Castelo. No ano de 1697, lemos em seu diário - na
sexta-feira santa, de madrugada, eu estava em oração...
"Deus
fez penetrar em minha alma a graça ao dar-me os sinais e as
dores que o Verbo Divino havia sofrido pela minha redenção.
Sentia em meu coração uma dor mortal".
Assim
descreve a recepção dos estigmas:
"Eu vi
sair de suas santas chagas cinco raios resplandecentes, e
todos vieram perto de mim... Em quatro estavam os pregos, e
no outro estava a lança, como de ouro, toda candente e me
passou o coração de fora a fora".
Quando
vi estes estigmas exteriores - confia Santa Verônica ao seu
diário -
"chorei muito e roguei ao Senhor que se dignasse escondê-los
aos olhos de todos ".
Seu
desejo foi ouvido, vivendo em reclusão total por toda a
vida.
Após a
sua morte, ocorrida na cidade de Castelo no ano de 1727,
numa sexta-feira, após 33 dias de doença, sobre seu corpo,
que mostrava ainda as feridas da paixão, foi feita a
autópsia e os médicos reconheceram que o coração realmente
estava transpassado de fora a fora. Mas as finas páginas de
seu diário, escritas durante mais de trinta anos e
publicadas, formaram 44 volumes, enriqueceu a nossa
literatura.
São
Vicente de Paulo
UM OLHAR SOBRE O POBRE - Um pobre para os pobres
"Vicente de Paulo nasceu em 1581 no povoado de Pouy, França.
Já em criança, conviveu com os pobres e experimentou as
condições de sua vida. Em 1600, ordenou-se sacerdote. Muito
embora por algum tempo tenha procurado fugir da pobreza de
sua origem, contudo, com a orientação de diretores
espirituais, sentiu em si a urgência de buscar com empenho
uma santidade mais profunda. Foi então levado pela Divina
Providência, através dos acontecimentos de sua vida, a
assumir o firme propósito de se dedicar à salvação dos
pobres.
Percebeu a grave urgência da evangelização dos pobres,
quando exercia seu ministério em Gannes e, a 25 de Janeiro
de 1617, em Folleville. Aqui se situa, conforme seu próprio
testemunho, a origem tanto da sua vocação como da missão.
Finalmente, em Agosto do mesmo ano, ao instituir, em
Châtillon-les-Dombes, as "Caridades" para socorro dos
enfermos carentes de todo cuidado, verificou e manifestou a
íntima conexão existente entre a evangelização e o serviço
dos pobres.
Evangelização e caridade
Foi na
contemplação e no serviço de Cristo na pessoa dos pobres que
sua experiência espiritual tomou forma gradativamente. Além
disso, a visão de Cristo, enviado pelo Pai para evangelizar
os pobres, tornou-se o centro tanto de sua vida como de seu
trabalho apostólico.
Com a
atenção voltada para as interpelações da sociedade e do seu
mundo, Vicente aprendeu a interpretá-las à luz de um amor
cada vez mais intenso a Deus e aos pobres, oprimidos sob o
peso de todo tipo de calamidades. Desse modo, sentiu-se
chamado a ir em socorro de toda espécie de misérias.
Entre
diversas atividades, dedicou especial cuidado à Missão. Com
efeito, para atender à evangelização dos camponeses, Vicente
associou a si, por contrato passado a 17 de abril de 1625,
seus primeiros companheiros, e estes, a 4 de setembro de
1626, assinaram um Ato de Associação, obrigando-se a formar
uma Congregação, na qual, vivendo em comum, se dedicariam à
salvação dos pobres camponeses.
Formação do clero
Enquanto se aplicavam à evangelização dos pobres, Vicente e
seus companheiros chegaram à convicção de que os frutos da
missão só poderiam perdurar entre o povo, se fossem tomadas
providências para a formação dos sacerdotes. Iniciaram esta
obra em 1628, na cidade de Beauvais, pregando, a instâncias
do Bispo, retiros espirituais aos clérigos que se preparavam
para as Ordens. Desse modo, estavam convictos de prover a
Igreja de bons pastores.
Mobilizador de vontades
Para
ir ao encontro das mais variadas necessidades, São Vicente
reuniu em torno de si o maior número possível de pessoas,
ricos e pobres, humildes e poderosos, empregou todos os
meios para incutir-lhes o sentido do pobre como imagem
privilegiada de Cristo, impelindo-os afinal a amparar direta
ou indiretamente os pobres. A Comunidade das Filhas da
Caridade, as Associações de Caridade, por ele fundadas, e
outras delas derivadas seguiram esse voluntário e generoso
devotamento e o assumiram como seu. O mesmo fizeram, até
nossos dias, pessoas isoladas que conceberam o propósito de
adotar esse espírito.
Missões ad gentes
Seu
zelo para com os pobres tomou novo incremento com a
iniciativa das Missões ad Gentes, ao enviar seus primeiros
coirmãos à Ilha de Madagáscar, em 1648. Enquanto crescia
como Instituto, a Congregação definiu paulatinamente sua
vocação, organização e vida fraterna. Afirmou cuidadosamente
sua índole secular, embora seus membros firmassem sua
estabilidade nela por um voto peculiar e pela prática da
pobreza, castidade e obediência. Ainda em nossos dias, estas
mesmas notas constituem o patrimônio da Congregação da
Missão"
Santa
Zita - 27 de Abril
Santa
Zita, nasceu no ano 1218, em Monsagrati, numa aldeia próximo
a Lucca, na Itália. Filha de camponeses tementes a Deus. Sua
mãe, apesar de ser uma mulher muito sofrida e totalmente
analfabeta, fazia questão que Zita estudasse e para isso a
incentivava dizendo que Deus teria muito orgulho dela se
pusese afinco em seu estudo.
Era
uma criança muito carinhosa e cada segundo livre que tinha
corria para um canto isolado para rezar. Foi-lhe confiado o
encargo de distribuir as esmolas cada sexta-feira. E dá seu
pouco, da sua comida, das suas roupas, daquilo que possuía.
Como
era muito pobre, foi trabalhar como domestica aos 12 anos de
idade na casa de uma rica família. Perguntava-se sempre:
"Isto
agrada ao Senhor"? ou " Isto desagrada a Jesus"?
Seu
nome era Fatinelli e ele morava ao lado da Igreja local.
Para Zita seu emprego era um presente divino e ela agradecia
a Deus todos os dias orando logo pela manhã, quando todos da
casa ainda dormiam. Também aproveitava as manhãs para ir à
missa e retornava apressada para servir aos seus amos sempre
de forma discreta e muito amável.
Dizem
que um dia foi surpreendida enquanto socorria os
necessitados. Mas no seu avental o que era alimento se
converteu em flores. Foi domestica por 60 anos. Morreu no
dia 27 de abril de 1278, tendo toda a família Fatinelli a
quem serviu toda a vida ajoelhada a seus pés.
Foi
proclamada padroeira das empregadas domésticas do mundo
inteiro pelo papa Pio XII.
Maria
Cândida da Eucaristia (1884-1949)
Nasceu
no dia 16 de Janeiro de 1884, em Catanzaro (Itália), cidade
para onde a família, originária de Palermo, se transferiu
por um breve período de tempo devido ao trabalho do pai,
Pedro Barba, que era Conselheiro do Tribunal de 1ª
Instância; foi batizada com o nome de Maria Barba.
Quando
a menina completou dois anos, a família retornou para a
capital siciliana e ali Maria viveu a sua juventude. Aos
quinze anos manifestou a sua vocação religiosa à qual seus
pais, apesar de serem profundamente crentes, se opuseram com
determinação. De fato, Maria teve que esperar quase vinte
anos para poder realizar a sua aspiração, demonstrando,
nestes anos de expectativa e de sofrimento interior, uma
força de ânimo surpreendente e uma fidelidade incomum.
Depois da morte de sua mãe, seguindo o conselho do Cardeal
Alessandro Lualdi, entrou finalmente no Mosteiro das
Carmelitas Descalças de Ragusa, a 25 de Setembro de 1919,
que tinha surgido havia pouco tempo e era muito pobre. Maria
Barba, sempre estimulada por uma devoção especial ao
mistério eucarístico, no qual ela via o mistério da presença
sacramental de Deus no mundo, e a concretização do seu amor
infinito pelos homens, motivo da nossa confiança plena nas
suas promessas, constrói alguns anos mais tarde um novo
mosteiro, que ainda hoje existe.
O amor
pela Eucaristia manifestou-se nela desde a primeira infância
quando, com 10 anos, foi admitida à Primeira Comunhão e a
sua maior alegria era poder comungar. Desde então, privar-se
da Santa Comunhão tornou-se para ela
"uma cruz pesada e angustiante".
Entrou
no Carmelo a 16 de Abril de 1920, onde assumiu o nome, em
certos aspectos profético, de Maria Cândida da Eucaristia.
Em 17 de Abril de 1921 pronunciou a profissão simples e a
solene no dia 23 de Abril de 1924. Quis "fazer companhia a
Jesus no seu estado de Eucaristia quanto mais fosse
possível". Prolongava as suas horas de adoração e,
sobretudo, das 23 às 24 horas de cada quinta-feira,
prostava-se diante do Tabernáculo em adoração. A Eucaristia
polarizava verdadeiramente toda a sua vida espiritual, não
tanto pelas manifestações devocionais, quanto pela
incidência vital da relação da sua alma com Deus.
Seis
meses depois da profissão solene, em 10 de Novembro de 1924
foi nomeada pela primeira vez Priora do seu Mosteiro: um
cargo que aceitou e uma responsabilidade que desempenhou em
sinal de obediência a Deus, com dedicação total e grande
seriedade. Durante os três primeiros anos como Priora,
revestiu também o cargo de Mestra das noviças.
Maria
Cândida consagrou-se a Deus no dia 1 de Novembro de 1927.
Desenvolveu plenamente o que ela mesma definia como a sua
"vocação pela Eucaristia",
ajudada pela espiritualidade carmelita, na qual se apoiou
depois da leitura de "História de uma
Alma". São muito conhecidas as páginas em que Santa
Teresa do Menino Jesus descreve a sua especialíssima devoção
à Eucaristia e como na Eucaristia a Santa Fundadora
experimentasse o mistério fecundo da Humanidade de Cristo.
Durante os anos em que guiou o seu Mosteiro, de 1924 a 1947,
infundiu na sua comunidade um profundo amor pela Regra de
Santa Teresa do Menino Jesus e contribuiu de modo directo
para a expansão do Carmelo Teresiano na Sicília, fundação de
Siracusa, e para a reinstituição do ramo masculino da Ordem.
A
partir da solenidade do Corpus Domini de 1933, Maria Cândida
iniciou a escrever a sua pequena "obra-prima" de
espiritualidade eucarística,
"A
Eucaristia, verdadeira alegria de espiritualidade vivida".
O
Senhor chamou-a a si, depois de alguns meses de sofrimentos
físicos atrozes, no dia 12 de Junho de 1949, na Solenidade
da Santíssima Trindade.
S.
Pedro Julião Eymard - 2 Agosto
Nota
História
Nasceu
na cidade La Mure (França), no ano de 1811. Depois de ter
sido ordenado sacerdote e se ter dedicado durante alguns
anos à actividade apostólica, entrou na Sociedade de Maria.
Exímio apóstolo do mistério eucarístico, fundou congregações
de religiosos e de religiosas, para se consagrarem ao culto
eucarístico, e tomou muitas e excelentes iniciativas entre
as pessoas de todas as condições para promover o amor para
com a santa Eucaristia. Morreu no primeiro dia de Agosto de
1868, na sua cidade natal.
ORAÇÃO
Deus
de infinita bondade, que inspirastes a São Pedro Julião uma
devoção admirável aos santos mistérios do Corpo e Sangue do
vosso Filho, concedei-nos que, seguindo o seu exemplo,
possamos saborear dignamente a suavidade deste banquete
sagrado. Por Nosso Senhor. Liturgia das horas Dos escritos
de São Pedro Julião, presbítero (La présence réelle, vol. I,
Paris 1950, pp. 270-271 e 307-308)
A
Eucaristia, sacramento da vida
A
Eucaristia é a vida de todos os povos. A Eucaristia é para
todos a fonte da vida. Todos se podem reunir na Igreja, sem
impedimento algum, quer de raça quer de língua, para
celebrar a festa sacrossanta. A Eucaristia dá-lhes a lei da
vida, ou melhor, da caridade, de que este sacramento é a
fonte. Deste modo ela estabelece entre eles um vínculo
comum, uma certa familiaridade cristã. Todos comem o mesmo
pão, todos são comensais de Jesus Cristo, que estabelece
sobrenaturalmente entre eles uma certa concórdia de hábitos
fraternos. Lede os Atos dos Apóstolos. Eles afirmam que a
multidão dos cristãos, quer dos judeus convertidos quer dos
pagãos batizados, provenientes de diversas regiões, tinham
um só coração e uma só alma. Porquê? Porque eram assíduos a
escutar a doutrina dos Apóstolos e perseveravam na fração do
pão.
A
Eucaristia é também a vida da alma e da sociedade humana,
como o sol é a vida dos corpos e da face da terra. Sem o
sol, a terra é estéril; ele alegra-a, adorna-a e
enriquece-a; ele dá aos corpos a eficácia, a força e a
beleza. Perante estes fatos admiráveis, não nos admiremos de
que os pagãos o tenham venerado como o deus do mundo. Ele
obedece ao Astro do dia e segue o supremo Sol, o Verbo
divino, Jesus Cristo, que ilumina todos os homens que vêm a
este mundo, e que, pela Eucaristia, como sacramento da vida,
atua no íntimo das almas, de tal modo que transforma as
famílias e as nações. Ditosa a alma fiel que encontra este
tesouro escondido, que assiduamente mata a sua sede nesta
fonte da vida, que come incessantemente este Pão da vida!
A
comunidade dos cristãos é realmente uma família e o vínculo
entre os seus membros é Jesus na Eucaristia. Ele é o pai que
prepara a mesa da família. A fraternidade cristã foi
promulgada na Ceia simultaneamente com a paternidade de
Jesus Cristo; Ele chama aos seus Apóstolos filioli, isto é,
meus filhos, e manda-lhes que se amem mutuamente como Ele os
amou.
Na
santa mesa todos são filhos que recebem o mesmo alimento; e
por isso São Paulo conclui que eles constituem uma família e
formam o mesmo corpo, porque participam do mesmo pão, que é
Jesus Cristo.
Finalmente, a Eucaristia proporciona à comunidade cristã a
capacidade de observar a lei do respeito e da caridade para
com o próximo. Jesus Cristo manda honrar e amar os seus
irmãos. É por isso que Ele próprio os assume em Si mesmo,
dizendo: Tudo o que fizestes a um dos meus irmãos mais
pequeninos, a Mim o fizestes; Ele dá-Se a cada um na santa
comunhão.
São
Pio X, Papa - 21 Agosto
O
futuro Papa Santo veio ao mundo em 1835, na cidade de Risse,
no Vêneto. Era de origem humilde. Foi o segundo dos dez
filhos da pobre família do servidor do município e se chamou
Giuseppe Sarto.
Em
1903, com a morte do Papa Leão XIII foi eleito cardeal
Giuseppe Sarto para ocupar a cátedra de São Pedro. Um dos
primeiros atos do novo Papa foi recorrer à constituição
"Comissum nobis" a fim de
terminar, de uma vez por todas, com qualquer suposto direito
de qualquer poder civil para interferir em uma eleição papal,
pelo veto ou outro procedimento. Mais adiante deu um passo
cauteloso mas definitivo para a reconciliação entre a Igreja
e o Estado, na Itália, ao praticamente suspender o
"Non Expedit".
O nome
Pio X se vincula geralmente, ao movimento que purgou à
Igreja desse "resumo de todas as
heresias", ao que alguém teve a idéia de chamar
"Modernismo".
Um
decreto do Santo Ofício datado de 1907, condenou certos
escritores e certas idéias; muito em breve seguiu-se a carta
encíclica "Pascendi dominici gregis",
em que se indicavam perigosas tendências de alcance
imprevisível, destacavam-se e condenavam as manifestações do
modernismo em todos os campos. O modernismo na Igreja ficou
praticamente aniquilado ao primeiro golpe. Já tinha
conquistado bastante terreno entre os católicos e,
entretanto, não foram poucos, até entre os ortodoxos, que
opinaram que a condenação do Papa tinha sido excessiva e à
beira de uma dissimulação obscurantista.
Em sua
primeira encíclica, Pio X anunciava que sua meta primordial
era a de "renovar tudo em Cristo"
e, com esse propósito em mente, redigiu e aprovou seus
decretos sobre o sacramento da Eucaristia. Também
estabeleceu uma comissão corretora e revisora do texto
Vulgata da Bíblia (este trabalho foi encomendado aos monges
beneditinos) e, em 1909, fundou o Instituto Bíblico para o
estudo das Escrituras e o deixou a cargo da Companhia de
Jesus.
Deus
tinha dado a Pio X o dom de fazer milagres, a maioria deles
curas. Foi canonizado por Pio XII, em 1954, perante uma
multidão que enchia a praça São Pedro. Aquele foi o primeiro
Papa a ser canonizado desde Pio V
Santa
Maria Mazzarello - 9 de maio
Nasceu
no dia 9 de maio em Mornese, Itália. Sendo uma simples
camponesa, pobre e ignorante, chegou a ser Fundadora da que
é hoje a segunda Comunidade religiosa feminina no mundo (em
relação ao número de religiosas), a Comunidade de irmãs
Salessianas.
Fundou
em seu povoado um "Oratório"
ou escola de catecismo para meninas. Ela e suas amigas lhes
ensinavam costura e outras artes caseiras, enquanto iam
conseguindo que as jovens aprendessem muito bem a religião,
observassem excelente comportamento em casa, fossem à missa
e recebessem os sacramentos. Paralelamente, São João Bosco
utilizava em Turim uma metodologia similar, mas aplicada aos
varões.
O
Padre Pestarino observou que em Maria Mazzarello e em suas
amigas havia grande caridade para com os necessitados e um
enorme amor a Deus, ademais de fortes desejos de conseguir a
santidade. Então as reuniu em uma Associação Juvenil que se
chamou: "De Maria Imaculada".
Ele mesmo as confessava, lhes dava instrução religiosa.
No
decorrer de uma viagem, o Padre Pestarino se encontrou com
São João Bosco, quem neste momento se encontrava meditando
sobre a possibilidade de ampliar seus ensinamentos também a
meninas pobres. Pestarino contou-lhe sobre a obra que
realizava junto com Santa Maria e o convidou a conhecê-la
pessoalmente. Assim, no dia 7 de outubro de 1864, São João
Bosco foi por primeira vez a Mornese. Dom Bosco constatou
que aquelas jovens que dirigia o Padre Pestarino eram
excelentes candidatas para ser religiosas, e com elas fundou
a Comunidade das Filhas de Maria Auxiliadora, ou salessianas,
que hoje em dia são mais de 16.000 em 75 países.
O Papa
Pio IX aprovou a nova congregação, no dia 5 de agosto de
1572.
Maria
Mazzarello foi superiora geral até o dia da sua morte, o 14
de maio de 1881. Seus três grandes amores foram a
Eucaristia, Maria Auxiliadora e a juventude pobre, à qual
educou e salvou.
Santa
Aurélia ou Santa Petronilla
Nasceu
em Roma no primeiro século.
Por
vários séculos a história dizia que ela era filha de São
Pedro e que era tão bela e como havia recusado a proposta de
casamento de um rico romano pagão chamado Flaccus foi presa
em uma torre, mas teria feito uma greve de fome e morreu em
três dias.
Entretanto, em inscrições antigas e recentemente
encontradas, ela está listada como uma mártir da forma mais
tradicional da época.
Noutra
versão ela seria uma servente, que trabalhava com São Pedro
e uma das várias convertidas por ele e seria a sua
"filha espiritual". Parece ter sido parente de Santa
Domitilla e foi curada de paralisia por São Pedro.
Sua
relíquias estão na Basílica de São Pedro em Roma, Itália.
Sua capela tem vários trabalhos de Miguelangelo e Bramante.
Diz
ainda a tradição que quando seu caixão foi aberto para o
traslado, seu corpo estava incorrupto e a cabeça coberta com
flores.
Na
arte litúrgica da Igreja ela é mostrada sendo curada por São
Pedro; 2) segurando as chaves para ele ;3) uma virgem com
uma vassoura;4) ao lado de São Pedro; 5) recusando uma
proposta de casamento, e 6) recusando um anel oferecido por
um rei.
É a
padroeira dos viajantes e dos golfinhos visto que em seu
sarcófago havia um golfinho encravado nele.
Sua
festa é celebrada no dia 31 de maio
Santa
Maria Francisca das Cinco Chagas - 6 de Outubro
Nasceu
em 1499. Depois de estudos feitos em Salamanca, entrou para
os Frades Menores e, ordenado sacerdote, desempenhou
diversos cargos na Ordem. Em 1554 obteve a licença de
consagrar-se a uma observância mais estrita da Regra.
Começou então, a acolher os seguidores, aos quais iniciou
numa vida demais austera pobreza, jejum e penitência e de
oração mais prolongada. Impulsionado pelo zelo das almas,
dedicou-se com grande fruto à pregação. E com seus conselhos
ajudou Santa Teresa de Ávila em sua atividade reformadora
entre as Carmelitas. Deixou também obras escritas, em que
narra a própria experiência ascética, baseada sobretudo na
devoção para com a paixão de Cristo. Morreu no dia 18 de
outubro de 1562.
ORAÇÃO
- Ó
Deus, que ilustrastes São Pedro de Alcântara com os donos de
admirável penitência e de altíssima contemplação, concedei,
por seus méritos, que, mortificados na carne, mereçamos
participar dos bens celestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
São
Casemiro Rei.
Casimiro,
príncipe da Polônia e rei eleito da Hungria, o terceiro
filho do rei Casimiro IV da Polônia e Isabel da Áustria,
nasceu em 14 de outubro de 1458. Não só recebeu uma
educação primorosíssima de sua santa mãe, mas teve também
excelentes mestres que o introduziram nas ciências;
entre eles merece atenção o célebre Longino, homem de
grande saber e virtude. O maior prazer de Casimiro era
rezar e estudar e seu lugar predileto era a Igreja. "Em
parte alguma me sinto tão bem - dizia - como nos degraus do
altar. Tendo para escolher entre a casa, o jogo, a dança e
outros divertimentos, dispenso-os todos, se puder ficar
na Igreja". À santa Missa assistia Casimiro com um
recolhimento admirável. Tendo mais idade, levantava-se
durante a noite, para fazer uma visita à Igreja; se a
achava fechada, ficava de joelhos na porta, em profunda
adoração ao Santíssimo Sacramento. Terníssima era sua
devoção à Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo. Os
olhos enchiam-se-lhe de lágrimas, todas as vezes que
olhava para o crucificado. A Maria Santíssima não chamava
de outro nome senão o de "minha querida Mãe".
O hino
predileto, que muitas vezes recitava era: "Omni die dic
Mariae", pérola preciosíssima da literatura cristã, não da
sua lavra, como muitos pretendem que seja, mas
provavelmente de autoria de Santo Anselmo de Canterbury.
Uma cópia deste hino achava-se no túmulo do Santo, quando
aberto em 1604. O corpo estava perfeitamente conservado e o
hino encontrou-se debaixo da cabeça.
Como o
amor a Jesus e Maria ligava Casimiro uma grande
caridade aos pobres, o que lhe valeu o título de "pai dos
pobres". A algumas pessoas da corte, que achava essa
caridade um tanto exagerada, Casimiro respondeu: "Melhor
aplicação da nobreza um príncipe não pode fazer, senão
servindo aos pobres. Quanto a mim, maior honra não aspiro,
que fazer-me servo do mais pobre".
O
desprezo que tinha pelas honras e grandezas do mundo é bem
caracterizada pelo modo porque se houve na campanha contra
Matias, rei da Hungria. Matias tinha perdido o trono, e
representantes da nação húngara ofereceram a Casimiro a
coroa de Santo Estevão. O pai apoiava fortemente o pedido
dos embaixadores e determinou ao filho, que contava apenas
13 anos, que com força armada entrasse na Hungria, onde
Matias o aguardava com poderoso exército, esperando a
entrada do jovem príncipe. Nesse meio tempo, como o povo
declarou-se novamente a favor de Matias para que
retornasse, o Papa Sixto IV também manifestou a intenção
de vê-lo de volta ao trono. Em consideração a estes
fatos, Casimiro retirou-se para o castelo de Dobzki, onde
passou uns meses às práticas da mais austera penitência.
Um segundo convite de políticos húngaros não mais foi
tomado em consideração, e o desejo do santo de alcançar a
coroa da glória eterna aumentou consideravelmente.
Apesar
de rodeada de todo o conforto, a vida se São Casimiro foi
acompanhada de um espírito de penitência que não é comum
entre os homens. Extremamente rigoroso consigo, Casimiro
trazia sempre um cilício para castigar o corpo e cada
semana dedicava uns dias ao jejum. Os dias de jejum e
abstinência por mandamento da Igreja eram observados com
toda a pontualidade, mesmo na doença. Ao sono eram
reservadas poucas horas e, embora lhe tivesse à disposição
um leito que em comodidade nada deixava a desejar, Casimiro
escolhia de preferência o chão para o repouso do corpo.
A prática
de todas estas virtudes mereceram ao príncipe a fama de
grande Santo. Entre as virtudes que lhe adornavam o
coração, foi a da santa pureza que Casimiro exercia com
especial esmero, e à qual se obrigou por um voto. É
admirável que o jovem príncipe pudesse chegar a um grau tão
elevado, principalmente nesta virtude, quando se via, dia
por dia, rodeado de perigos e seduções. A chave deste
segredo estava na recepção dos Sacramentos, na devoção à
Santíssima Virgem, na mortificação constante do corpo e na
fuga das más ocasiões. Em sua presença ninguém ousava
proferir palavra que ofendesse a moral. Quando contava 24
anos, lhe apareceram no organismo todos os sintomas da
tuberculose. Os médicos vendo já esgotados todos os
recursos da ciência, deram ao príncipe, como última
esperança de salvar a vida, o conselho de se casar.
Casimiro, mal tinha ouvido esta proposta, declarou: "Antes
prefiro morrer; e se tivesse de perder mil vidas, todas
perderia, para guardar a castidade virginal". Por um favor
especial de Deus, Casimiro soube o dia de sua morte, para
ela se preparou com muito fervor. As últimas palavras que
disse, foram, depois de ter beijado o Crucifixo: "Em vossas
mãos, ó Jesus, entrego o meu espírito".
Casimiro
morreu em 1484, sendo sua festa celebrada no dia 04 de
março. São Casimiro goza de grande veneração na Polônia,
onde sua festa é comemorada com oitava.
Reflexões:
As
devoções prediletas de São Casimiro eram a Sagrada Paixão e
morte de Nosso Senhor e a devoção a Maria Santíssima.
Nestas devoções estava o segredo, porque tão ciosamente
guardava a virtude da pureza. Procurava a morte a
macular esta virtude. Quem tem amor a Jesus e Maria,
deve igualmente amar a virtude angélica, que é a
predileta da Mãe de Deus e de seu Filho. Se queres
adiantar-te neste santo amor, cultiva em teu coração a
Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo. Durante a
quaresma, devias fazer uma leitura quotidiana de um ou
outro trecho da Sagrada Paixão. Quanto mais teu espírito
penetrar neste mistério de amor, tanto mais em tua alma
se acentuará o desejo de servir unicamente a Deus, que tanto
te amou.
Sobre incorrupção do corpo
Passados
120 anos de seu enterro, ao abrir-se seu sepulcro,
encontrou-se seu corpo incorrupto, como se estivesse recém
enterrado. Nem sequer seus vestidos haviam deteriorado-se,
considerando-se ainda que o sítio onde encontrava-se seu
sepulcro era extremamente úmido. Sobre seu peito foi
encontrada uma poesia à Santíssima Virgem, que mandou que
colocassem sobre seu cadáver no dia de seu enterro.
Santa
Catarina de Bolonha.
Santa Catarina é também conhecida como Catarina de Virgi ou
Vigni. Nasceu em 8 de setembro de 1413 em Bolonha, Itália,
sendo ela filha de um diplomata a serviço do marquês de
Ferrara. Diz a tradição que seu pai recebera em visões o
anúncio do nascimento da filha. Quando completou 11 anos de
idade, foi escolhida para ser a dama de companhia da recém
casada filha do marquês, compartilhando com ela o seu
aprimoramento educacional. Isso durou até completar 14
anos, idade em que decidiu abandonar a corte para abraçar a
vida religiosa. Ingressou na Ordem Franciscana como Irmã
das Clarissas Pobres, onde obteve sucessivos progressos
espirituais e admiração por ser fiel cumpridora dos
preceitos de Deus e da Igreja. Por sua conduta
exemplaríssima tornou-se uma das grandes santas da Idade
Média. Através da intercessão do Papa Nicolau V foi
erigida uma clausura no convento das Clarissas em Ferrara,
onde Catarina foi eleita Madre Superiora. Gozava de grande
reputação pela vida austera e piedosa, não só diante da
comunidade, mas do próprio Papa Nicolau V. Foi também
responsável pelo estabelecimento de um convento de
Clarissas Pobres em 1456, na cidade de Bolonha, onde
assumiu o cargo de Abadessa.
Mística, profetisa e visionária, glorificava a Deus
operando grandes milagres em Seu nome. Também era pintora e
decifrava manuscritos como que iluminada por um anjo.
Conta-se que num dia de Natal recebeu uma visão de Jesus
nos braços de Maria. Desta visão que teve, Catarina pintou
em um quadro que se encontra atualmente no Museu do
Vaticano.
Faleceu em 9 de março de 1463 em Bolonha, Itália
e foi enterrada sem caixão e não foi embalsamada. Após
dezoito dias depois, decidiram exumar seu corpo devido a
inúmeros milagres que ocorriam junto de sua tumba, bem como
pelo odor de perfume que exalava constantemente de seu
túmulo, ocasião em que seu corpo foi encontrado incorrupto.
Diante disso foi chamado o doutor Maestro Giovanni Marcanova,
que examinou o corpo e não pode explicar o fato. Assim,
decidiram vestir seu corpo com novo hábito e o colocaram em
uma cadeira, sentado, junto a uma capela especial,
mantendo-se incorrupto até hoje, portanto, por mais de 540
anos. Nas últimas décadas, foram e ainda são realizadas a
cada dois anos, radiografias da coluna vertebral e as
análises até o momento comprovam que não houve deterioração
ou desvio da coluna, que se mantém perfeitamente ereta
como a de uma pessoa adulta, sustentando o corpo e a
cabeça. O que se observa apenas é a mudança da coloração da
pele, que hoje apresenta-se na cor marrom.
A arte litúrgica a apresenta como uma Clarissa pobre
carregando o Menino Jesus ou em um trono com um livro em uma
das mãos e na outra uma cruz, aludindo a imagem que se vê
em seu corpo incorrupto. Escreveu um livro intitulado: “
Tratado em armas espirituais” e “Revelações”.
Foi canonizada em 22 de maio de 1712 pelo Papa Clemente XI
e é padroeira da Academia de arte de Bolonha, dos pintores e
das artes liberais.
Santa
Clara de Assis (1194 - 1253)
Santa Clara, nasceu em Assis, na Itália, filha de pais
ricos e piedosos. O nome de Clara foi-lhe dado em virtude
de uma voz misteriosa que a mãe Hortulana ouviu, quando,
antes de dar à luz a filha, fazia fervorosas orações diante
de um crucifixo. “Nada temas! – disse aquela voz – o fruto
de teu ventre será um grande lume, que iluminará o mundo
todo”. Desde pequena, Clara era em tudo bem diferente das
companheiras. Quando meninas dessa idade costumam achar
agrado nos brinquedos e bem cedo revelam também qualidades
pouco apreciáveis, Clara fazia exceção à regra. O seu
prazer era rezar, fazer caridade e penitência. Aborrecia a
vaidade e as exibições e tinha aversão declarada aos
divertimentos profanos.
Vivia naquele tempo o grande Patriarca de Assis. São
Francisco. A este se dirigiu Santa Clara, comunicando-lhe o
grande desejo que tinha de abandonar o mundo, fazer o voto
de castidade e levar uma vida da mais perfeita pobreza. São
Francisco reconheceu em Clara uma eleita de Deus e
animou-a a persistir nas piedosas aspirações. Depois de
ter examinado e sujeitado a duras provas o espírito da
jovem, aconselhou-lhe abandonar a casa paterna e tomar o
hábito de religiosa. Foi num Domingo de Ramos, que Clara
executou este plano, dirigindo-se à Igreja de Porciúncula,
onde São Francisco lhe cortou os cabelos e lhe deu o hábito
de penitência. Clara contava apenas 18 anos, quando disse
adeus ao mundo e entrou para o convento das Beneditinas de
Assis.
O procedimento estranho de clara, provocou os mais
veementes protestos dos pais e parentes, que tudo tentaram
, para tirar a jovem do convento. Clara opôs-lhes firme
resistência. Indo à Igreja, segurou-se ao altar e com a
outra mão, mostrou aos pais a cabeleira cortada e
disse-lhes: “Deveis saber que não quero outro esposo, senão
a Jesus Cristo. A este escolhi e não mais o deixarei”.
Clara tinha uma irmã mais moça, de quatorze anos, de nome
Inês. Esta, não suportando a separação e animada por
Clara, poucos dias depois, abandonou também a casa e entrou
para o convento onde Clara estava. Com este gesto não se
conformaram os parentes. Ao convento, foram no intuito de
obrigar a jovem a voltar trazê-la à viva força para casa,
fosse qual fosse a resistência que encontrariam.
A resistência realmente foi, tão resoluta da parte de
Inês, que tiveram de desistir das suas tentativas. Também
a ela São Francisco deu o hábito religioso. Apenas
provisória podia ser a estada das duas irmãs no convento
das Beneditinas. Francisco havia de dar, pois,
providências para colocá-la em outra parte.
Adquiriu a igreja de São Damião e uma casa contígua para
as novas religiosas, às quais, logo se associaram a outras
companheiras. Sob a direção de Clara, formaram estas a
primeira comunidade que, desenvolvendo-se cada vez mais,
tomou a forma de nova Ordem religiosa. Esta Ordem, de
origem tão humilde, tornou-se celebérrima na Igreja
Católica, a que deu muitas santas e muito trabalhou e
trabalha pelo engrandecimento do reino de Cristo sobre a
terra. Obedecendo à Ordem de São Francisco, Clara aceitou
o cargo de superiora, e exerceu-o durante quarenta e dois
anos. Deu à Ordem regras severas sobre a observância da
pobreza. Uma oferta de bens imóveis, feita pelo Papa,
Clara respeitosamente a recusou. Não só na observação da
pobreza, como também na prática de outras virtudes, Clara
era modelo exemplaríssimo para as suas filhas espirituais.
Grande lhe foi a satisfação, quando da própria mãe e de
outras parentas recebeu o pedido de admissão na Ordem.
Além destas, entraram três fidalgas da casa Ubaldini na
nova Ordem das Clarissas. Julgaram maior honra
associar-se à pobreza de Clara do que viver no meio dos
prazeres dum mundo enganador.
Na prática da penitência e mortificação, Clara era de
tanto rigor, que seu exemplo podia servir mais de admiração
do que de imitação. O próprio São Francisco aconselhou-lhe
que usasse de moderação, porque do modo de que vivia e
martirizava o corpo, era de recear que não pudesse ter
longa vida.
Severíssima para consigo, era inexcedível na caridade
para com o próximo. Seu maior prazer era servir aos
enfermos. Uma das virtudes que se lhe observava, era o
grande amor ao Santíssimo Sacramento. Horas inteiras do
dia e da noite, passava nos degraus do altar. O SS.
Sacramento era seu refúgio, em todos os perigos e
dificuldades.
Aconteceu que a cidade de Assis fosse assediada pelos
sarracenos que, a serviço do Imperador Frederico II,
inquietavam a Itália. Os guerreiros tinham já galgado o
muro, justamente onde estava o convento das clarissas. A
superiora, enferma, guardava o leito. Tendo notícia da
invasão dos bárbaros no convento, Clara levantou-se e,
ajudada pelas filhas, dirigiu-se ao altar do SS. Sacramento,
tomou nas mãos a Sagrada Hóstia e assim, munida de Nosso
Senhor, dirigiu-lhe o seguinte apelo em voz alta:
“Quereis, Senhor, entregar aos infiéis estas vossas
servas indefesas que nutris com Vosso amor? Vinde em
socorro de vossas servas, pois não as posso proteger.”
Ditas estas palavras, ouviu-se distintamente uma voz dizer:
“Serei vossa proteção hoje e sempre”. Os fatos provaram
que não se tratava de coisa imaginária. Dos sarracenos
apoderou-se um pânico inexplicável; grande parte deles
fugiu às pressas; alguns, que já haviam galgado o cimo do
muro, caíram para trás. Foi visivelmente a devoção de
Santa Clara ao SS. Sacramento, que salvara o convento e a
cidade, do assalto do inimigo. Outros muitos milagres fez
Deus por intermédio de sua serva, que a estreiteza de
espaço não nos permite narrar.
Clara contava sessenta anos, dos quais passara 28
anos sofrendo grandes enfermidades. Por maiores que lhe
fossem as dores, nenhuma queixa lhe saía da boca. Na
meditação da sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor achava
o maior alívio. “Como passa bem depressa a noite, dizia,
ocupando-me com a Paixão de Nosso Senhor”. Em outra
ocasião, disse: “Homem haverá que se queixe, vendo a Jesus
derramar todo o seu sangue na Cruz? Sentindo a proximidade
da morte, recebeu os Santos Sacramentos e teve a
satisfação de receber a visita do Papa Inocêncio IV, que
lhe concedeu uma indulgência plenária. Quase agonizante,
disse ainda estas palavras: “ Nada temas, minha alma;
tens boa companhia na tua passagem para a eternidade. Vai
em paz, porque Aquele que te criou, te santificou, te
guardou como a mãe ao filho, e te amou com grande ternura.
Vós, porém, meu Senhor e meu Criador, sede louvado e
bendito”. Esta visão lhe apareceram muitas virgens, entre
as quais uma de extraordinária beleza, que lhe vieram ao
encontro para leva-la ao céu. Santa Clara morreu em 12 de
agosto de 1253, mais em conseqüência do amor divino, do que
da doença que a martirizava. Foi em atenção aos grandes e
numerosos milagres que se lhe observaram no túmulo, que o
Papa Alexandre IX, dois anos depois, a canonizou.
Reflexões:
“Haverá quem se queixe, vendo a Jesus Cristo na cruz,
coberto de sangue? “ .
A meditação da Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo,
dava força à Santa clara, para sofrer com paciência as
dores da doença. A mesma meditação, produziria em ti o
mesmo efeito, se em teus sofrimentos te quisesses lembrar
das dores que Jesus Cristo sofreu por amor. Jesus era
inocente e sofreu mais que um homem jamais sofreu e poderá
sofrer. Tu, que não és inocente, nada queres sofrer?
Jesus aceitou a cruz e a dor; e da boca não lhe saiu uma
palavra de queixa. Não deverás imitar também este exemplo
de teu Salvador? Considerações desta espécie, nos dias do
sofrimento, fazem milagres. “Quem se lembra da Sagrada
Paixão de Jesus Cristo, sofre tudo com paciência, por mais
doloroso que seja”, diz São Gregório.
Santa Clara teve uma grande devoção ao Santíssimo
Sacramento. Aos pés do altar, procurava e achava alívio,
consolação e auxílio. Se tivesses devoção igual a Jesus
Eucarístico, os mesmos efeitos poderias experimentar. Se
Nosso Senhor andasse entre nós, como andou na terra da
Palestina, cheio de confiança a Ele te dirigirias , certo
de alcançar de sua bondade o que desejasses. Que diz a
nossa doutrina dobre o Santíssimo Sacramento? Não é real
a presença de Jesus Cristo na Hóstia consagrada? Pois se é
esta a tua fé, porque te portas como se não acreditasses
nesta verdade? Se está presente no Santíssimo Sacramento,
então é o mesmo que fez ressuscitar o mancebo de Naim, a
filha de Jairo e Lázaro. Se Jesus está no Santíssimo
Sacramento, então entre Ele e Aquele que fez a
multiplicação dos pães, não há diferença nenhuma. Não deve,
portanto, ser outra a tua fé. Porque não procuras Jesus no
Santíssimo Sacramento, quando a tua alma se vê atribulada,
quando a dor te oprime o coração? Se aos homens abres o
coração e em suas palavras buscas consolo e conforto,
porque não fazes a Jesus tuas confidências? Procura o
Santíssimo Sacramento, aviva tua fé neste mistério da nossa
Religião e, como Santa Clara, encontrarás quem te console,
proteja e defenda.
Beata
Imelda Lambertini ( 1322 - 1333)
Patrona das Primeiras Comunhões
Imelda Lambertini nasceu na cidade de Bolonha, Itália, no
ano de 1322, num ambiente de muita fé e piedade. Desde
tenra idade, assimilou com especial afeição a primorosa
educação recebida. Seu amor a Deus, sua conduta incomum no
dia a dia chamava muito a atenção dos pais. Era de fato, uma
menina muito especial. Os jogos infantis não lhe agradavam
como a oração. Costumava esconder-se nos locais mas ocultos
da casa para aplicar-se a ela. Sua mãe, sempre a encontrava
ajoelhada e rezando, quando sentia falta da filha em casa.
Ao completar 9 anos de idade a menina pede insistentemente
para ingressar no Convento das Irmãs dominicanas, porém, a
Madre superiora de todas as formas tentou persuadi-la a
esperar, pois que a idade ainda não permitia que fosse
admitida entre as irmãs do convento.
Como a insitência de Imelda tornou-se constante, a Madre,
que conhecia seus pais, indagou se não estava feliz por ter
pais maravilhosos e boas condições de vida em casa, tendo
ela prontamente respondido que estava sim, muito feliz, que
amava sua família, mas que as irmãs tinham algo a mais que
lhe atraía muito: "Nosso Senhor". Era a devoção à
Santíssima Eucaristia que verdadeiramente lhe encantava e
lhe enchia a alma de amor e devoção. Finalmente, a Madre
chamou seus pais e lhes pediu permissão para que Imelda
fosse admitida, pelo menos à título de experiência, já que
o desejo ardente de ingressar no convento era já notório
também para seus pais. Apesar de entristecidos, percebiam
que Deus reservara algo de extraordinário para a pequena
filha. Por isso, acabaram aceitando a proposta da
Reverenda e consagraram-na a Deus.
Consumado seu ingresso, tudo lhe era motivo de encanto, os
momentos de oração, o hábito das Irmãs, o silêncio. Era
muito amada por elas que tentavam privá-la dos serviços e
da rigidez da regra, mas nada adiantava, pois queria
acompanhar as irmãs em tudo, participando plenamente e
auxiliando nos trabalhos monásticos no convento. A Madre
pedia que não a acordassem durante as orações noturnas, mas
Imelda levantava-se no meio da noite e percorria os grandes
salões do convento, caminhando e rezando silenciosamente as
matinas.
A visita ao Tabernáculo fazia sua alma transbordar de
alegria. Só a pronúncia de qualquer assunto relacionado a
Eucaristia, fazia com que seu rosto se transfigurasse
instantaneamente. Ela desejava ardentemente receber a Santa
Comunhão. Nessa época, as crianças não podiam receber a
Primeira Comunhão com idade inferior a 12 anos. Tal qual
sua insistência para ingressar no convento, Imelda pede a
graça de receber Jesus, mesmo que não tivesse completado a
idade. Pedia isso com fervor tão intenso, que as irmãs
comoviam-se pelo desejo que a pequenina nutria em receber o
Senhor na Eucaristia. Mas isto ainda não lhe era possível,
conforme as normas da Igreja.
Assim, aceitou com resignação os argumentos das Irmãs.
Porém, à medida que o tempo passava, crescia mais e mais
nela o desejo de receber Jesus Sacramentado. No ano de 1333,
tinha ela completado 11 anos de idade quando, depois da
Santa Missa, a última freira que saiu da capela observou
que a pequena Imelda, como de costume, lá permaneceu
sozinha rezando mais um pouco. Só que desta vez, a freira
percebeu algo extraordinário: uma Hóstia flutuava acima dela
e lhe projetava uma luz branca. Rapidamente esta irmã chamou
as outras monjas e todas prostraram-se diante deste
milagre. A Madre, constatando que tratava-se de
manifestação real de Deus para que a menina recebesse a
Primeira Comunhão, chamou o pároco. Ao chegar com a patena
de ouro nas mãos, o padre admirado, dirigiu-se até à
Hóstia. Assim que aproximou-se da menina ajoelhada, a
Hóstia pousou sobre a patena!. Assim foi-lhe administrada a
Primeira Comunhão. Em seguida, vagarosamente Imelda baixou
a cabeça em oração.
Imelda permaneceu assim, diante das irmãs por um tempo
demasiadamente longo. Isto fez com que a Madre fosse até
ela, que a nada respondia. Tentando levantá-la
cuidadosamente pelos ombros, a menina caiu em seus
braços, trazendo no rosto uma expressão delicada, de
inexplicável alegria. Havia partido para o Céu naquele
sublime momento. A alegria de receber Nosso Senhor foi
demais para o pequeno coração que ardia pela presença real
de Cristo na Eucaristia. Certa vez, Imelda já havia dito às
Irmãs: "Eu não sei porque as pessoas que recebem Nosso
Senhor não morrem de alegria".
A pequena Imelda Lambertini foi beatificada em 1826 pelo
Papa Leão XII, e foi proclamada Patrona das Primeiras
Comunhões em 1910 pelo Papa São Pio X. Foi neste ano que
foi declarado que as crianças menores de 12 anos poderiam
receber a Primeira Comunhão.
Até hoje, seu pequeno corpo se encontra intacto, depois de
mais de 670 anos, numa redoma de cristal, na Igreja de São
Sigismondo, em Bolonha.
Reflexões:
A meditação da história da pequena Imelda, traduz o pleno
conhecimento, o cristalino panorama que uma menina de apenas
11 anos tinha sobre as verdades divinas. Visão tão clara
que Imelda não entendia como as pessoas não morriam ao
receber Jesus na Eucaristia. São Tomás de Aquino,
a respeito desse amor eucarístico, certa vez declarou:
"O Martírio não é nada em comparação com a Santa Missa.
Pelo martírio, o homem oferece a Deus a sua vida; na Santa
Missa, porém, Deus dá o seu Corpo e o seu Sangue em
sacrifício para os homens. Se o homem reconhecesse
devidamente esse mistério, morreria de amor".
Amolece, Senhor, o nosso coração petrificado. Aclara,
Senhor, nossa visão, obscurecida pelas ilusões mundanas.
Abre nossa mente, Senhor, para que possamos compreender a
sublimidade da Eucaristia. Tende piedade de nós, Senhor,
pela nossa indiferença na fila da Comunhão. Aproxima-nos,
Senhor, do sacramento da Penitência, para que possamos Te
receber com a casa limpa, livre das imundícies que todos os
dias deixamos agregar à alma. Não permitais, jamais,
Senhor, que Te recebamos indignamente. Piedade, Senhor,
piedade de nós e da humanidade inteira. Te adoramos na
Eucaristia e imploramos, por intercessão de Maria, que o Pão
do Céu seja para nós SEMPRE: alimento espiritual, remédio
para a alma, força na luta contra o mal, consolo nas
tribulações e proteção constante na caminhada terrena.
Amém!
Santa
Luiza de Marillac ( 1591-1660)
Luiza de Marillac nasceu em Paris a 12 de agosto de
1591. Muito jovem ainda, teve o pesar de perder a mãe. O
pai, Luiz de Marillac, senhor de Ferrières, proporcionou-lhe
uma educação esmeradíssima e eminentemente cristã, que a
preparou para a sua missão providencial.
Já se havia dedicado à prática de uma vida toda de
caridade, quando um dia lhe escreveu São Vicente de Paulo,
ao saber que ela visitara em Paris, uma pessoa atacada da
peste: "Nada receieis, Madmoiselle, Deus quis servir-se de
vós para alguma coisa que visa a sua glória e estou certo
de que ele vos conservará para este fim". Visivelmente se
realizaram estas palavras proféticas, pelo posterior
desenvolvimento grandioso da Congregação das Irmãs da
Caridade, hoje conhecida em todas as partes do mundo.
Em 1613 contraiu matrimônio com Antônio le Gras, secretário
da rainha Maria de Médici. Deus deu ao piedoso casal um
filho que, pelas suas virtudes, mostrou-se digno dos
progenitores. Em 1625 a morte lhe arrebatou o esposo. Com
coração e resignação cristã, sofreu este duro golpe,
procurando alívio e consolo em Deus, a quem se consagrou
inteiramente. Para oferecer a Deus um sacrifício mais
perfeito e assim garantir a salvação de sua alma, decidiu
dedicar-se inteiramente às obras de caridade, decisão que
teve o pleno consentimento do bispo de Belley, seu
confessor. Não podendo ele permanecer por muito tempo em
Paris, confiou-a à direção de São Vicente de Paulo, sobre a
pessoa do qual recebera ótimas informações de São Francisco
de Sales.
Nas paróquias onde São Vicente de Paulo ou seus
missionários pregavam as missões, fundavam confrarias de
caridade, que se recrutavam de piedosas senhoras, cujo
intuito era socorrer os pobres enfermos. São Vicente, vendo
que era necessário dar a este movimento uma organização bem
orientada, confiou a Luiza de Marillac a missão de
inspetora. A piedosa senhora não só aceitou esta
incumbência, mas dedicou-se à obra com um zelo
admirabilíssimo. Os frutos deste trabalho não tardaram a
aparecer. A humildade e dedicação da inspetora abriram-lhe
os corações, e raros foram os casos de uma ou outra paróquia
não querer aceitar-lhe a benéfica colaboração. Em muitos
lugares, sua chegada foi festejada com grandes manifestações
de regozijo. No desempenho de sua missão, na nobre
propaganda da caridade, se deixou guiar pelo genial apóstolo
que era seu confessor. Embora fosse grande o desejo de ambos
de verem as confrarias fundadas e prósperas todas as
paróquias, nada faziam, se o pároco se mostrava contrário
às suas idéias. "Cedei, escreveu São Vicente a Luiza num
caso, em que o pároco se opôs à fundação da confraria -
"Cedei; um só ato de submissão é como um belo diamante, que
vale mais que uma montanha de pedras, isto é, de atos
inspirados pela própria vontade".
Nas visitas que fazia às paróquias, Luiza bem depressa
teve de convencer-se da dificuldade, se não da
impossibilidade, de acostumar as senhoras, principalmente as
da alta sociedade, no serviço de dama de caridade. Cada
vez mais clara lhe surgiu diante do espírito a idéia de
fundar uma Congregação religiosa que, com mais ordem,
dedicação e independência, pudesse tomar a seu cargo a
obra de caridade, como idealizava. Não faltaram elementos
utilíssimos para realizar o plano. Em 1633, estava já
formada uma pequena comunidade, composta apenas de quatro
irmãs, com Luiza como superiora. Na festa da Anunciação da
Santíssima Virgem, do ano de 1634, se consagraram por um
voto ao serviço dos pobres e doentes. Esta data tão
significativa e até hoje de grande importância na
Congregação das Irmãs de Caridade, sendo neste dia, se
renovam todos os anos, os votos que as ligam a Deus e aos
infelizes.
São Vicente de Paulo deu à jovem Congregação uma regra,
cujo espírito é mais uma prova de alta competência do
autor em matéria de virtude e santidade. Às filhas dava
como "mosteiro a casa dos enfermos, como claustro as ruas
da cidade, como clausura a obediência, como grade o temor de
Deus, como véu a santa modéstia". Tiveram como divisa a
palavra do Apóstolo "Caritas urget me" - a caridade me
obriga. A nova instalação teve um incremento grandioso.
Admirável foi a atividade de Luiza de Marillac. Quem a
conhecia, vendo-lhe o estado de saúde tão precário, não
podia compreender como lhe era possível dedicar-se a uma
obra tão trabalhosa. O próprio São Vicente de Paulo chegou
à dizer às Irmãs, que os últimos vinte anos da vida da
Superiora, era um verdadeiro milagre.
Quando em 1652 Paris foi visitada pela peste, Luiza de
Marillac socorreu a 14.000 pessoas e suas filhas
distribuÍram aos pobres o necessário sustento. Outras iam
aos subúrbios tratar dos doentes.
A pedido da rainha Maria Gonzaga, a Congregação
estabeleceu-se na Polônia.
Luiza de Marillac via nos pobres e doentes a pessoa de
Jesus Cristo, tendo em mente a Palavra do Divino Mestre:
"O que fizestes a um destes mais pequeninos, foi a mim que o
fizestes". Igualmente grande era o respeito ao Sumo
Pontífice, a quem chamava de "Pai santo dos cristãos e o
verdadeiro tenente de Jesus Cristo". Firme na fé, fugia da
heresia como da peste. Cortou relações com a duquesa de
Liancourt, sua amiga, por se ter esta deixado trair pela
heresia jansenista. Em outra ocasião, retirou as Irmãs de
um estabelecimento, porque das idéias jansenistas do vigário
da paróquia, receava uma influência má sobre a fé das
religiosas.
Inspirada pela caridade, procurava comunicar o mesmo
espírito às suas filhas espirituais. Numa antiga crônica da
Congregação se lê o seguinte tópico: " Madame tinha tanto
respeito e devoção para com os pobres que, desde o início do
estabelecimento de caridade, recomendou às suas filhas que
os servisse com grande caridade e humildade, considerando-os
como seus senhores e amos; por isso, queria que se lhes
destinasse o "primeiro pedaço de pão que se cortava para o
almoço, e primeira ração de caldo que se servia para o
jantar". Ela mesma punha mãos à obra. Servindo os doentes,
lavando-lhes os pés, pensando-lhes as chagas e tratando-os
com todo o carinho. Na visita às aldeias, ela própria
lecionava, para instruir as professoras que ali constituía.
1660, Luiza de Marillac sentiu que sua vida aqui na terra
ia findar-se. A suprema consolação, que desde longos anos
pedia a Deus, era de ser assistida no derradeiro momento
pelo pai e guia de sua alma, Vicente de Paulo. Deus não lh'a
concedeu. Vicente de Paulo, de 85 anos, também prestes a
deixar este mundo, só pode enviar-lhe a bênção e as
seguintes palavras: "Madame, ides antes de mim; espero em
breve, rever-nos no Céu". Ela recebeu a Comunhão das mãos
do vigário de Saint-Laurent, que a acompanhava no seu
trânsito. Este, mais uma vez, lhe pediu que abençoasse as
suas filhas. Ela aquiesceu: "Queridas irmãs, disse-lhes
ela, (resumindo nesse momento solene, o que havia sido
sempre a paixão de sua vida e o desejo supremo de seu
coração), continuo a pedir a sua bênção para vós, e a graça
de perseverardes na vossa vocação, a fim de servi-lo de
maneira que ele deseja de vós: Cuidai bastante do serviço
dos pobres e sobretudo, vivei em grande união e
cordialidade, amando-vos umas às outras a fim de imitardes
a união e vida de Nosso Senhor, e rogai com fervor à
Santíssima Virgem, para que ela seja vossa única Mãe".
Acrescentou que morria, tendo em grande estima a vocação
delas e que, se vivesse cem anos, não lhes pediria outra
coisa que uma absoluta fidelidade a esta santa vocação.
Um padre da Missão ocupava-lhe à cabeceira, o lugar de
Vicente de Paulo, não a deixando um instante. Ele lhe
ministrou a indulgência da boa morte. Pelas 11 horas, ela
fez baixar as cortinas, como para se recolher e, desde
então, não falou mais. Meio quarto de hora após, entregava
docemente a alma a Deus. Era segunda-feira, 15 de março de
1660. O vigário de Saint-Laurent, de sua paróquia, a quem
ela fizera confissão geral, achava-se presente; não pôde
deixar de exclamar, cheio de admiração: "Oh! que bela alma,
leva consigo a graça do batismo!".
Os funerais foram muito simples. Era necessário
conformar-se à vontade expressa pela piedosa fundadora, que
não lhe tributassem maiores honras que às Irmãs. "Agir de
outra forma, dissera ela, seria declarar-me indigna de
morrer como verdadeira Irmã de caridade, embora não
estime nada de mais glorioso que essa qualidade". Foi
inumada na igreja de Saint-Laurent, na capela da Visitação.
Os despojos mortais foram transferidos, mais tarde, para a
capela da casa matriz das Irmãs de Caridade, 140, rue du Bac,
Paris, onde hoje repousam. É esta a capela que foi honrada,
em 1830, com a aparição da Santíssima Virgem e com a
manifestação da Medalha Milagrosa.
A mais preciosa deposição no processo de beatificação de
Luiza de Marillac, será sempre o elogio que dela teceu São
Vicente, em duas conferências feitas diante das Irmãs de
Caridade, poucos dias depois da morte da Santa, conferências
que ele quis proferir, apesar de sua enfermidade.
Nestas conferências, São Vicente louvou particularmente a
prudência sem par de Luiza de Marillac, a sua caridade e
pureza. Disse, entre outras coisas: "Há pouco, refletindo
diante de Deus, eu dizia: Senhor, quereis que falemos de
vossa Serva, pois é obra de vossas mãos; e perguntava a mim
mesmo: Que viste nela, neste 38 anos que a conheceste, que
viste nela? Veio-me à memória a reminescência de alguma
sombrinha de imperfeição; mas, de pecado mortal, oh!
nunca, nunca! Era uma alma pura em tudo, pura na mocidade,
pura na viuvez. Tínheis sob os olhos, minhas filhas, um
belo modelo: Ei-la agora no Céu. Lá, vossa boa mãe, não
será menos bondosa para convosco que na terra. Conquanto
não se deva rogar publicamente aos mortos que ainda não
foram canonizados, pode-se fazê-lo em particular; por
conseguinte, podeis perfeitamente pedir a Deus graças pela
sua intercessão".
Beatificada pelo Papa Benedito XV, em 1920, foi elevada à
suprema honra dos altares a 11 de março de 1934 pelo Sumo
Pontífice Pio XI.
Reflexões:
Quando os sectários de todos os tempos, e também os
negadores de Deus, querem ferir a Igreja Católica, focalizam
seu ódio ao Papa; e quando querem chasquear o que há de
mais delicado e comovente no heroísmo cristão, tomam por
emblema a Filha da Caridade. Mas aqueles que se gloriam da
divisa do filho de Deus, enchem-se de admiração diante
daquela figura cândida, que representa um exército de
bondade.
O comunismo, cuja fogueira apagou-se em tempos recentes,
deixou rastros de grandes destruições, e dele restam hoje
apenas algumas brasas fumegantes, que tentam inutilmente
reerguer-se em fogo. A tão divulgada "partilha comunista",
imposta de cima para baixo e atéia na sua dialética
blasfematória, finalmente implodiu. Insultaram os fiéis,
afrontaram a Igreja, ultrajaram a Deus. Sua propaganda
fragorosa, disseminou a fome, o extermínio, a perseguição,
a morte; deu pedras a quem lhe pedia pão. As obras de São
Vicente, de Santa Luiza de Marillac, de Frederico Ozanam, ao
contrário, atravessaram os séculos com imponência e luta sem
tréguas. Transpuseram com galhardia os tristes períodos
históricos, sempre resplandecendo com raios de um sol
fecundo de vida e de graça. Eis a diferença entre a
partilha mentirosa e a verdadeira caridade.
Caridade que brota de baixo para cima, de irmão para irmão,
de coração para coração.
Não só as Filhas da Caridade, mas a cada católico, o
Supremo Pastor das almas apresenta esta grandiosa mulher,
apóstola daquela virtude que ainda hoje de todas as outras,
é a mais necessária: A Caridade que emana do coração que
vive da luz do Espírito Santo e do Redentor; mas caridade
ardente, operosa, ativa, real, perseverante, tal qual
descreve São Paulo na sua Epístola aos Coríntios: "A
caridade é paciente, é benigna, não é invejosa, não é
temerária , não se ensoberbece; não é ambiciosa, não busca
seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal,
tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo sofre" (1 Cor 13,
4-7)
Caridade! Pratiquemos a caridade como o Divino Redentor a
praticou; como a praticaram São Vicente de Paulo, Santa
Luiza de Marillac, glorificando a Deus e vindo em auxílio
ao pobre, ao necessitado, ao atribulado. Não pode haver
afirmação mais prática e sensível do nosso amor à Igreja e
da nossa cooperação ao Reino de Cristo.
Santa
Maria Madalena de Pazzi (1566-1607)
Santa Maria Madalena de Pazzi, filha de pais ilustres,
modelo perfeito de vida e santidade, nasceu em Florença
no ano de 1566 . No batismo foi chamada Catarina, nome
que no dia para a entrada no convento foi mudado para
Maria Madalena. É uma das eleitas do Senhor, que desde a
mais tenra infância dera indícios indubitáveis de futura
santidade. Menina ainda, achava maior prazer nas visitas à
Igreja ou na leitura da vida dos Santos. Apenas tinha sete
anos de idade e já começava a fazer obras de mortificação.
Abstinha-se de frutas, tomava só duas refeições por dia,
fugia dos divertimentos, para ter mais tempo para ler os
santos livros, principalmente os que tratavam da sagrada
Paixão e Morte de Jesus Cristo. Assim se explica o grande
amor a Jesus Cristo, que tantas coisas maravilhosas lhe
operou na vida. Não tendo ainda a idade exigida, não lhe
era permitido receber a sagrada Comunhão. O desejo,
entretanto, de receber a Jesus na sagrada Hóstia era-lhe
tão grande, que os olhos se enchiam de lágrimas, quando
via outras pessoas aproximarem-se da santa mesa. Com dez
anos fez a primeira comunhão foi indescritível alegria
que recebeu, pela primeira vez, o Pão dos Anjos. Ela
mesma afirmou muitas vezes que o dia da Primeira Comunhão
tinha sido o mais belo de sua vida. Logo depois da Primeira
Comunhão, se consagrou a Deus, pelo voto de castidade
perpétua.
Quando contava doze anos, nos seus exercícios de
mortificações, chegou a usar um hábito grosseiro e dormir
no chão, a por uma coroa de espinhos na cabeça e a
castigar por muitos modos o seu delicado corpo,
manifestando assim o ardente desejo de tornar-se cada vez
mais semelhante ao Divino Esposo. Quando diversos jovens
se dirigiram aos pais de Maria, para obter-lhe a mão, ela
pôde declarar-lhes: "Já escolhi um Esposo mais nobre, mais
rico, ao qual serei fiel até a morte". Vencidas muitas
dificuldades, Maria conseguiu entrada no convento das
Carmelitas em Florença. Após a vestição, se prostrou aos pés
da mestra do noviciado e pediu-lhe que não a poupasse em
coisa alguma e a ajudasse a adquirir a verdadeira
humildade. Tendo recebido o nome de Maria Madalena, tomou
a grande penitente a resolução de seguir a Jesus Cristo
na prática de heróicas virtudes. No dia da Santíssima
Trindade fez a profissão religiosa com tanto amor, que
durante duas horas ficou arrebatada em êxtase. Estes
arrebatamentos repetiram-se extraordinariamente e Deus se
dignou de dar à sua serva instruções salutares e o
conhecimento de coisas futuras. O fogo do divino amor às
vezes ardia com tanta veemência que, para aliviá-la, era
preciso que lavasse as mãos e o peito com água fria. Em
outras ocasiões, tomava o crucifixo nas mãos e exclamava em
voz alta: "Ó amor! Ó amor! Não deixarei nunca de vos
amar!" Na festa da Invenção da Santa Cruz percorreu os
corredores do convento, gritando com toda a força: " Ó
amor! Quão pouco se vos conhece! Ah! Vinde, vinde ó almas e
amai a vosso Deus!" Desejava ter voz de uma força tal,
que fosse ouvida até os confins do mundo. Só uma coisa
queria pregar aos homens: "Amai a Deus!" Maior
sofrimento não lhe podia ser causado, do que dando a
notícia de Deus ter sido ofendido. Todos os dias
oferecia a Deus orações e penitências, pela conversão dos
infiéis e pecadores e, às Irmãs, pedia que fizessem o
mesmo. Na ânsia de salvar almas, oferecia-se a Deus para
sofrer todas as enfermidades, a morte e ainda os
sofrimentos do inferno, se isto fosse realizável, sem
precisar odiar e amaldiçoar a Deus. Em certa ocasião
disse: "Se Deus, como a São Tomás de Aquino, me
perguntasse qual prêmio desejo como recompensa, eu
responderia: 'Nada, a não ser a salvação das almas' ".
Os dias de Carnaval eram para Maria Madalena dias de
penitência, de oração e de lágrimas, para aplacar a ira
de Deus provocada pelos pecadores.
Para o corpo era de uma dureza implacável; não só o
castigava, impondo-lhe o cilício, obrigando-o a vigílias,
mas principalmente o sujeitava a um jejum rigorosíssimo;
durante vinte e dois anos teve por único alimento pão e
água.
Não menos provada foi sua alma; Deus houve por bem
mandar-lhe grandes provações. Durante cinco anos sofreu
ininterruptamente os mais rudes ataques de pensamento
contra a fé, sem que por isso se tivesse deixado levar
pelo desânimo. Muitas vezes se abraçava coma imagem do
crucifixo, implorando a assistência da graça Divina. Nos
últimos três anos de vida, sofreu diversas enfermidades.
Deus permitiu que nas dores ficasse privada ainda de
consolações espirituais. Impossibilitada de andar era
forçada a guardar o leito. Via-se então um fato
extraordinário: quando era dado o sinal para a Missa ou
Comunhão, ela se levantava, ia ao coro e assistia a Missa
toda. De volta para a cela, caía de novo na prostração e
imobilidade. Quando lhe aconselharam abster-se da
Comunhão, declarou ser-lhe impossível, sem o conforte
deste Sacramento, suportar as dores. No meio dos
sofrimentos, o seu único desejo era: "Sofrer, não morrer".
Ao confessor, que lhe falou da probabilidade de um fim
próximo dos sofrimentos, ela respondeu: "Não, meu padre,
não desejo ter este consolo, desejo poder sofrer até o fim
de minha vida".
Quando os médicos lhe comunicaram a proximidade da morte,
Maria Madalena recebeu os sacramentos da Extrema Unção e
do Viático com uma fé, que comoveu a todos que estavam
presentes como se fosse grande pecadora, pediu a todas as
Irmãs perdão de suas faltas. O dia 25 de maio de 1607
libertou-lhe a alma do cárcere do corpo. Deus
glorificou-a logo, por um grande milagre. O corpo macerado
pelas contínuas penitências, doenças, jejuns e
disciplinas, rejuvenesceu, exalava um perfume delicioso, que
enchia toda a casa. Cinqüenta e seis anos depois, em 1663,
quando se lhe abriu o túmulo, foi-lhe encontrado o corpo
sem o menor sinal de decomposição, percebendo-se ainda o
celeste perfume. Beatificada em 1626 pelo Papa Urbano
VIII, foi inserta no catálogo dos Santos em 1669, pelo Papa
Clemente IX.
Reflexões:
Maria Madalena sofreu durante cinco anos, as mais
terríveis tentações de desespero, contra a fé e a
pureza; clamando a Deus por socorro, com a graça venceu
todas as dificuldades. Satanás costuma molestar com tais
tentações as pessoas que se dedicam ao serviço do Senhor.
Diz São Gregório: "Se sois perseguidos por tentações, não
desanimeis. Pedi a Deus a graça e Ele não vos deixará cair.
Deus é fiel e não permite que sejais tentados mais do que
podem as vossas forças" (I Cor 10,13). Oferece-vos a
graça, para que possais vencer a tentação. Além disto,
tendes a vossa vontade, que não pode ser forçada por
ninguém. "Eis a fraqueza do inimigo" , diz São Bernardo,
"que não poderá vencer senão àquele, que o consentir. O
inimigo pode excitar a tentação, mas de nós depende
consentí-la ou rejeitá-la".
Santa
Maria Goretti (1890-1902)
O Santo
Padre Pio XII no dia 24 de julho de 1950 canonizou Maria
Goretti, angelical jovem italiana e mártir da castidade aos
12 anos.
Maria Goretti, a Santa Inês do século XX, é um modelo
perfeito de amor à virgindade.
Em Corinaldo, pequena povoação da Itália, a cinqüenta
quilômetros da Ancona, nasceu Maria Goretti, dia 16 de
outubro de 1890, sendo seus pais Luís Goretti e Assunção
Carlini, que chegaram a educar sete filhos, em meio de
dificuldades econômicas de vida. Como bons cristãos sabiam
confiar na Providência do Pai celestial, que está no céu.
Em busca, de sustento, percorreram vários povoados e
aldeias, estabelecendo-se, finalmente, em Agro Pontinho,
onde a 6 de maio de 1900, faleceu o pai de nossa heroína.
SITUAÇÃO TRÁGICA
Naquela situação trágica, Maria Goretti, que apenas contava
nove anos de idade, ajudava sua mãe e procurava animá-la,
dizendo:
-
Coragem, mamãe! a Providência nos guardará! A Senhora há
de ver como iremos à frente!
E a Mãe com o apoio de sua filhinha transformou-se em a
mulher forte da Sagrada Escritura.
Após um ano que o pai havia falecido, conseguiram colher
300 quintais de trigo e 96 de favas, mas ao fazer as contas
viram que faltavam 95 liras para pagar as dívidas.
Nas circunstâncias de penúria e miséria em que viviam,
ainda em vida de seu marido, para que pudessem vencer as
dificuldades financeiras, uniram-se com a família Serenelli,
composta do pai viúvo, chamado João, com sessenta anos, e de
seus dois filhos, Gaspar e Alexandre.
TERRÍVEL BATALHA
Dia 5 de
julho de 1902, pela tarde, sob um calor sufocante,
achavam-se Assunção, mãe de Maria, e Alexandre Serenelli,
trabalhando no campo de favas, a guiar dois “barrozze” ou
arados puxados por bois.
Maria Goretti achava-se, porém, em casa, a costurar uma
camisa, como lhe havia pedido Alexandre.
Em dado momento, já premeditado, Alexandre vai visitar
Maria Goretti, dando qualquer desculpa a sua mãe, para que
ficasse sozinha trabalhando com o arado. E assim fez.
Com a alma cheia de sensualidade, Alexandre chamou por
Maria. E o rapaz já se havia munido de uma barra de aço de
uns vinte e quatro centímetros, afiada na ponta como um
estilete, e que ele deixara em uma mesa próxima.
Maria começou a tremer pois, conforme declarações
posteriores do próprio assassino, ele havia tentado
seduzi-la duas vezes, e a jovem conseguira escapar de suas
garras, enquanto cobria seu rosto cheio de rubor pelas
atrevidas propostas que em sua inocência não podia
compreender.
Alexandre, ao ver que Maria não queria acudir ao chamado,
em um abrir e fechar de olhos, a tomou violentamente pelos
braços, tapou-lhe a boca com a mão, arrastou-a para dentro,
enquanto fechava a porta com um ponta-pé.
Diz o Processo Canônico que Maria Goretti, aquela débil
menina de doze anos incompletos encontrou forças, para lutar
com um leão, somente para defender o tesouro mais querido de
sua vida.
- Não! Não! É pecado!. . . Não! . . . Não! . . .
Que estás fazendo, Alexandre . . . Irás para o inferno!
O MARTÍRIO
Diante daquela defesa heróica da jovem mártir, o criminoso
agarrou a barra de aço e a cravou repetidas vezes naquele
corpo virginal. Maria como uma expressão que enterneceria às
próprias pedras, exclamava:
- Meu Deus! Meu Deus! . . . Estou morrendo . . . Mamãe!
. . . Mamãe! . . .
Alexandre pensou que ela estivesse morta; Maria, porém, que
ainda vivia, começou a pedir socorro a João, o pai do
assassino.
Então Alexandre em seu furor diabólico, apertou a garganta
da virgem cristã, desferindo novos golpes com a arma
homicida, deixando-a novamente como estivesse morta.
Maria conseguira a maior batalha de sua vida: conservar a
virgindade!
Acudiram logo Mário e Tereza Cimarelli e outras
testemunhas, e até a própria mãe da vítima.
-
Maria, minha filha que aconteceu? Quem foi . . . Diga-me,
diga-me exclamou sua mãe, surpreendida e emocionada.
-
Foi Alexandre!
-
E por que fez isto?
-
Ele queria fazer coisas más, e eu não quis e não deixei.
E o criminoso, poucas horas depois, era levado à prisão,
entre os gritos furiosos dos vizinhos, que o queriam
linchar. A pobre vítima ficou quase despedaçada.
Conforme o documento da autópsia, tinha quatorze feridas,
nove das quais eram profundas em lesões do coração, pulmão
esquerdo, do diafragma, do intestino delgado, do ilíaco, do
mesentério. Foi um verdadeiro milagre viver, ainda vinte
quatro horas!
Levaram-na para o Hospital dos Irmãos de São João de Deus,
em Nettuno.
Os médicos tudo fizeram para salvar aquela vida, a sofrer
duas horas de verdadeiro martírio, enquanto durou a
laparotomia, único recurso, porque não lhe foi possível
aplicar anestesia, devido seu estado não o permitir.
Naquela mesma noite, Maria foi inscrita na Congregação das
Filhas de Maria osculando a medalha com verdadeira alegria,
em meio à dor que queimava os débeis membros daquela terna
açucena.
ALMA HERÓICA
Na manhã seguinte, domingo, 6 de julho, recebeu a Sagrada
Comunhão. Foi comovente a cena que se passou. A sua mãe
perguntou-lhe:
-
Maria, minha filha, você perdoa de todo coração ao seu
assassino?
-
Sim, perdôo . . . Lá do Céu rogarei para que se arrependa.
Ainda mais: quero que ele esteja junto de mim na eterna
glória.
O sacerdote que assistia aquela cena, perguntando também,
se Maria perdoava, recebeu as mesmas respostas, e comovido
derramou ardentes lágrimas de consolo.
E a verdade é que Maria conseguiu seu intento, porque no
Processo Canônico para a beatificação aparece entre as
primeiras testemunhas, Alexandre Serenelli, disposto a não
afastar nenhuma humilhação de sua própria pessoa, com tal
que fosse para a glória de sua vítima e hoje sua protetora
no Céu.
E aquela fragrante açucena deixou de existir às 15,45 do
dia 6 de julho de 1902. O seu enterro não foi um funeral,
mas, sim, um verdadeiro triunfo!
Os restos mortais dessa humilde camponesa italiana
repousavam desde 1926 no belo mausoléu de Zaccagnini,
erigido para ela no Santuário de Nossa Senhora das Graças,
em Nettuno.
O AGRESSOR - PRISÃO, CONVERSÃO, INGRESSO NO MOSTEIRO
Alexandre Serenelli, preso logo após a violenta
investida, foi julgado e condenado a trabalhos forçados e
cumpriu 30 anos de pena, quando recebeu o perdão por sua boa
conduta. Ele próprio declarou ter tido uma visão da
mártir, fato que culminou em sua conversão. A mãe, os
irmãos e o próprio assassino puderam assistir em 1950 a
solene canonização de Santa Maria Goretti na Praça de São
Pedro, então presidida pelo Papa Pio XII.
Em 1936, Alexandre Serenelli ingressara num mosteiro
capuchinho e lá viveu o resto de seus dias como frade
contemplativo, em vida santa e penitente. Ele próprio,
sentindo a aproximação da morte, escreve de punho um belo e
comovente testemunho:
"Sou um ancião de quase oitenta anos e estou pronto para
partir. Dando uma olhadela ao meu passado, reconheço que na
minha primeira juventude escolhi o mau caminho, o caminho do
mal que me levou à ruína. Via, através da imprensa, os
espectáculos e os maus exemplos que a maioria dos jovens
seguem nesse mau caminho, sem refletir. E eu fiz o mesmo sem
me preocupar com nada.
Tinha perto de mim pessoas que criam e viviam a sua fé, mas
não reparava nisso, cego por uma força selvagem que me
arrastava para o mau caminho. Quando tinha vinte anos,
cometi um crime passional, que hoje fico horrorizado só em
recordar. Maria Goretti, agora uma santa, foi o anjo bom que
a Providência pôs no meu caminho. Ainda tenho impressas no
meu coração as suas palavras de reprovação e de perdão. Ela
rezou por mim, intercedeu por mim, seu assassino.
Depois, vieram 30 anos de cárcere. Se não fosse então menor
de idade, teria sido condenado a prisão perpétua. Aceitei a
sentença que merecia, expiei com resignação a minha culpa.
Maria [Goretti] foi realmente a minha luz e a minha
protetora; com a sua ajuda, portei-me bem e tratei de viver
honestamente quando fui novamente aceito entre os membros da
sociedade. Os filhos de São Francisco, os capuchinhos de le
Marche, receberam-me no seu mosteiro com a sua angélica
caridade, não como um criado, mas como um irmão. Com eles
convivo desde 1936.
Agora estou serenamente à espera de ser admitido à visão de
Deus, abraçar de novo os meus entes queridos, estar junto do
meu anjo protector e da sua querida mãe, Assunta.
Desejaria que os que vierem a ler estas linhas aprendessem
o estupendo ensinamento de evitar o mal e de seguir sempre o
bom caminho, desde a infância. Pensem que a Religião, com os
seus mandamentos, não é algo que possa pôr-se de lado, mas
sim o verdadeiro consolo, a única via segura em todas as
circunstâncias, também nas mais dolorosas da vida. Paz e
bem!"
Reflexões:
Se a
imprensa e os espetáculos da época, conforme atestou Frei
Alexandre, foi causa de tanto dano aos jovens que lhe foram
contemporâneos, isso há mais de 100 anos atrás, que dizer
da imprensa hoje, representada por vasto leque, desde os
meios escritos, radiofônicos, televisivos até os do mundo
virtual, que tanto lixo lança em nossos lares diariamente?
Não é à toa que o Santo Padre sofre tantas investidas quando
reafirma a posição da Igreja contra o sexo antes do
casamento, prostituição, aborto e métodos contraceptivos;
hoje a apologia a métodos e convenções pecaminosas fazem
parte da rotina e os profissionais da imprensa,
especialmente seus dirigentes são os primeiros responsáveis
e, por seus atos, certamente prestarão contas no dia do
Juízo. Sobre isto, lembremo-nos o que diz o Divino Mestre:
"Porque, a quem muito se tiver dado, muito lhe será exigido;
quanto mais se confia a alguém, mais dele se exigirá." (Lc 12, 48)
"Ai
do mundo, por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis,
mas ai daquele homem por quem vem o escândalo." (Mt 18, 7)
A inocência
das crianças parece hoje comprometida e a nossa inércia,
apatia ou aprovação, nos torna co-responsáveis. Se
participamos desse concluio coletivo, terreno e carnal e
aceitamos, difundimos ou não usamos do rigor necessário com
nossos filhos impondo-lhes limites, comprometemos a salvação
de toda a família. Do embalo sucessivo das ondas do mundo
não nos devemos agremiar, mas lutar com todas as forças e
tendo por referência a doutrina e os ensinamentos da Santa
Igreja, de política impopular e cuja voz é doída aos
ouvidos, porque baseada na verdade que conduz à salvação da
alma. Já, a voz do mundo, é gostosa de ouvir, porque
enaltece o ter, o poder, o prazer, enfim a "liberdade" na
sua máxima expressão que conduz à perdição eterna, ao
inferno. É, portanto, hora de reflexão e conversão, pois
que ninguém sabe se amanhã o coração estará ainda batendo ao
peito.
O único e
verdadeiro tesouro que os pais deixam aos filhos são os
ensinamentos da Santa Religião. Afinal, eles garantem a
eternidade, garantem que um dia nossa família estará TODA
REUNIDA, com Maria, anjos e santos, na morada eterna de
Deus.
A história
do Frei Alexandre Serenelli nos mostra quão grande é a
misericórdia divina ao pecador que se arrepende. Pagou sua
dívida perante os homens e dedicou anos de mosteiro em vida
de duras penitências e extrema santidade.
Que Santa
Maria Goretti, portadora do perdão e da caridade cristã, de
pureza em grau elevadíssimo, interceda por todos nós,
especialmente pelas crianças, adolescentes e jovens, e que a
sociedade reencontre a santidade, a candura, o verdadeiro
amor, que ensina a doutrina da Igreja de Cristo.
Beata
Maria Nazarei (1235-1320)
Mattia, nascida no ano de 1235 em Matelica, nas Marcas -
Itália, pertencia à família nobre De Nazarei. Cresceu
rodeada dos amorosos cuidados familiares, que fizeram tudo
para prepará-la para um brilhante porvir. Seu pai, sonhava
para ela um matrimônio digno de sua categoria. Porém, um
fato inesperado transtornou todos os seus planos. O exemplo
das duas santas irmãs Clara e Inês de Assis também se
repetiu em Matelica. Um dia Mattia sem avisar a ninguém,
fugiu de casa e foi bater às portas do mosteiro de Santa
Maria Madalena das Irmãs Clarissas, pedindo à abadessa que
a recebesse entre suas co-irmãs. Esta a fez notar que isto
era impossível sem o consentimento de seus pais. Pouco
depois o pai e alguns parentes irritadíssimos irromperam no
mosteiro decididos a levá-la de novo para casa à força.
Porém, tudo foi inútil. O pai foi vencido pela insistência
da sua filha, que assim pôde realizar seu sonho de seguir a
Cristo pelo caminho da perfeição. Tinha dezoito anos quando
começou o noviciado e antes da profissão, distribuiu parte
de seus bens aos pobres e parte reservou para urgentes
trabalhos de restauração do mosteiro.
Atrás de seu exemplo, outras moças a seguiram pelo caminho
da vida evangélica que haviam traçado São Francisco e Santa
Clara. Depois de oito anos de vida religiosa foi eleita
abadessa unanimemente. Durante quarenta anos Mattia foi a
zelosa superiora das Clarissas, iluminada guia espiritual
e ao mesmo tempo sagaz administradora. Possuía as
qualidades aparentemente contraditórias de uma grande
mística e de uma sábia organizadora. Confiando na divina
Providência, com ofertas da população e de sua família,
reconstruiu desde os fundamentos da igreja até o mosteiro.
A vida interior da Beata Mattia se modelou sobre a Paixão
do Senhor. Por muitos anos todas as sextas-feiras sofreu
dores e numerosos arroubamentos. Foi uma mulher de governo
que as virtudes contemplativas unia às virtudes práticas.
Se manteve também em contato com o mundo, sabendo dizer uma
palavra de consolo, ajuda e exortação aos muitos que ajudava
na medida das possibilidades e ainda a indigentes e pobres.
Um menino estava a ponto de morrer como conseqüência de uma
queda. A mãe, desesperada, o levou à Beata Mattia que,
depois de rezar o tocou com a mão e o restituiu são e salvo
à sua mãe. E se contam dela muitos outros prodígios.
Em 28 de dezembro de 1320, depois de ter exortado e
abençoado pela última vez a suas queridas co-irmãs, morreu
serenamente aos 85 anos, deixando atrás de si uma doce
recordação, que logo se transformaria em culto, o qual
confirmaria Clemente XIII, ao beatificá-la em 27 de julho
de 1765.
Corpo incorrupto e os traslados
Quando Mattia morreu, um amplo raio de luz envolveu seu
corpo, iluminando todo o convento. Ela desprendia um perfume
de incrível doçura, que enchia o ar ao seu redor. Isso
correu entre o povo e seus compatriotas foram contemplá-la
mais uma vez para cortar pedaços do tecido de sua túnica.
Ocorreram muitos milagres e muitos enfermos se curaram.
Ainda que a opinião fosse contrária, as irmãs acharam mais
prudente enterrá-la num local distanciado, mas o povo
protestou e pediram que a colocassem num lugar mais
acessível, onde todos pudessem expressar sua devoção.
Primeiro translado
As irmãs, então, pediram às autoridades religiosas
permissão para exumá-la, sob a direção de um médico de
Camerino, o Dr. Bartolo. Dezoito dias depois da sua
morte, o corpo de Mattia estava incorrupto e exalava suave
perfume. Dr. Bartolo, segundo o costume da época, quis
embalsamá-la, mas ao ver que, ao primeiro corte, saía sangue
líquido em abundância, se deteve e exclamou: "Que milagre é
este! Creio que nunca se viu a um corpo morto sangrar tão
abundantemente como se estivesse vivo, depois de ter sido
enterrado tantos dias. A esta podemos chamar realmente
santa, pelos milagres que fez em vida e, Deus o queira, fará
depois de morta".
Dali o corpo de Mattia foi colocado em uma elegante urna,
ao lado da epístola do altar maior, um pouco elevada do
solo, com uma grade frontal.
Segundo translado
Ao longo de dois séculos, sua fama estendeu-se além dos
limites da sua cidade e um número cada vez maior de
peregrinos vinham de todas as partes para render homenagens.
Em 1536, com o fim de dar-lhe um lugar de maior privilégio
em sua igreja, se trasladou a urna de Mattia de sua posição
original.
Terceiro translado
Em 22 de dezembro de 1758 a colocaram sob o altar de Santa
Cecília, que é o atual altar lateral direito da Igreja. Seu
corpo incorrupto permaneceu sempre em sua igreja, desde 15
de janeiro de 1320, com exceção de poucos dias, de 6 de
outubro a 31de dezembro de 1811, quando a soldadesca
napoleônica o sacou sacrilegamente de seu altar e o levou
a Macerata. Naquela ocasião esteve exposto à intempérie,
pelo que a umidade e outros elementos nocivos puseram em
marcha um processo de deteriorização. Em 1973, o Pe.
Antônio Ricciardi, OFMConv., ocupou-se do delicado trabalho
de desinfecção e conservação do corpo da Beata, pondo fim ao
processo destrutivo e evitando danos posteriores a sua
carne e a seus ossos. Por último, a Beata Mattia foi
colocada em uma urna nova e mais bonita.
O humor sanguíneo - pesquisas
Em 1536, durante o segundo traslado, começou a brotar do
corpo de Mattia um suor avermelhado, que as clarissas
trataram de secar em vão com panos de linho. Seu corpo e
suas relíquias ainda emitem dito líquido.
Em 1756, 437 anos depois de sua morte, se abriu a causa
para um reconhecimento legal, e um suave perfume se
desprendeu de seu corpo ainda incorrupto. Em 1758, durante o
terceiro traslado, a Beata Mattia suou de novo sangue,
empapando muitas toalhas. Seu corpo foi examinado mais de
uma vez nos anos seguintes, porém, sempre na presença de
autoridades eclesiásticas e médicos forenses. Em cada
ocasião o fluido sangüíneo impregnou toalhas, trapos e
inclusive a touca de Mattia e seu hábito. Estes preciosos
panos, empapados de seu humor sanguíneo e cortadas em
pedaços minúsculos, ainda se distribuem como relíquias. E de
suas manchas já secas, algumas vezes brotou o líquido
avermelhado.
O Instituto de Medicina Legal da Universidade de Camerino
atestou em 1972 que "as manchas presentes nos restos, com
toda certeza, são de sangue, um pouco envelhecida".
Milagre recente - cura de câncer
Em 1987 constatou-se a cura milagrosa de um farmacêutico e
doutor napolitano, Alfonso de D'Anna. O diagnóstico do
Instituto Pascal de Nápoles, confirmado pelo Instituto
Nacional de Tumores de Milão, era carcinoma, um tumor
maligno. Em 6 de março de 1987 tinha que iniciar o
tratamento de quimioterapia, porém a Beata Mattia apareceu
em sonhos à senhora Rita Santoro, da ordem Franciscana
Secular e Ministra da Fraternidade de Santa Maria Francisca
de Nápoles. A senhora Rita então não conhecia o Dr. D'Anna,
porém, a Beata Mattia lhe proporcionou informações
detalhadas, para que pudesse identificá-lo. A senhora Rita
tinha que dar-lhe uma de suas relíquias e o azeite bento de
sua lâmpada, que arde sempre em seu convento, e que as
clarissas oferecem aos fiéis em pequenos frascos.
Em 7 de março de 1987, o Dr. Alfonso D'Anna dirigiu-se à
sua farmácia, para retomar o trabalho. As revisões
periódicas estiveram precedidas, muitas vezes, por um forte
odor de jasmim, como havia predito o sonho, e confirmaram a
incrível e completa cura do Dr. D'Anna.
A última revisão, um TAC realizado no hospital Cardarelli
de Nápoles, confirmou a perfeita ventilação de seus pulmões
e a ausência de lesões tumorais.
Toda a documentação foi posta à disposição das autoridades
eclesiásticas, a fim de proceder a canonização da Beata
Mattia.
Beata
Narcisa de Jesus (1832-1869)
Nasceu
em Nobol (Guayas), em 29 de outubro de 1832; morreu em Lima
- Peru, em 8 de dezembro de 1869, aos 37 anos de Idade. Seus
pais: Pedro Martillo Mosquera e Josefina Morán.
Muito cedo morreu sua mãe, assumindo a responsabilidade do
lar Narcisa, cuidando de seus irmãos.
Conta-se que Narcisa faleceu em odor de santidade, em sua
cela do Patrocínio das irmãs dominicanas de Lima. Quando a
superiora abriu a porta, o quarto projetava uma luz
esplendorosa e se aspirava um agradável perfume
sobrenatural. O corpo de Narcisa irradiava luzes e
resplendores intensos, sinal do bem-aventurados; e, esse
perfume - testemunho - de suas virtudes heróicas.
Seu
sobrinho neto Miguel Martillo, foi incumbido de trazer seu
corpo de Lima ao Equador, em 30 de abril de 1955, a 86 anos
de seu falecimento; permaneceu 17 anos no templo de São
José de Guayaquil, dos padres jesuítas. O povo de Nobol a
reclamou por muito tempo a sua "filha ilustre", conseguindo
que Roma concedesse o traslado em 6 de dezembro de 1972,
às vésperas de cumprir 103 anos de falecida. Em sua terra
natal descansa em sua cripta-santuário, permanecendo seu
corpo incorrupto até o momento, tal como milagrosamente se
mantém desde a data em que faleceu.
Narcisa de Jesús Martillo Morán, se distinguiu pela sua
generosidade e entrega sem limites a um ideal de amor,
seguindo o exemplo e caminho de santa Mariana de Jesus
Paredes e Flores, sua compatriota, tomando-a como guia e
modelo de oração, amor e penitência. Foi solidária e
fervorosa com os seus; modesta e simples mulher de classe
humilde, levou uma vida pobre, cheia de sacrifícios. A
popularidade da angelical donzela, cresceu
internacionalmente. A Igreja Católica, mediante o Congresso
Especial de Teologia, depois de um longo processo, concluiu
a sobrenaturalidade de alguns favores recebidos por meio de
Narcisa; logo, resolveu beatificá-la, porque em anos
anteriores se declararam suas "VIRTUDES HERÓICAS". Então,
foi elevada à honra dos altares pelo Papa João Paulo II, em
Roma, domingo, dia 25 de outubro de 1992.
Depois
da beatificação de Narcisa, foi apresentada como modelo de
virtude, especialmente para tantas mulheres que emigram do
campo à cidade em busca de trabalho e sustento.
Assistiram cerca de 3.000 equatorianos; a delegação oficial
do Equador foi presidida por Alberto Dahik, Vice-presidente
da República; acompanharam o chanceler Diego Paredes; o
Prefeito de Guayaquil, León Febres Cordero; e outras
personalidades civis e eclesiásticas. No Equador, fazenda
São José (Nobol) lugar onde nasceu Narcisa, se realizaram
atos religiosos presididos pelo Núncio Apostólico Francesco
Canallini, às 10:00 hs do dia 26 de outubro de 1992.
Assistiu o Presidente da República Sixto Durán Ballén e
milhares de católicos de todo o país e de outros lugares do
mundo.
Beata
Osanna de Mântua (1449-1505)
As informações que temos da Beata Osanna de Mântua é
derivada de dois contemporâneos que a conheceram e
escreveram imediatamente depois de sua morte. Uma das
biografias foi lavrada pelo mestre da Ordem Dominicana e
por um Teólogo muito notável, Silvestre de Ferrara (1505) e
outra (1507) pelo monge Jerome de Olivetan (beneditino
reformado) que, nos últimos anos da vida de Osanna,
tornou-se seu confidente e guia espiritual. Sua biografia
consiste pela maior parte em registro detalhado de
conversações Osanna com seu diretor espiritual. Jerome diz
que Osanna era muito relutante, mesmo com ele, em que
confiava completamente, para falar de suas experiências
espirituais; mas descreve repetidamente como ele paciente
a manteve, mediante questionamentos e busca de informações
que guardou para si, cujo fim, como ele diz, servia para
suas próprias "consolações espirituais e fonte de
inspiração". Um processo difícil, segundo ele, pois que
Osanna costumava entrar em êxtase cada vez que se começava a
falar de Deus.
Nasceu em 1449 em Mântua, filha de nobres italianos,
Nicolaus e Agnespais. Diz Jerome que na idade de cinco ou
seia anos, Osanna teve sua primeira experiência mística, uma
visão da Trindade, dos nove coros dos anjos e da criação
material, quando Jesus como uma criança da sua própria
idade, carregava uma cruz. Mais tarde, viu-o outra vez no
jardim da casa família entre as videiras. Como entrasse já
em êxtase em tenra idade, tornou-se muito retraída. Os pais
incomodavam-se sobremaneira com o seu comportamento e
chegaram a pensar que a filha fosse portadora de
epilepsia.
Ainda durante sua infância acabou perdendo os pais,
tornando-se assim responsável pelo lar, cuidando dos irmãos
que controlou e educou com grande prudência e
responsabilidade, além de manter grande hospitalidade e
caridade com os pobres. Não obstante, apesar de todas estas
responsabilidades domésticas e caritativas, passou a
experimentar uma vida mística cada vez mais intensa.
Quando ainda vivia seu pai, ela recusou casamento porque já
sentia inclinação para tomar o hábito dominicano e o
declarara isso. Mas, segundo revelação feita a ela, não era
momento para fazer profissão, mesmo na Ordem Terceira.
Foi permitido compartilhar os sofrimentos de Cristo pela
causa da Igreja e da Itália, então marcada por rixas e
guerras. Finalmente, quando tinha 30 anos, recebeu os
estigmas em sua cabeça, depois no lado e em seguida nos
pés. Teve também uma visão em que seu coração foi
transformado e dividido em quatro partes. A Paixão de
Cristo era sentida intensamente nas quartas e nas
sextas-feiras. Em seu caso, os estigmas não parecem ter
sangrado, mas apareciam simplesmente como manchas
avermelhadas, intensamente dolorosas. Manteve-os escondidos
de todos, exceto de alguns de seus empregados, mas às vezes
a dor nos pés eram tão grandes que a impossibilitava de
andar. Por muitos anos, assim como Santa Catarina de Siena,
viveu quase sem nenhum alimento. No discurso dessas
matérias, pediu ao seu diretor espiritual que guardasse
absoluto segredo.
Entretanto, sua fama acabou espalhando-se entre a população
porque algumas vezes foi vista em público, em êxtase
profundo. As visitas e conselhos espirituais tornaram-se
constantes, resultando na oposição considerável dos frades
dominicanos de Mântua que, entretanto, cessaram as críticas
quando souberam que um dos seus, Dominic de Crema,
mantinha o registro de todas as experiências espirituais
de Osanna, que infelizmente perderam-se após sua morte.
Faleceu santamente, de causas naturais em 18 de julho de
1505. Foi beatificada pelo Papa Leão X e é invocada como
patrona das meninas estudantes.
Seu corpo incorrupto encontra-se em exposição sob o altar
de Nossa Senhora do Rosário na catedral de Mântua, Itália.
Em 1965 seu corpo foi examinado interiormente e exames
profundos determinaram bom estado de preservação (após 460
anos).
Beato
Sebastião de Aparício (1502-1600)
Nasceu
em Gudinha
Galícia
(Espanha) em 20 de janeiro de
1502. Quando criança contagiou-se por ocasião de uma
epidemia. Os enfermos eram obrigados a
viver apartados e sua mãe o levou a uma solitária
choupana. Ali uma loba o mordeu e com a hemorragia
curou-se a enfermidade. Desde então teve um especial amor
e influência com os animais.
Lhe
agradava
a vida do campo por sua paz e contato íntimo com Deus.
Ainda que não tivesse ido à escola, nem aprendido a
ler ou escrever, desenvolveu muitas habilidades
úteis: construção de edifícios e fabricação de carros,
cultivo, toda classe de trabalho rural, etc. Pastoreou as
ovelhas de seu pai até a idade de 20 anos, quando se foi
como mordomo em uma fazenda situada em
Salamanca que pertencia a uma jovem viúva, formosa e
rica. Ela enamorou-se dele. Para não cair na tentação,
Sebastião deixou o lugar e foi á
Zafra, para trabalhar
em outra fazenda ao serviço de Pedro de
Figueroa, parente do duque de
Feria. Porém ali, uma das filhas do dono também começou a
rondar-lhe. Voltou a mudar-se, desta vez a
Saluncar de
Barrameda, onde partiam os barcos para a América.
Trabalhou ali sete anos com bom salário e
pôde enviar às suas irmãs o dote que se costumava
recolher para o matrimônio. Porém, nesse lugar, foi outra
vez assediado por moças. Quando
a filha do seu patrão passou a lhe assediar em namoro,
decidiu embarcar para a América,
onde viveria o resto de sua vida.
Desembarcando em Puebla, México,
recém-fundada, Sebastião pôs seus diversos talentos em bom
uso. Lhe ajudaram inicialmente
sua avantajada força física. Havia grande escassez de carros
de carga animal. Ele fundou uma empresa onde os
construía e fazia transportes. Ajudou também a
construir estradas já que por
Puebla passava o tráfego entre Vera Cruz e a cidade
do México. Auxiliava aos índios
e aos pobres, ensinando-lhes suas artes.
Em 1542 Sebastião se muda para a Cidade do México com a
finalidade de fundar uma empresa
de carros maior. Abriu o primeiro caminho de carros a
Zacatecas, empreendimento
audaz não só pela distância mas porque atravessava região
habitada por índios Chichimecas,
então temidos e perigosos. Durante dez anos
transportou viajantes e mineiros
das minas Zacatecas à Casa da
Moeda do México. Em certa ocasião foi assaltado, enquanto
transportava mercadorias, por um
bando de índios Chichimecas que
inicialmente não reconheceram a Sebastião. Porém, quando
deram-se conta disso
imediatamente o liberaram. “Tu tens sido sempre como um bom
pai conosco – disseram – A ti, não faremos dano”.
Com a idade de 50 anos, depois
de 18 anos, se retira do comércio das estradas e se
estabelece em uma fazenda em
Tlalnepantla, próximo à Cidade do México. Pelos bens
que havia ganhado com seu trabalho o chamam
“Aparício, o Rico”. Em Chapultepec,
nos arredores do México, adquire
uma fazenda de criação de gado. Sem embargo, vivia com
impressionante simplicidade: não
tinha cama, mas dormia
em um estrado , comia as mesmas refeições
dos índios e vestia-se humildemente. Utilizava seus
recursos para fazer de sua
fazenda um centro de misericórdia para todos. Os
trabalhadores de sua fazenda eram tratados com todo
respeito, como amigos. A vários arrendatários,
lhes escriturou terras para que formassem suas
próprias propriedades rurais. Enquanto era comum que os
fazendeiros tivessem muitos escravos,
só tinha um e este era tratado como um filho, até que
acabou concedendo-lhe a liberdade. Porém,
o escravo sentia-se tão bem junto a Sebastião que
continuou ali como seu empregado.
DOIS MATRIMÔNIOS
Em Chapultepec contrai uma
enfermidade muito grave e recebe
os últimos sacramentos. Recuperada a saúde,
lhe recomendam que se case e encomenda de fato a
Deus, com muita oração, a possibilidade de casar-se.
Finalmente, aos 60 anos, em 1562, casa-se com a filha de
um amigo vizinho de
Chapultepec
na igreja dos franciscanos de Tacuba,
vivendo com sua esposa vida virginal. Seus sogros pensavam
em buscar a anulação do matrimônio, quando a esposa acaba
morrendo no primeiro ano de casados. Aparício, depois de
entregar a seus sogros 2.000 pesos como dote,
retorna a Atzcapotzalco.
Ali contraiu um segundo matrimônio aos 67 anos. Foi também
este um matrimônio virginal, como Sebastião o assegura em
cláusula do testamento de então:
“Para maior glória e honra de Deus declaro que minha mulher
permanece virgem, como a recebi de seus pais, porque me
casei com ela para ter algum privilégio em sua companhia,
por achar-me muito só e para ampará-la e servi-la em minha
fazenda”. Ela também morre antes
de completar-se um ano em um acidente, ao cair de uma
árvore enquanto recolhia frutas. Aparício a quis muito, como
também a sua primeira esposa, e delas dizia muitos anos
depois que “havia criado duas pombinhas para o céu,
brancas como a neve”.
VIDA RELIGIOSA
Seu confessor lhe recomenda que ajude as irmãs
clarissas que estavam passando
miséria. No ano de 1573 cede às
clarissas todos os seus bens, que ultrapassavam cerca
de 20.000 pesos, ficando com
1000 pesos somente, como lhe pediu o confessor por
precaução, se não perseverasse. Passou ele
a servir-lhes na qualidade de porteiro.
Em 09 de junho de 1574, aos 72
anos de idade, recebe o hábito franciscano no convento do
México. Dá, desde o início, grande exemplo de humildade,
fazendo qualquer serviço com prontidão. Sofre muito,
em parte pelo trato dos jovens do noviciado e porque
seus superiores, ao vê-lo tão velho, não se decidem em
deixar-lhe professar. Por fim, aos 73 anos de idade, em 13
de junho de 1575 recita a solene
fórmula:
«Eu, frei Sebastião de Aparício,
faço voto e prometo a Deus viver em obediência, sem
coisa alguma própria e castidade, viver o Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo, guardando a Regra dos Frades
Menores ».
E um frade firma por ele, pois é analfabeto.
Por aquele convento passou outro franciscano chamado por
deus a ser mártir no Japão: São Felipe de Jesus.
ESMOLER
O frade
ancião vai ao seu primeiro destino caminhando 30 KM ao leste
de Puebla. É o convento de Santiago de Tecali. Ali é o único
irmão leigo e serve nos trabalhos mais humildes. Logo o
chamam de volta a Puebla, onde o intenso trabalho dos frades
requer um bom esmoler. Sua fórmula era: "Te guarde Deus,
irmão. Há algo que dar, por Deus, a São Francisco?".
Enquanto tanto dava aos pobres muitas vezes sua própria
roupa, repartia dos bens que havia recolhido para o
convento.
Disse, quando já ancião, ao seu superior: "Pensa, padre
Guardião, que eu gosto de dormir no campo e sem coberta?;
não, mas porque este velho verme deve padecer no corpo,
porque se não fazemos penitência, não iremos ao céu".
DEVOTO DA VIRGEM MARIA
Percorria
a região com seu hábito franciscano, Rosário nas mãos,
com o qual sempre caminhava rezando. Em uma festa da
Virgem, chega frei Sebastião ao convento de Cholula no
momento da comunhão e se aproxima a comungar. Quando
depois, estando em ação de graças, se lhe aparece a Virgem.
Quando o padre Sancho de Landa se lhe interpõe, lhe diz o
irmão Aparício: "Atenção, atenção, não vêem aquela grande
Senhora, que desce pelas escadas? Olhem! Não é muito
formosa?" O padre Sancho, não vendo nada, disse: "Estais
louco, Sebastião, onde está a mulher?" Porém, logo
compreendeu que se tratava de uma visão do santo Irmão.
Impugnado pelos demônios
Sebastião
sofreu muitas impugnações do demônio. Nas clarissas do
México os combates contra o maligno eram tão fortes, que a
abadessa lhe pôs dois homens para sua defesa, porém, saíram
tão fracos e aterrados por dois leões, que por nada do mundo
aceitaram voltar para cumprir tal ofício.
Já do frade, segundo conta o Dr. Pareja, o demônio "lhe
tirava de sua pobre cama a pouco roupa com que se cobria e,
jogando-a fora pela janela do dormitório, o deixava duro de
frio quase ao ponto de tirar-lhe a vida. Outras vezes,
dando-lhe grandes golpes, o atormentava e enfraquecia;
outras o o pegava e arremessava para o alto, deixando-o cair
como quem joga uma bola, para o inquietar e atormentar;
de forma que muitas vezes se viu desconsolado e aflito".
Os ataques continuaram em muitas ocasiões. Em uma delas, os
demônios lhe disseram que iam derrubá-lo porque Deus lhes
havia dado ordem de fazê-lo. Ao que respondeu Sebastião
muito tranqüilo: "Pois se Deus os mandou, o que esperais?
Fazei o que Ele os manda, que eu estou muito feliz de fazer
o que a Deus agrada".
CONSOLADO POR ANJOS
Também
recebeu consolações do céu. Teve visões de São Francisco e
do apóstolo São Tiago, que lhe confirmaram em sua vocação.
Teve grande devoção aos anjos, especialmente ao de sua
guarda e experimentou muitas vezes seus favores.
Uma vez se lhe atolou a carreta no barro e se lhe
apresentou um jovem vestido de branco para oferecer sua
ajuda. "Que ajuda me podeis dar, lhe disse, quando oito
bois não podem movê-la!". Porém, quando vê que o jovem
tirou o carro com toda facilidade, comenta em voz alta:
"Certamente que não sois daqui!"
Regressava frei Sebastião com seu carro bem carregado, de
Tlaxcala a Puebla, quando se lhe rompeu um eixo. Não
havendo no momento remédio humano possível, invoca a São
Francisco, e o carro continuou rodando como antes. E a um
que lhe disse assombrado ao ver esta cena: "Padre Aparício,
que diremos disto?", lhe contesta simplesmente: "Quê
havemos de dizer, senão que meu pai São Francisco vai
segurando a roda para que não caia".
SUA RELAÇÃO COM AS CRIATURAS
Em certa ocasião, carregando pedras para a construção do
convento de Puebla, a um boi exausto teve que desuni-lo.
Frei Sebastião, para continuar com o trabalho, tomou com
seu cordão franciscano a uma vaca que estava por ali com seu
terneiro e, sem que ela resistisse, lhe pôs o jugo da
carreta. Ao terneirinho que protestava sem cessar com
grandes e consecutivos mugidos, lhe pediu silêncio, e ele
calou.
Regressando uma vez de Atlixco com algumas carretas bem
carregadas de trigo, se detém frei Aparício para descansar,
momento em que uma imensidão de formigas aproveitam para
fazer seu trabalho. "Padre, disse um índio, as formigas
estão furtando o trigo a toda pressa, e se não o remediar,
levarão tudo". Frei Sebastião se aproxima e com ar sério,
diz às formigas: "De São Francisco é o trigo que estão
furtando; agora, olhem o que estão fazendo!". Foi o
suficiente para que as formigas devolvessem tudo que haviam
furtado.
Conta-se que durante uma outra viagem, deitou-se sobre um
formigueiro de formigas bravas. Quando acordou-se, estas
haviam feito um grande círculo em seu redor.
FINAL DA VIDA
Aos 98 anos sentiu que iria morrer por causa de uma hérnia.
Chegou ao convento e caiu prostrado no solo ao modo de São
Francisco. Pediu aos franciscanos que rezassem o credo e
quando diziam: "Creio na ressureição da da carne e na vida
eterna", caiu morto.
Muitíssimos habitantes da Puebla assistiram a seu enterro.
Duas vezes foi desenterrado seu cadáver e nas duas apareceu
incorrupto. 968 milagres foram documentados em seu
processo de beatificação, promulgada em 1789. Atualmente,
seu corpo incorrupto descansa em uma urna de cristal no
convento franciscano de Puebla dos Angeles no México.
São
Sharbel Makhluf (1828-1898)
Ermitão
do rito católico maronita, é o primeiro libanês canonizado
pela Sé Apostólica nos tempos modernos, 09 de outubro de
1977 pelo Papa Paulo VI.
Grande
amante da Eucaristia e da Virgem Santíssima. Exemplo de
vida consagrada e de ermitão. Deus quis manifestar sua
glória por meio desse humilde eremita. Grande quantidade
de milagres ocorrem por sua intercessão. Diz-se no Oriente
que numerosas de suas imagens milagrosamente produzem
azeite de oliva, que se utiliza na oração pelos enfermos.
Além de ser bem conhecido no oriente Médio e em toda a
Igreja, na América é particularmente venerado no México a
partir da imigração maronita que começou no século XIX. Sua
devoção e propaga na atualidade mui rapidamente pelo número
crescente de milagres atribuídos à sua intercessão. Parece
que Deus deseja utilizar este santo com o sinal de seu
desejo de unificar o Oriente com o Ocidente.
Nasceu no
povoado de Beka'kafra, a 140 km do Líbano, capital
libanesa, em 08 de maio de 1828. Era o quinto filho de
Antun Makhlouf o Brigitte Chidiac, uma piedosa família
campesina. Foi batizado após oito dias na Igreja de Nossa
Senhora, em sua cidade natal, recebendo por nome Yusef
(José). Aos três anos o pai de Yusef foi inscrito no
exército turco na guerra contra os egípcios e morreu quando
regressava para casa. Sua mãe foi quem cuidou da família,
sendo um exemplo de virtude e de fé. Passado algum tempo,
ela casou-se de novo com um homem devoto que posteriormente
iria ser ordenado sacerdote. (No rito maronita, homens
casados podem ser escolhidos para o sacerdócio).
Yusef
ajudou a seu padrasto no ministério sacerdotal. Já desde
jovem era ascético e de profunda oração. Yusef estudou na
pequena escola paroquial do povoado. À idade de 14 anos foi
pastor de ovelhas, quando aperfeiçoou-se na oração.
Retirava-se com freqüência a uma cova que descobriu próxima
às pastagens para adentrar-se em horas de oração. Por isso,
era alvo de zombaria de outros jovens pastores. Dois de
seus tios maternos eram ermitãos pertencentes à Ordem
Libanesa Maronita. Yusef acudia a eles com freqüência para
aprender sobre a vida religiosa e especialmente a vida
monástica.
Aos 20 anos
de idade, Yusef é o sustento da sua casa. Sendo o tempo de
contrair matrimônio, sente-se chamado à outro tipo de vida.
Depois de três anos de espera, escutou a voz do Senhor:
“Deixa tudo, vem e segue-me”. Assim, numa manhã do ano
1851 se dirige ao convento de Nossa Senhora de Mavfouq,
onde foi recebido como postulante. Ao entrar no noviciado,
renuncia ao seu nome batismal e escolhe como nome de
consagração: Sharbel.
Algum tempo
depois foi enviado ao Convento de Annaya, onde professou os
votos perpétuos como monge, em 1853. O enviaram
imediatamente ao Mosteiro de São Cipriano de Kfifen, onde
realizou seus estudos de filosofia e teologia, levando uma
vida exemplar de oração e apostolado, entre estes, o cuidado
dos enfermos, o pastoreio das almas e o trabalho manual
em coisas mui humildes.
Sharbel
recebeu autorização para a vida ermitã em 13 de fevereiro
de 1875. Deste momento até sua morte, ocorrida na ermida dos
Santos Pedro e Paulo na véspera de Natal do ano 1898,
dedicou-se inteiramente à oração (rezava 7 vezes ao dia a
Liturgia das Horas), as asceses, a penitência e o
trabalho manual. Comia uma vez ao dia e levava consigo o
cilício.
O padre
Sharbel alcançou a celebridade depois de sua morte,
ocorrida em 24 de dezembro de 1898. Deus quis assinalar a
este santo numerosos prodígios: Seu corpo se mantém
incorrupto e seu sangue, ocorrem prodígios de luz,
constatados por muitas pessoas. O povo venerava como santo,
ainda que a hierarquia e seus próprios superiores,
proibissem seu culto formal enquanto a Igreja não
pronunciasse seu veredicto.
Dado o
constante culto do povo, o Padre Superior Geral Ignácio
Dagher solicitou ao Papa Pio XI em 1925, a abertura do
processo de beatificação do Padre Sharbel. Foi beatificado
durante o fechamento do Concílio Vaticano II, em 5 de
dezembro de 1965, pelo Papa Paulo VI, que disse: “Um
ermitão da montanha libanesa está inscrito no número dos
Bem-Aventurados ... Um novo membro da santidade monástica
enriquece com seu exemplo e com sua intercessão a todo o
povo cristão. E pode nos fazer entender, em um mundo
fascinado pelas comodidades e pela riqueza, o grande valor
da pobreza, da penitência e do ascetismo, para libertar a
alma em sua ascensão a Deus”.
Em 09 de
outubro de 1977, durante o Sínodo Mundial dos Bispos, o
Papa canonizou ao P. Sharbel com a seguinte proclama:
“Em
honra à Santa e Individual Trindade, para a exaltação da fé
católica e promoção da vida cristã, com a autoridade de
Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos
Pedro e Paulo e nossa, depois de madura deliberação e após
implorar intensamente a ajuda divina... decretamos e
definimos que o beato Sharbel Makluf é SANTO, e o
inscrevemos no catálogo dos santos, estabelecendo que seja
venerado como santo com piedosa devoção em toda a Igreja.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
ORAÇÃO
Deus,
infinitamente santo e glorificado por meio de teus santos.
Tu que inspiraste o santo monge e ermitão Sharbel para que
vivesse e morresse em perfeita união com Jesus Cristo,
dando-se a força para renunciar ao mundo e fazer triunfar
de sua ermida, ao heroísmo de suas virtudes monásticas:
pobreza, obediência e santidade. Te imploramos nos concedas
a graça de te amar e servir seguindo seu exemplo. Deus
Todo-Poderoso, Tu que tens manifestado o poder da
intercessão de São Sharbel através de seus numerosos
milagres e favores, concedei-nos a graça que te
imploramos por sua intercessão (fazer o pedido). Amém.
(Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória)
Reflexões:
A vergonha e o respeito humano são barreiras que devemos
transpor corajosamente, especialmente quando tratamos das
coisas de Deus. Será que nos é tão difícil benzer-se em via
pública, quando passamos na frente da Casa de Deus, ou de
um cemitério, ou antes de uma refeição num restaurante? Se
relutamos nisso, não é por outra razão que não pelo respeito
humano, constrangimento ou vergonha. Grandes testemunhos
cristãos são originários de pequenos gestos, pequenos
hábitos que transmitem o grande significado da nossa fé.
Pastor de ovelhas com apenas 14 anos, São Sharbel não
envergonhava-se em dedicar muitas horas de oração em meio ao
seu ofício cotidiano. As zombarias dos outros jovens não
lhe afetavam os ouvidos, muito menos a sua fervorosa postura
cristã. Resta perguntar hoje quem eram os jovens que
outrora gracejavam; sequer sabemos seus nomes. A certeza
que temos é que morreram, retornaram ao pó e compareceram ao
tribunal de Cristo. Com quê constrangimento viram gravadas
suas histórias: o que pensavam ser engraçado era... muito
sério!
Peçamos a intercessão de São Sharbel para que, com a mesma
sabedoria, enfrentemos tais situações com coragem e
determinação, e que sejamos agraciados já nesta vida, da
plena visão nas coisas divinas, para que possamos sufocar as
ilusões e preceitos terrenos.
Beato
Stefano Bellezini (1774-1840)
Nasceu em
Trento, em 25 de novembro de 1774. Aos 18 anos vestiu o
hábito agostiniano no convento de São Marcos. Passou
pois pelo noviciado de Bolonha, tendo seguido a
Roma e de novo a Bolonha para os estudos de filosofia e da
teologia. Por ocasião da invasão das tropas napoleônicas
teve de abandonar o Estado pontifício, retornando a
Trento, onde no ano de 1797 foi ordenado. Viveu no convento
de São Marco ao final de 1809, ano em que o Mosteiro foi
fechado por ocasião da supressão religiosa operada pelo
governo da região.
Retornando à família, dedica-se à assistência de jovens,
fazendo da própria casa uma
escola gratuita. Continua esta atividade até o retorno do
governo austríaco, conquistando em breve tempo a estima e
consideração do povo e isso estendeu-se à autoridade civil,
que o nomeou Inspetor Geral da Escola
de Trento.
Padre Stefano decidiu, porém,
permanecer fiel à sua profissão religiosa. Diante da
impossibilidade de concretizar isso na sua cidade,
já que o governo não permitia a reabertura do convento de
São Marco, abandona a carreira escolar e refugia-se à
Bolonha, no estado Pontifício, onde em breve espaço se
reabilita na vida religiosa. A autoridade civil de Trento,
apressadamente o convida a retornar, respondendo
resolutamente que encontra-se
unido à Deus através dos votos religiosos e que sua
amadíssima Mãe é a Religião.
Foi excelente mestre do noviciado. Consagrou-se, os
últimos anos de sua vida ao ministério paroquial de
Genezzano, vindo
à morrer em 2 de fevereiro de
1840. Seu corpo repousa no Santuário do Bom Conselho,
em Genezzano. Foi
proclamado beato por São Pio X em 1904. É o primeiro pároco
elevado à honra dos altares. Sua memória litúrgica se
celebra em 3 de fevereiro.
Ven. Maria de Jesus Ágeda (1602-1665)
Imagens de
outros Santos Incorruptos
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Beata Maria de Sâo José
Beato Sanna de Andreasi
Santa Eufemia de Calcedonia
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Santo Sylvano
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