27 de outubro de 2014 • 13h59
• atualizado às 14h45
Cenário eleitoral: "NE não tem 'culpa'", diz especialista
O Terra conversou com o historiador econômico Thomas Conti que criou um mapa que revela a mistura do eleitorado brasileiro - contrariando "piadas" de mau gosto sobre o NE
O historiador econômico Thomas Conti se
cansou das mensagens de ódio e xenofobia lançadas nas redes sociais
neste domingo e segunda-feira, depois de encerrado o 2º turno das
Eleições que sagraram Dilma Rousseff (PT) presidente. Diversos
internautas compartilharam mapas do Brasil divididos entre o vermelho e o
azul, representando, respectivamente, PT e PSDB. Para provar que não é
bem assim, Conti decidiu levantar os números e pintar – literalmente – o
mapa do Brasil e das eleições conforme a realidade. Os resultados?
Estamos “juntos e misturados” e não há vermelho e azul e, sim, um roxo
'esparramado' por todo o território.
O Terra conversou pelo Facebook com
Thomas que disse estar satisfeito com a repercussão do seu estudo. O
mapa foi compartilhado por mais de 16 mil pessoas no Facebook, além de
ter sido retuitado por quase 2 mil no Twitter. O sucesso do mapa foi tão
grande que até derrubou o blog do historiador econômico da
Unicamp. Segundo ele, os números demonstram que pessoas estão dispostas a
lutar contra a xenofobia e a segregação entre as regiões brasileiras.
“Isso não é pouca coisa, o discurso está na sociedade brasileira há
muito tempo”.
Apesar de ter recebido milhares de mensagens de ódio e
preconceito, por eleitores enfurecidos, ele destaca a importância da
divulgação de dados e informações corretas – para ir contra os “memes” e
compartilhamentos sem estudos. “É muito triste ver como tanta gente não
perde a oportunidade de disseminar discursos de ódio. Embora alguns
talvez não tenham salvação, pensei que muita gente poderia estar com
conclusões erradas por desinformação. Tentei ajudar na campanha contra
esse ódio aos nordestinos, que não tem sentido nenhum”, disse.
“A História Econômica depende de dados e documentos para
fazer uma interpretação que se aproxime da realidade, e percebi como os
gráficos que estavam sendo repassados escondiam a diversidade dos
números”, explica.
Para
montar o mapa, Thomas usou seus conhecimentos em História Econômica
(ele está terminando o Mestrado pela Unicamp e pretende
cursar Doutorado) e os números dos votos válidos por estado. Depois
disso, fez uma tabela no Excel e conseguiu montar pela “Formatação
Condicional” os números em escala de cor – sendo o vermelho básico
representado a candidata do PT e o azul básico o candidato do PSDB. A
cor roxa demonstra a mistura de votos nos estados e, como percebemos, é
predominante.
Com o mapa, o historiador econômico diz que gostaria de
tirar o “ranço” e instigar o interesse pela política por todos – não só
às vésperas das eleições, mas pelos próximos quatro anos.
“Quis estimular as pessoas a desconfiarem de análises maniqueístas,
bipolares - a sociedade não é assim há muito tempo. E, mais importante,
quis lembrar que a eleição e o voto são uma parte muito pequena do que
significa a democracia. Nossa democracia já foi interrompida por golpes
militares duas vezes, temos só 26 anos de tradição democrática.
Manter-se engajado e atento na política do País, buscando informações, é
um elemento central para o exercício da cidadania e para a construção
dessa democracia do século XXI. E discursos de ódio não terão espaço
nessa construção: quanto antes conseguirmos superá-los, melhor”,
defende.
Minas Gerais, a história e a vitória de Dilma
Para Thomas, ao contrário do cenário nordestino mostrado na internet, o estado de Minas Gerais tem importante participação na vitória da petista. “Na verdade, se o Aécio tivesse se garantido em Minas Gerais, seu próprio Estado, a mesma margem que conseguiu em Estados como o Acre e Santa Catarina, teria saído eleito das urnas. Mas não foi o caso e o nordeste não tem culpa de seus estrategistas de campanha terem dado MG como vitória certa”, afirma.
Para Thomas, ao contrário do cenário nordestino mostrado na internet, o estado de Minas Gerais tem importante participação na vitória da petista. “Na verdade, se o Aécio tivesse se garantido em Minas Gerais, seu próprio Estado, a mesma margem que conseguiu em Estados como o Acre e Santa Catarina, teria saído eleito das urnas. Mas não foi o caso e o nordeste não tem culpa de seus estrategistas de campanha terem dado MG como vitória certa”, afirma.
Como diz o próprio candidato mineiro, Aécio Neves, não
há como apagar a história. E quando olhamos para ela, enxergamos a
importância de Minas Gerais nas decisões eleitorais. O historiador
econômico lembra que o estado sempre foi central na política – há muitos
anos. “Quem não lembra da "política do café com leite", São Paulo e
Minas se revezando no poder durante a Primeira República?”, relembra.
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