Grandes investimentos, contratações e uma audiência em alta marcaram o ano da Record. Em 2015, a vice-líder tirou Xuxa da Globo, chamou o Gugu de volta e apostou alto na primeira novela bíblica do Brasil, "Os Dez Mandamentos".
Recebida com tapete vermelho e uma reunião de fãs, Xuxa Meneghel assinou contrato com a Record em um evento badalado, televisionado ao vivo, na sede da emissora em São Paulo. Já Gugu, voltou ao ar com um programa exibido três vezes por semana e entrevistas bombásticas feitas dentro de presídios, com criminosos populares como Suzane Richthofen e o goleiro Bruno, provocando mudanças nas programações dos outros canais, como foram os casos de Ratinho (SBT) e Luciana Gimenez (RedeTV!).
O grande trunfo do ano, no entanto, não veio com Gugu e tampouco com a ex-global Xuxa, mas de onde nem mesmo a emissora do bispo Edir Macedo acreditava: com a novela "Os Dez Mandamentos". Superando a audiência do "Jornal Nacional" e da novela "A Regra do Jogo", a Record se viu prorrogando o capítulo final de seu maior sucesso em anos e, numa decisão tomada sem muito planejamento, resolveu fazer uma nova temporada da trama bíblica, além de um filme que será lançado no início de 2016.
Novas contratações, novidades na programação, teledramaturgia em alta... Seria tudo ótimo, não fosse um corte de 500 funcionários e a terceirização de vários setores. A seguir, o UOL relembra o ano "abençoado" da Record, mas também de pecados, quem sabe, imperdoáveis:
O ano da Record: acertos e erros
A Xuxa é nossa
O acerto de Xuxa com a Record mexeu com os bastidores da TV, mobilizando profissionais para que a uma equipe de produção fosse formada e um programa do zero idealizado. Os valores da negociação não foram revelados, mas especula-se que ela tenha sido contratada para receber R$ 1 milhão de salário, mais participação em merchandisings e faturamento comercial de seus programas. A expectativa do público para ver a apresentadora que se consagrou na Globo fez com que o programa de estreia alcançasse 10 pontos, mas os números caíram nas semanas seguintes e a pressão por melhores resultados aumentou - mesmo assim, a repercussão do programa foi tão grande que até Silvio Santos, no Teleton, alfinetou o figurino da apresentadora, que passou a se vestir de terninho e calça comprida.
Gugu, o retorno
Após dois anos afastado da TV, Gugu retornou para a mesma emissora de onde saiu em um processo polêmico, com rescisão contratual e transferência do helicóptero Águia Dourada ao apresentador como parte do pagamento da multa. Desta vez, o acordo feito foi totalmente diferente. Seu programa, que desde os tempos de "Domingo Legal", no SBT, era apresentado aos domingos, passou a ir ao ar três vezes por semana e em esquema de temporada. Como parte das mudanças, passou a ser apresentado e produzido pela produtora do apresentador, a GGP. Realizou uma edição comemorativa da banheira do Gugu, que fez sucesso na década de 90, fez entrevistas de bastante repercussão, como por exemplo com criminosos condenados como Suzane Richthofen e o goleiro Bruno, e garantiu a sua volta para o ano que vem.
Conversão lucrativa: Andressa Urach
Depois de passar por problemas sérios de saúde, causados por uma grave infecção pelo uso de hidrogel no corpo, Andressa Urach atribuiu sua recuperação a um milagre e, agora evangélica, passou a frequentar os cultos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Desligou-se da RedeTV! e foi contratada pela Record, recebendo o apoio da emissora e da IURD para o lançamento de sua biografia "Morri pra Viver", que vendeu em um mês 400 mil exemplares em um mês. Conclusão: acumulou duas funções, de repórter do programa "Domingo Show" e de garota propaganda da igreja do bispo Edir Macedo.
Não é blockbuster, é "Os Dez Mandamentos"
Com dificuldade para emplacar suas últimas novelas, a Record estreou "Os Dez Mandamentos" - uma superprodução, com investimento de R$ 700 mil por capítulo que incluiu gastos com efeitos especiais em parceria com Hollywood. Dividida em quatro fases, a trama baseada na história do líder hebreu Moisés cresceu na audiência ao mostrar as 10 pragas enviadas por Deus aos egípcios e atingiu o ápice com a cena épica da abertura do Mar Vermelho. A Globo tentou segurar a concorrência, mas viu seu principal jornal e novela sofrerem para manterem a liderança no horário.
Falta de planejamento
Diante do sucesso de "Os Dez Mandamentos", a emissora não só espichou a novela, correndo o risco de cansar o telespectador, como mudou a data de estreia daquela que seria a trama substituta, "Escrava Mãe". Entendeu que, para não perder o público que conquistou, deveria dedicar o horário exclusivamente para novelas bíblicas, nem que isso significasse falta de compromisso com o elenco e produção de uma novela que já estavam com seus trabalhos adiantados. Além da continuação da saga de Moisés, que se dará em "Terra Prometida", como já estava prevista, resolveu-se de última hora que deveria ser criada uma obra de 60 capítulos, definida como a segunda temporada de "Os Dez Mandamentos", que fizesse a ponte entre as duas histórias.
Demissão em massa
No mesmo dia em que exibiu o último capítulo de "Os Dez Mandamentos", a emissora demitiu mais de 500 profissionais. Todos eles trabalhavam diretamente nos estúdios do Recnov, em Vargem Grande, no Rio de Janeiro, local onde ficava a cidade cenográfica da novela bíblica e onde o programa "Xuxa Meneghel" é gravado.
Terceirização
Os desligamentos dos funcionários têm relação direta com o processo de terceirização iniciado pela Record. Alguns foram dispensados, entre eles a produção da Xuxa, para que sejam contratados pela produtora Casablanca em um mês com contratos como pessoa jurídica e redução salarial de 20%. A emissora também arrendou os estúdios do Recnov por cinco anos para a produtora, que será responsável pelo setor de teledramaturgia. A produção de "A Fazenda" deste ano já foi realizada por uma produtora terceirizada, assim como outros programas da linha de shows. E, por último, até mesmo o Jornalismo, em vários dos seus setores, foi vítima de igual procedimento, deixando para a responsabilidade da casa só "o que se considerar como absolutamente essencial".
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