segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O ROMBO NA SAÚDE PÚBLICA DE MANAUS-Operação Maus Caminhos vira munição de campanha

O secretário Pedro Elias e o governador José Melo: operação da PF atinge o governo do Estado (Foto: BNC Amazonas)
O secretário Pedro Elias e o governador José Melo: operação da PF atinge o governo do Estado (Foto: BNC Amazonas)
Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – O Governo do Estado do Amazonas foi confirmado, nesta terça-feira, 20, a 12 dias das eleições municipais, como o principal teto de vidro na campanha eleitoral deste ano. A Operação Maus Caminhos deflagrada pela Polícia Federal deu mais munição para os canhões que disparam contra a imagem do Governo Melo e a favor de candidaturas.
A repercussão política da operação foi imediata pelo próprio momento em que ela é deflagrada: a doze dias da eleição e num contexto de guerra de números de pesquisas eleitorais, sobretudo entre as candidaturas que representam os dois grupos que polarizam a disputa.
Essa repercussão foi evidenciada nas primeiras declarações do prefeito e candidato à reeleição Arthur Virgílio Neto (PSDB) em entrevista ao vivo à TV Amazonas: “Estou feliz com essa denúncia que atinge o governo dele (Omar Aziz) e do Melo. Tenho um anjo da guarda que me tira de onde eu não devo estar”.
Na sequência, o vice-governador do Estado do Amazonas Henrique Oliveira (Sdd), apontado pelo instituto Pontual com capacidade de ir para o segundo turno, disparou: “A operação da Polícia Federal está de parabéns. Não poderia existir momento mais propício para fazer. Tem que ser antes porque um cara pode estar sendo eleito com dinheiro sujo de recursos. Depois da eleição, cada um corre para um canto”, afirmou.
Outros candidato à Prefeitura de Manaus que reagiram à operação foi o deputado estadual José Ricardo (PT), oposição ao Governo Melo, e o deputado Luiz Castro (Rede) que assinaram pedido de CPI para investigar os contratos da Susam. Parte desses contratos foram objeto da investigação que resultou na Operação Maus Caminhos.
No grupo de Marcelo Ramos (PR), a informação que circulou é de que aliados do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, tentavam na tarde desta terça-feira mobilizar deputados para emplacar a CPI na Assembleia. Alternativas de reação a possível ataque foram analisadas. Um caminho apontado foi a contra-informação de que Marcelo não tem nada a ver com as investigações.
Fervura
A reta final de uma campanha é um período de muita atenção dos candidatos, especialmente na deste ano em que o engajamento do eleitorado foi muito fraco. Mais do que em eleições passadas, essas duas semanas serão determinantes para as candidaturas com chance de chegar ao segundo turno.
A absorção da operação Maus Caminhos pelo eleitorado vai depender muito da forma como as candidaturas vão atuar para massificar o assunto na propaganda eleitoral e nas ruas. E também de como ele será explorado pelos candidatos nos três debates em TVs locais na última semana da campanha.
Outro fator importante é como o Governo Melo vai reagir às informações. Neste ponto, o atual governo tem fragilidades e demonstrou baixa habilidade de lidar com os temas de crise já vivenciados até agora.
Alvo
Logo após as convenções, começaram os ataques a Melo que, envolvido em crises econômica, política e processos eleitorais, se recolheu e iniciava aquecimento para se expor no segundo turno. Nos pleitos anteriores, a administração municipal era o mote principal da berlinda e o Governo a noiva mais cortejada.
A operação, com graves denúncias de corrupção num dos setores mais sensíveis do Estado, atinge em cheio o Governo Melo e pode atrofiar novamente a animação do governador para sair da toca.
Segundo a Polícia Federal, nos últimos dois anos, cerca de R$ 220 milhões em recursos públicos destinados à saúde do Amazonas foram repassados à instituição investigada (aproximadamente 25% do total de recursos do Fundo Estadual de Saúde do Amazonas no mesmo período). O Governo tentou minimizar esses efeitos nas linhas finais de uma nota em que se defende dizendo que não é o investigado. Se ficar nisso, dificilmente se desviará de mais uma pauta negativa.
A suspeita é que o dinheiro bancava vida luxuosa dos envolvidos. Grave irregularidade que merece ser investigada a fundo. E isso leva tempo para terminar, a julgar pelas várias operações da polícia federal, deflagradas há mais de uma década, sobre irregularidades na máquina estadual que até hoje não tiveram desfecho final. O efeito mais imediatos da operação pode vir mesmo é na campanha municipal em que está em disputa a Prefeitura de Manaus.

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