quinta-feira, 22 de março de 2012

ISSO JÁ ACONTECE DESDE 1976 O PARÁ FOI SEMPRE PASSEIRO DO MARANHÃO -Peixe do Pará abastece cidades do Maranhão



ATRAVESSADOR

Prioridade de barcos de Vigia, Viseu e Bragança é o porto de Carutapera
CASTANHAL E BELÉM
Do correspondente e da Redação
Não tem como escapar: é da pescaria direto para o Maranhão", afirma o pescador Benedito Alves dos Santos, o Louro, da Colônia dos Pescadores de Viseu. Ele se refere à prática que existe há mais de 20 anos, a transferência da maioria do pescado capturado pelos barcos de pesca de Bragança, Viseu e de Vigia, os maiores polos pesqueiros do Estado, para o porto maranhense de Carutapera e vizinhanças. Lá, todos os dias, o lugar é um alvoroço de barcos lotados de peixe, de pescadores paraenses e atravessadores de outros estados, todos velhos parceiros negociando, carregando os caminhões baús. Pescadores estimam que pelo menos 70% do pescado obtido pelos barcos paraenses nas três cidades seja comercializado naquele porto.

A exportação ilegal pulveriza os efeitos do decreto governamental que entrou em vigor no dia 18 passado e proíbe, no período que antecede a Semana Santa, a saída dos pescado do Pará rumo a outros estados. Segundo Louro, a determinação intensifica a exportação e faz tempo que o paraense da capital "só come peixe de segunda". Para comprar peixes de primeira categoria, como a pescada amarela, o consumidor da Região Metropolitana de Belém (RMB) precisa pagar caro, já que a maioria do pescado segue para os restaurantes da região Nordeste.

Somente na manhã de terça-feira, 29, pelo menos 50 embarcações de pesca de Bragança, que pertencem à Zona 17, estavam em plena atividade no município maranhense de Carutapera, com pescadores e atravessadores desconfiados com a presença da reportagem. Lá também estavam ancorados barcos de Vigia e de Curuçá. A maioria das embarcações é de pequeno porte, carregando em média de três a cinco toneladas de pescado capturado no mar paraense. Dentre as espécies mais cobiçadas estão enchova, pescada amarela, serra e sarda. Junto dos barcos paraenses, outros do Maranhão, Ceará e Paraíba dividiam o já deteriorado, mas movimentado, trapiche de descarga do porto de Carutapera. Esses pescadores dos estados nordestinos são acusados de praticar a pesca predatória, do tipo apoitada, ferreada ou a gozeira, com a rede presa no fundo com ferro, algumas de arrasto, que pega tudo do mar, mas, do total, só os peixes grandes são aproveitados. O restante, como o cangatá e o cambeua, é jogado de volta ao mar, morto. "Com isso, na subida do peixe, deste mês até julho, a gó e outros peixes já não entram no rio. Já denunciamos, pedimos a fiscalização do Ibama, mas nunca tomam providências", lamenta Louro.

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