segunda-feira, 14 de maio de 2012

"Não tenho direito de ser candidato", diz prefeito de Manaus

Declaração é do prefeito Amazonino Mendes ao admitir, pela primeira vez, que está doente e que precisa se tratar

Prefeito Amazonino Mendes se declara esgotado e admite a jornalista que precisa se tratar para ter mais vida
Prefeito Amazonino Mendes se declara esgotado e admite a jornalista que precisa se tratar para ter mais vida (Clóvis Miranda)
O prefeito Amazonino Mendes (PDT) apresentou, nessa quarta-feira (9), a falta de saúde como principal obstáculo para entrar na disputa pela reeleição em 2012. Em tom emocionado e com olhos marejados, Amazonino Mendes falou, pela primeira vez, da dificuldade que está sendo para ele terminar o mandato conquistado em 2008. As declarações do prefeito foram dadas a jornalistas ao final da teleconferência no Palácio do Governo, onde ele e o governador Omar Aziz (PSD) estiveram com a presidente Dilma Rousseff (PT), pela manhã.
“Eu me esgotei, eu me esgotei. Você se esgota, um atleta se esgota. Foi muito intensa minha atividade na prefeitura, intensa demais. Tive problemas demais. Eu busquei a solução dos problemas. Isso me esgotou. Eu não tenho direito de ser candidato. Meu caso é exatamente de esgotamento. Eu preciso ir pro estaleiro. Se eu não for pro estaleiro, morro (olhos marejados)”, disse o prefeito.
Amazonino disse que o esgotamento pelo qual passa tem origem em todos os problemas enfrentados por ele na administração da Prefeitura de Manaus. E comentou: “O que eu mais desejo e peço a Deus, todos os dias, é que não me faltem forças para eu chegar até o último dia e honrar esse mandato. Porque a cidade precisa”, disse.
O prefeito afirmou que a administração dele tem números e obras que o colocam como candidato natural à reeleição. “Tenho obras e números da minha administração que me dignificam muito, que me colocam numa situação confortável (numa eventual disputa). Muita gente que é contra, quando tomar conhecimento do que eu fiz, do trabalho que desenvolvi, eu não tenho dúvida, me consagraria”, declarou.
Nessa quarta-feira, com fala rouca e cansada, o prefeito Amazonino Mendes disse que há razões pessoais mais fortes que o inclinam a desistir da disputa. “Vocês não têm ideia, vocês não sabem o que é isso. Então quando me dissocio do processo político, quando digo que não quero saber disso, tenho outras razões também, que não me cabe colocar”, afirmou.
Há pelo menos um ano, o prefeito repete em eventos públicos que não disputará as eleições deste ano. As declarações, no meio político, são interpretadas como uma velha tática. E o que mais reforça essas interpretações são as ações do prefeito a frente do Executivo Municipal, lançando às vésperas do pleito programas sociais que atingem um grande número de pessoas de baixa renda e também comparecendo a várias inaugurações. Outra velha tática política de quem está no poder.
Aliados e amigos estão divididos
Enquanto aliados políticos do prefeito Amazonino Mendes (PDT) dão declarações que incentivam o prefeito a manter a candidatura, amigos próximos torcem para que ele priorize qualidade de vida e descanso.
O presidente estadual do PDT, Dermílson Chagas, e o vereador de situação Homero de Miranda Leão (PHS), ao mesmo tempo que admitem que o prefeito está cansado, afirmam que Amazonino goza de boa saúde e está preparado para a disputa eleitoral. “O prefeito é uma pessoa disposta, bem de saúde. Mas se diz estar doente, temos que ouvi-lo. Vou conversar com ele nos próximos dias sobre política”, comentou Chagas.
Homero de Miranda Leão disse que estará ao lado do prefeito seja qual for a decisão dele, mas destacou que os cuidados que o prefeito precisa ter são iguais a qualquer pessoa que enfrentar fatores de risco em qualquer faixa etária.
A vereadora Mirtes Sales, que também é da base aliada, não vê no grupo de vereadores de situação nenhum nome que possa suceder Amazonino. “Ele disse que existia uma possibilidade remota de se candidatar, mas dependia do cenário político e das próprias condições físicas dele”.
Amigos próximos a Amazonino Mendes informaram que a reeleição é um fator de dúvida ao político, consciente do tempo de vida pública. Os mais íntimos defendem que ele se dedique a aproveitar o que a vida ainda lhe oferece. A outros, impressiona a fisionomia cansada, a constante rouquidão e a falta de acompanhamento médico adequado.
Prefeito alerta sobre escolha
“Ser prefeito de Manaus não é colocar a mão no bolso do colete e dizer ‘vou pegar fulano, vou pegar sicrano’. Isso é irresponsabilidade com essa cidade. Não é qualquer um que pode ser prefeito. Tem que pensar mil vezes antes de eleger”, declarou o prefeito Amazonino Mendes, nessa quarta, ao ser questionado sobre qual nome o grupo político dele indicaria para a sucessão na Prefeitura de Manaus.
A declaração de Amazonino é dada dois dias depois do ex-pupilo, o senador Eduardo Braga (PMDB), declarar que analisa alternativas para lançar um candidato no grupo político dele e apresentar entre os favoritos os deputados Marcos Rotta (PMDB), Rebecca Garcia (PP) e Pauderney Avelino (DEM).
“ (...) o exercício administrativo da prefeitura, é um exercício para gigante. É coisa para guerreiro, gente de alta qualidade”, declarou o prefeito. Amazonino disse ainda que “a cidade precisa de gente séria, de gente competente, de gente experiente, com espírito público, determinada, com coragem. Nós acumulamos problemas demais”, afirmou.
Cardiologista aponta cenário
O prefeito Amazonino Mendes tem 72 anos, é diabético e, segundo amigos próximos, mantém um comportamento não adequado à idade e à doença que é crônica. Amazonino é fumante e, há um ano, em entrevista ao jornal A CRÍTICA, disse que trava uma luta para controlar o vício.
A CRÍTICA consultou o médico cardiologista Marcelo Fernandes sobre os riscos que uma pessoa de 72 anos, fumante e diabético submetida a alto grau de estresse está exposta. O médico afirmou que um paciente idoso, diabético, tabagista tem um fator de risco para desenvolver doenças cardiovasculares, pulmonares e para ter Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto.
“Associado a questões como má alimentação e alto grau de estresse, imposto pelo estilo de vida moderna de muita competição e muito trabalho, torna o quadro mais preocupante”, declarou o médico.
Fernandes ressaltou que qualquer pessoa num quadro deste não está impedida clinicamente de participar de disputas eleitorais, mas seria necessário um sério acompanhamento médico.

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