sexta-feira, 28 de março de 2014

A ULTIMA CORRIDA DE AYRTON SENNA - Após quase 20 anos, última entrevista mostra temor de Senna por segurança

Em entrevista feita no fatídico domingo de Ímola, tricampeão se mostra preocupado com a segurança para o GP de Mônaco de 1994, que ele jamais chegaria a disputar 

 

Edição de abril da revista 'F1 Racing' apresenta a última entrevista concedida pelo tricampeão Ayrton Senna (Foto: Divulgação)Edição de abril da revista 'F1 Racing' apresenta a última entrevista de Senna (Foto: Divulgação)
Os trágicos acontecimentos que marcaram os dois primeiros dias do GP de San Marino de 1994 deixaram Ayrton Senna angustiado, como revela agora a última entrevista do piloto. A edição de abril da revista inglesa "F1 Racing" apresenta trechos de uma entrevista que permaneceu inédita por quase 20 anos, e foi concedida por Senna e por seu companheiro de equipe, Damon Hill, ao então diretor de marketing da Williams, Richard West, momentos antes da fatídica corrida realizada no autódromo de Ímola.
Aos 34 anos e após 10 temporadas disputadas, o tricampeão mundial demonstrava uma grande preocupação com a segurança da categoria. O tema pautou a entrevista a West, feita tendo como referência o GP de Mônaco - etapa seguinte do campeonato, que seria realizada dali a duas semanas.
Maior vencedor da prova mais tradicional da F-1, com seis triunfos nas ruas de Monte Carlo, Senna afirmou ao diretor de marketing do time inglês que os pilotos planejavam solicitar mudanças à FIA, principalmente em relação ao limite de velocidade no pitlane.
- O pitlane é muito estreito e haverá muitos pilotos lá. Vai ser muito, muito perigoso. Já falamos disso hoje e estamos pensando em pedir aos responsáveis da FIA para introduzirem um limite de velocidade no pitlane - afirmou Senna, com a propriedade de quem detém, até hoje, o recorde de vitórias no famoso Circuito de Mônaco.
O trágico acidente na curva Tamburello interrompeu a carreira vitoriosa de Ayrton Senna na F-1 (Foto: Getty Images)O trágico acidente na curva Tamburello interrompeu a carreira vitoriosa de Ayrton Senna na F-1 (Foto: Getty Images)






A morte de um dos maiores pilotos de todos os tempos já seria suficiente para classificar o GP de San Marino de 1994 como o mais trágico da história da F-1. Mas aquele fim de semana na Itália presenciou uma espantosa sequência de acidentes, como o gravíssimo impacto de Rubens Barrichello durante os treinos livres da sexta-feira e a morte do austríaco Roland Ratzenberger no classificatório do sábado. A corrida do domingo começou com uma pavorosa colisão entre J.J. Lehto e Pedro Lamy, e a relargada após a saída do safety car foi logo interrompida pelo choque fatal de Ayrton Senna no muro da curva Tamburello, a 210 km/h.
Ayrton Senna momentos antes da largada do GP de San Marino de 1994: angústia e preocupação (Foto: Getty Images)Senna momentos antes da largada do GP de San Marino: angústia e preocupação (Getty Images)
Após a entrevista a Richard West, Senna autografou um exemplar do mapa do circuito de Ímola. Uma coincidência macabra aconteceu neste momento: o brasileiro colocou sua assinatura justamente ao lado da curva Tamburello, a mesma onde perderia sua vida dali a algumas horas. Diante dos acontecimentos desastrosos que marcaram a realização do GP de San Marino daquele ano, West não chegou a publicar a entrevista, e acabou até mesmo se esquecendo da derradeira conversa com Ayrton. Muitos anos depois, o ex-funcionário da Williams recebeu uma fita VHS com a gravação, enviada por uma fonte anônima.
A inesperada morte de Senna causou uma comoção mundial sem precedentes na história do esporte, e também deu início a uma verdadeira cruzada por mais segurança na categoria mais nobre do automobilismo. Após o GP de San Marino, a FIA implementou uma série de mudanças fundamentais para reduzir a ocorrência de acidentes nas temporadas seguintes. Entre elas, o cockpit menos exposto, que protege mais o ocupante; o sistema de proteção da coluna cervical em caso de impacto; a ampliação das áreas de escape das pistas; a padronização do serviço de resgate e a modernização dos hospitais montados nos circuitos.

 

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