Reunião durava pouco mais de duas horas quando - sem obter nenhuma resposta do depoente - o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), decidiu pôr fim ao “depoimento”.
[ i ] Carlinhos Cachoeira esteve acompanhado durante toda sessão por seu advogado, o ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Brasília - Como era de se esperar, o contraventor Carlinhos Cachoeira confirmou a expectativa de sua defesa e se limitou nesta terça-feira a dizer que não iria falar nada durante a sessão da CPI que investiga esquema de corrupção comandando por ele.
A reunião durava pouco mais de duas horas quando - sem obter nenhuma resposta do depoente - o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), decidiu pôr fim ao “depoimento”.
Antes mesmo de ser encerrado, alguns deputados e senadores já tinham deixado a sala. Cachoeira deixou o Congresso e foi acompanhado por um comboio da Polícia Federal até a Penitenciária da Papuda, onde está preso.
De terno e gravata, mais magro e pouco cabelo branco, Cachoeira aparentou na sessão estar bem abatido. A sessão foi aberta por Vital, que logo em seguida chamou o bicheiro. Ele teria 20 minutos para falar no início, mas o fez em menos de três.
- Boa tarde para os senhores e senhoras. Estou aqui como manda a lei. Fui advertido pelos meus advogados para não dizer nada. Eu não vou falar nada aqui. Somente depois da audiência que vamos ter no juiz, se por ventura achar que eu deva contribuir, pode chamar que eu virei para falar - disse. Tenho muito a dizer depois da audiência - comentou para logo em seguida, a uma nova pergunta, responder com ironia:
- Esta é uma boa pergunta para ser respondida depois.
A audiência de Cachoeira na Justiça, segundo deu advogado Márcio Thomaz Bastos, será em 31 de maio e 1º de junho. Em rápida declaração, antes do depoimento, a outra advogada do contraventor, Dora Cavalcanti, afirmou que o cliente “está abatido, porém firme”.
Ainda durante sessão, convicto de que o contraventor nada falaria, o presidente da CPI propôs antecipar o fim da reunião, para ouvi-lo somente depois da audiência que Cachoeira terá na Justiça.
- Indago a vossas Excelências se não seria de bom alvitre, mais prudente anteciparmos o encerramento dessa reunião? - questionou Vital, mas a ideia foi refutada.
Como ele prestou “depoimento” como investigado, teve o direito de ficar calado diante das perguntas dos parlamentares. Mais cedo, os advogados de Carlinhos Cachoeira foram à sala da CPI e depois se dirigiram para sala protegida onde estão guardados os documentos das operações Monte Carlo e Vegas.
Mulher do contraventor acompanha a sessão
Escoltada por advogados e seguranças a atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, também está no Congresso, em uma cadeira aos fundos do plenário. Ela não deu nenhuma declaração.
Os parlamentares que chegaram para acompanhar o depoimento estavam céticos com relação à possibilidade de Cachoeira fazer qualquer revelação bombástica. No entanto, o envolvimento de sua mulher, bem como de sua ex-mulher Andréa Aprígio, que já teve a convocação aprovada, são avaliadas como forma de pressioná-lo a falar.
Ao entrar na sala da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL -AP ) defendeu que a comissão convoque para depor a atual atual mulher de Cachoeira.
- Ela tem muitas informações importantes. Toda a negociação se passava com o conhecimento dela.
Fernando Francischni (PSDB-PR) fez vários questionamentos sobre a relação de Cachoeira com o governo do Distrito Federal e do Paraná. Ele criticou o “desrespeito” do contraventor com a CPI ao ficar calado.
- É muito triste, já na primeira pergunta, mostrando o desrespeito de um criminoso que vem por aqui. Não brinque com essa CPI. Achar que ele vem para jogar ou salvar da fogueira outras pessoa – disse o deputado tucano.
Cachoeira não quis responder sequer se estava sendo bem tratado na Papuda, presídio localizado em Brasília onde ele está preso. A pergunta foi feita pelo líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PPS-PR).
- Nós não somos teu - afirmou Rubens Bueno, em referência a mensagem do deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) enviou ao governar do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
O silêncio de Cachoeira fez o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), desistir de fazer perguntas, fazendo um trocadilho com o apelido do bicheiro. Para o senador, fazer perguntas a ele é o mesmo que "chover no molhado nessa cachoeira".
- O que estamos aqui a fazer diante de um marginal com arrogância dos livres - disse Álvaro Dias.
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) foi outra a sugerir a suspensão do depoimento. Sem medir palavras, ela chamou Cachoeira de bandido e cínico e disse que os parlamentares estava fazendo perguntas para uma múmia. Para a senadora, é importante interromper a sessão porque, do contrário, Cachoeira já saberá as perguntas elaboradas pelos parlamentares e estará preparado para respondê-las depois.
- Estamos fazendo papel ridículo diante deste senhor que esta nos manipulando. Se estamos perguntando diante de uma múmia, o que vão pensar de nós? - questionou a senadora. - Não vou dar ouro a bandido - finalizou.
Outro a expressar a mesma preocupação foi o deputado Silvio Costa (PTB-PE):
- A gente vai ser ridicularizado ao cubo.
Eles também disseram estar preocupados com a repercussão negativa que uma sessão sem respostas pode causar na opinião pública.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), também sugeriu interromper a sessão e ouvir o bicheiro depois.
- Podemos fazer uma oitiva depois dessa data. O que seria mais proveitoso, produtivo. Não serão os discursos aqui infindáveis que vão contribuir - afirmou Cunha.
Já o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) pediu uma acareação entre Cachoeira e o ex-diretor do Dnit Luiz Antônio Pagot. O ex-diretor acusa Cachoeira de ter articulado para tirá-lo do cargo.
- Não vou fazer nenhuma pergunta porque já sei que ele não vai responder - disse, resignado, o senador José Pimentel (PT-CE).
Cachoeira teve que comparecer à sessão porque, na noite de segunda-feira, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o habeas corpus pedido pelo contraventor para adiar mais uma vez seu depoimento. A defesa pediu um prazo de três semanas com o objetivo de preparar melhor o réu para a sessão, mas o ministro não concedeu o benefício.
Relator e presidente tentaram acordo para ouvir bicheiro
O relator e o presidente da CPI de Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG) e senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), se reuniram com os advogados do bicheiro antes do depoimento, para tentar fazer um acordo para que ele respondesse pelo menos a algumas perguntas. Os dirigentes da CPMI tentaram convencer o advogado Márcio Thomaz Bastos de que Carlinhos Cachoeira poderia responder a algumas perguntas que não o comprometesse. Mas logo no inicio da inquirição ele deixou claro que o acordo não vingara.
Também não foi feita a transferência da guarda do preso para a polícia legislativa do Senado. De acordo com despacho do juiz do caso, durante a chegada e permanência de Cachoeira no Senado , ele ficou sob a guarda da Polícia Federal
A reunião durava pouco mais de duas horas quando - sem obter nenhuma resposta do depoente - o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), decidiu pôr fim ao “depoimento”.
Antes mesmo de ser encerrado, alguns deputados e senadores já tinham deixado a sala. Cachoeira deixou o Congresso e foi acompanhado por um comboio da Polícia Federal até a Penitenciária da Papuda, onde está preso.
De terno e gravata, mais magro e pouco cabelo branco, Cachoeira aparentou na sessão estar bem abatido. A sessão foi aberta por Vital, que logo em seguida chamou o bicheiro. Ele teria 20 minutos para falar no início, mas o fez em menos de três.
- Boa tarde para os senhores e senhoras. Estou aqui como manda a lei. Fui advertido pelos meus advogados para não dizer nada. Eu não vou falar nada aqui. Somente depois da audiência que vamos ter no juiz, se por ventura achar que eu deva contribuir, pode chamar que eu virei para falar - disse. Tenho muito a dizer depois da audiência - comentou para logo em seguida, a uma nova pergunta, responder com ironia:
- Esta é uma boa pergunta para ser respondida depois.
A audiência de Cachoeira na Justiça, segundo deu advogado Márcio Thomaz Bastos, será em 31 de maio e 1º de junho. Em rápida declaração, antes do depoimento, a outra advogada do contraventor, Dora Cavalcanti, afirmou que o cliente “está abatido, porém firme”.
Ainda durante sessão, convicto de que o contraventor nada falaria, o presidente da CPI propôs antecipar o fim da reunião, para ouvi-lo somente depois da audiência que Cachoeira terá na Justiça.
- Indago a vossas Excelências se não seria de bom alvitre, mais prudente anteciparmos o encerramento dessa reunião? - questionou Vital, mas a ideia foi refutada.
Estamos aqui perguntando para uma múmia. O que as pessoas vão pensar de nós?
Mulher do contraventor acompanha a sessão
Escoltada por advogados e seguranças a atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, também está no Congresso, em uma cadeira aos fundos do plenário. Ela não deu nenhuma declaração.
Os parlamentares que chegaram para acompanhar o depoimento estavam céticos com relação à possibilidade de Cachoeira fazer qualquer revelação bombástica. No entanto, o envolvimento de sua mulher, bem como de sua ex-mulher Andréa Aprígio, que já teve a convocação aprovada, são avaliadas como forma de pressioná-lo a falar.
Ao entrar na sala da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL -AP ) defendeu que a comissão convoque para depor a atual atual mulher de Cachoeira.
- Ela tem muitas informações importantes. Toda a negociação se passava com o conhecimento dela.
Fernando Francischni (PSDB-PR) fez vários questionamentos sobre a relação de Cachoeira com o governo do Distrito Federal e do Paraná. Ele criticou o “desrespeito” do contraventor com a CPI ao ficar calado.
- É muito triste, já na primeira pergunta, mostrando o desrespeito de um criminoso que vem por aqui. Não brinque com essa CPI. Achar que ele vem para jogar ou salvar da fogueira outras pessoa – disse o deputado tucano.
Cachoeira não quis responder sequer se estava sendo bem tratado na Papuda, presídio localizado em Brasília onde ele está preso. A pergunta foi feita pelo líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PPS-PR).
- Nós não somos teu - afirmou Rubens Bueno, em referência a mensagem do deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) enviou ao governar do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
O silêncio de Cachoeira fez o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), desistir de fazer perguntas, fazendo um trocadilho com o apelido do bicheiro. Para o senador, fazer perguntas a ele é o mesmo que "chover no molhado nessa cachoeira".
- O que estamos aqui a fazer diante de um marginal com arrogância dos livres - disse Álvaro Dias.
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) foi outra a sugerir a suspensão do depoimento. Sem medir palavras, ela chamou Cachoeira de bandido e cínico e disse que os parlamentares estava fazendo perguntas para uma múmia. Para a senadora, é importante interromper a sessão porque, do contrário, Cachoeira já saberá as perguntas elaboradas pelos parlamentares e estará preparado para respondê-las depois.
- Estamos fazendo papel ridículo diante deste senhor que esta nos manipulando. Se estamos perguntando diante de uma múmia, o que vão pensar de nós? - questionou a senadora. - Não vou dar ouro a bandido - finalizou.
Outro a expressar a mesma preocupação foi o deputado Silvio Costa (PTB-PE):
- A gente vai ser ridicularizado ao cubo.
Eles também disseram estar preocupados com a repercussão negativa que uma sessão sem respostas pode causar na opinião pública.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), também sugeriu interromper a sessão e ouvir o bicheiro depois.
- Podemos fazer uma oitiva depois dessa data. O que seria mais proveitoso, produtivo. Não serão os discursos aqui infindáveis que vão contribuir - afirmou Cunha.
Já o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) pediu uma acareação entre Cachoeira e o ex-diretor do Dnit Luiz Antônio Pagot. O ex-diretor acusa Cachoeira de ter articulado para tirá-lo do cargo.
- Não vou fazer nenhuma pergunta porque já sei que ele não vai responder - disse, resignado, o senador José Pimentel (PT-CE).
Cachoeira teve que comparecer à sessão porque, na noite de segunda-feira, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o habeas corpus pedido pelo contraventor para adiar mais uma vez seu depoimento. A defesa pediu um prazo de três semanas com o objetivo de preparar melhor o réu para a sessão, mas o ministro não concedeu o benefício.
Relator e presidente tentaram acordo para ouvir bicheiro
O relator e o presidente da CPI de Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG) e senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), se reuniram com os advogados do bicheiro antes do depoimento, para tentar fazer um acordo para que ele respondesse pelo menos a algumas perguntas. Os dirigentes da CPMI tentaram convencer o advogado Márcio Thomaz Bastos de que Carlinhos Cachoeira poderia responder a algumas perguntas que não o comprometesse. Mas logo no inicio da inquirição ele deixou claro que o acordo não vingara.
Também não foi feita a transferência da guarda do preso para a polícia legislativa do Senado. De acordo com despacho do juiz do caso, durante a chegada e permanência de Cachoeira no Senado , ele ficou sob a guarda da Polícia Federal
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