A praia artificial, cujo custo total é de R$ 12 milhões, já consumiu 780 mil metros cúbicos de areia, de um total de 980 mil previstos em projeto
“Isso é dinheiro jogado fora”. A declaração do militar Arlindo Moraes, 42, ao olhar para a praia do Complexo de Lazer da Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus, que deverá ser permanente e está alagada, revela a indignação da população. Dos 980 mil metros cúbicos de areia previstos para serem usados na praia, 780 mil já foram utilizados. Mas o local está quase 100% inundado mesmo antes do rio Negro ter atingido o nível recorde de 29,77 metros, registrado em 2009.
O detalhe é que a praia permanente foi projetada, segundo a a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), acima da cota de segurança para edificações. Segundo a assessoria da Seminf, a praia, quando finalizada, estará na marca de 30,77 metros acima do nível do rio, a fim de garantir imunidade diante da cheia.
A praia artificial tem 800 metros de comprimento e faz parte da primeira etapa da revitalização da Ponta Negra.
A primeira etapa da obra de revitalização da Ponta Negra custou R$ 29 milhões (no cálculo já estão incluídos os R$ 12 milhões da praia). Conforme a Seminf, ela está prevista para ser entregue à população na segunda quinzena de junho, caso a vazante do rio Negro permita a finalização da última camada de areia do projeto.
A CRÍTICA esteve no local durante o domingo e ontem, e viu que o banzeiro do rio começa a levar a areia da praia. Apesar de estar parcialmente alagada, tratores e operários da empresa responsável pela obra trabalhavam no local, mas apenas na parte localizada atrás do anfiteatro.
A Seminf informou também que “ainda não existe praia permanente, uma vez que, ela está em construção” e que a obra sofreu atraso por conta da cheia.
Para a assistente administrativo Luciana Andrade, 26, a praia existe e sua alagação é reflexo de descaso. “Como vendem uma ideia que a praia vai durar o ano todo? Ainda não foi inaugurada, mas todo o dia turistas vêm aqui. É um vergonha mesmo. Mais uma obra para enganar o povo. E no ano que vem se tiver outra cheia grande como vai ser?”, questionou.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), informou que trabalhou com cálculos baseados na maior cheia e que não pode prever o que vai acontecer e que, mesmo com a alagação, não será necessário reforma.
“O máximo que poderá acontecer é a cheia ultrapassar a cota de 30,77m e cobrir a praia, o que não é motivo para nova reforma”, disse a nota.
29,49 metros é a cota que o rio Negro atingiu, ontem, em Manaus, e está apenas a 28 centímetros de atingir o nível da maior cheia registrada em 110 anos, quando o rio Negro atingiu 29,77 metros em 2009. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o nível do rio Negro está 55 centímetros acima da cota de emergência de 28,94 metros.
74 mil famílias estão sendo prejudicas pela cheia em 32 municípios do Estado. Só em Manaus são 10 mil pessoas em oito bairros. De acordo com estimativa da Defesa Civil Municipal mais de 18 mil pessoas devem ser afetadas na capital. Entre os bairros mais prejudicados em Manaus estão São Raimundo, São Jorge, Glória, Presidente Vargas, Educandos, Raiz e Betânia.
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