José Félix Estigarribia diz que Federico Franco vai à cúpula do Mercosul.
Brasil, Argentina e outros países disseram não reconhecer novo presidente.
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“Seria fantástico aproveitar a cúpula do Mercosul para ter um encontro bilateral com Dilma. Vamos aguardar. Temos o maior interesse de uma entrevista entre a presidente do Brasil e o presidente do Paraguai”, disse durante entrevista coletiva.
O país ainda enfrenta a rejeição de muitos vizinhos, que disseram não reconhecer Franco como presidente após o rápido processo que culminou com o impeachment de Fernando Lugo em menos de 48 horas.
Estigarribia, que se disse admirador de Dilma, “uma heroína nos processos de luta pela democracia no Brasil”, assegura que o país não descumpriu nenhum acordo internacional e afirma que “continuará a cumprir todos os tratados vigentes”.
“Meu trabalho não é confrontar, é encontrar soluções, explicar aos amigos do Brasil e de todas as latitudes como é nossa situação interna”, disse. “Se houver sanções [de outros países], vamos trabalhar para suspendê-las.”
Brasiguaios
O novo chanceler também disse que o governo terá uma “preocupação especial” com os brasileiros que vivem no país e que “contribuem com o seu desenvolvimento”.
“Vamos respeitar o direito de cidadãos brasileiros que são bem vindos nesse país, muitos têm filhos paraguaios. Vamos fazer todo esforço possível para que continuem com seu trabalho normalmente”, afirmou.
Segundo Estigarribia, há conflitos de terra no Paraguai que dizem respeito não apenas a brasileiros, mas também entre paraguaios. Um confronto entre sem-terra e policiais que deixou 17 mortos em Curuguaty, na fronteira com o Brasil, foi o principal argumento usado na destituição de Lugo.
Assim como fez o presidente Federico Franco após a posse, o novo chanceler reforçou que não houve ilegalidade no processo que culminou com o impeachment, apesar de admitir ter ficado preocupado com o curto prazo para defesa do ex-presidente, destituído em menos de 48 horas.
“Não foi um julgamento político nos tribunais do Paraguai, como não seria em qualquer lugar do mundo, o Congresso tem suas regras. A mim mesmo pareceu preocupante que o prazo tenha sido curto, mas foi uma decisão soberana dos parlamentares do Paraguai”, disse.
Crise
Federico Franco assumiu o governo do Paraguai na sexta-feira (22), após o impeachment de Fernando Lugo. O processo contra ele foi iniciado por conta do conflito agrário que terminou com 17 mortos no interior do país. A oposição acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprópria, negligente e irresponsável".
O processo de impeachment aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Autêntico, do então vice-presidente Franco, retirou seu apoio à coalizão do presidente socialista. A votação, na Câmara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprovação por 76 votos a 1 – até mesmo parlamentares que integravam partidos da coalizão do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, à tarde, o Senado definiu as regras do processo.
Na tarde de sexta-feira, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência. O placar pela condenação e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo.
Em discurso, Lugo afirmou que aceitava a decisão do Senado. Ele pediu que seus partidários façam manifestações pacíficas e que "o sangue dos justos" não seja mais uma vez derramado no país.
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