terça-feira, 17 de julho de 2012

Após 5 anos de acidente, voo da TAM atrasa e pousa com chuva em SP

Voo JJ 3046 substitui o JJ 3054, extinto depois do acidente que matou 199.
Tripulação deu balas de maracujá a passageiros; voo para SP foi tranquilo.

Roberta Lemes Do G1 RS
 
voo tam congonhas 620 (Foto: Roberta Lemes/G1 RS)Passageiros ganharam balas de maracujá durante voo da TAM para SP (Foto: Roberta Lemes/G1 RS)
O avião do voo JJ 3046 - que substitui o JJ 3054, extinto pela TAM após a tragédia em 17 de julho de 2007 - aterrissou em Congonhas às 19h33 desta terça-feira, com mais de 30 minutos de atraso em relação ao previsto. Há exatos cinco anos, um acidente durante o pouso de um Airbus A320 da companhia resultou na morte de 199 pessoas.
Assim como no dia da tragédia, os pilotos pousaram a aeronave no Aeroporto de Congonhas com chuva e pista molhada. Dessa vez, no entanto, a aterrissagem do avião lotado ocorreu sem qualquer problema.
Os passageiros, apesar de saberem que o voo era no mesmo horário do avião acidentado, mantiveram-se calmos até mesmo durante a pequena turbulência que atingiu a aeronave, na chegada a São Paulo. A tripulação distribuiu balas de maracujá durante o percurso.
O comandante Ricardo Bruno, que há oito anos trabalha na empresa TAM e foi o responsável pela condução da aeronave nesta terça, diz que é impossível não recordar a tragédia de 2007. "Emocionalmente foi um voo diferente, mas tecnicamente tivemos uma viagem tranquila", afirma o piloto, que conhecia a tripulação que morreu no acidente.
Rafael Madke, de 38 anos, viaja há bastante tempo nesse mesmo horário, de Porto Alegre para São Paulo. No dia do acidente com o Airbus A320 da TAM, ele voltava para a capital gaúcha depois de ter viajado, na véspera, no voo JJ 3054. "Quando desembarquei, vi setenta chamadas de familiares no celular. Só então fui saber o que aconteceu em Congonhas", relembra. O farmacêutico, que conhecia algumas das vítimas, teve medo de voar por algum tempo, mas hoje viaja tranquilo.
O engenheiro Luiz Prado, de 65 anos, também lembrou do dia 17 de julho de 2007 durante o voo desta terça. Ele mora próximo ao Aeroporto de Congonhas e acompanhou de perto a movimentação das equipes de resgate. "Apesar de tudo, não tenho medo de voar. Viajo bastante de avião e preciso cumprir meus compromissos profissionais. Também não sou supersticioso, então estou tranquilo", diz o passageiro.
passageira voo tam (Foto: Roberta Lemes/G1 RS)Engenheiro lembrou da tragédia em Congonhas, mas diz não ter medo de voar (Foto: Roberta Lemes/G1 RS)
Acidente
No dia 17 de julho de 2007, um Airbus A320 da TAM, que saiu de Porto Alegre com destino a Congonhas, ultrapassou o fim da pista ao tentar pousar e bateu contra um prédio, localizado próximo à cabeceira da pista. Estavam no avião 187 pessoas. Não houve sobreviventes. Outras 12 pessoas morreram em solo.
Chovia em São Paulo no momento do acidente. Investigações apontaram que um dos reversos (parte de seu sistema de freio) da aeronave estava desativado, impedindo que os pilotos pudessem parar o avião. Poucos dias antes, a pista do aeroporto havia sido reformada e liberada sem o grooving - ranhuras feitas para ajudar a frear os aviões.
Denunciados
As causas do acidente foram investigadas pela Polícia Civil, pela Polícia Federal (PF) e pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Apesar de a Polícia Civil ter apontado 11 responsáveis pela tragédia, o relatório final da PF enviado à 1ª Vara Federal Criminal de São Paulo não trouxe nenhum indiciamento, dizendo que o acidente teria sido causado por erro dos pilotos.
O Ministério Público (MP), no entanto, decidiu denunciar três pessoas por atentado contra a segurança de transporte aéreo: Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro, à época diretor de Segurança de Voo da TAM; Alberto Fajerman, que era vice-presidente de Operações da TAM; e Denise Maria Ayres Abreu, então diretora da Anac.
A denúncia foi aceita pela Justiça Federal de São Paulo. Os réus apresentaram suas defesas prévias, por escrito, e aguardam decisão do juiz, que poderá absolvê-los sumariamente ou seguir com o processo e designar audiência para ouvir os réus e as testemunhas. Não há previsão para essa decisão do juiz.

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