A queda de Antonio Palocci e sua substituição pela senadora Gleisi Hoffman à frente do Ministério da Casa Civil podem ajudar a presidente Dilma Rousseff a se livrar da sombra de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, na avaliação de um artigo publicado nesta quarta-feira pelo diário argentino La Nación.
'Com a nomeação de Gleisi Hoffmann - uma senadora do PT sem experiência na política nacional - como nova chefe de gabinete, Rousseff se arrisca a perder consistência política no governo, mas ao mesmo tempo dá um passo decisivo para se desprender da alargada sombra de Lula', afirma o jornal.
Para o diário, após ser apontada como sucessora por Lula e ser eleita presidente graças aos altos índices de popularidade do antecessor, Dilma 'teve que engolir um ou outro sapo para chegar ao Palácio do Planalto'.
'O mais indigesto, sem dúvida, foi o de aceitar Palocci como ministro da Casa Civil', diz o jornal.
Projeto lulista
O jornal espanhol El País faz uma análise parecida, ao observar que foi Lula que pediu à sucessora que nomeasse Palocci como ministro.
'Lula quis dessa forma assegurar ao mundo econômico que a ex-guerrilheira Rousseff, considerada mais estatista que Lula e mais à esquerda, manteria no âmbito econômico o projeto lulista de combinar o neoliberalismo com fortes doses de política social', diz o texto.
A reportagem comenta que Palocci ajudou Lula na eleição de Dilma ao 'assegurar também a ajuda financeira das grandes empresas' e se converteu em seguida no homem forte da política da nova presidente.
Para o jornal, a saída de Palocci do governo havia se tornado inevitável com o aprofundamento do escândalo, e sua saída 'abre a primeira crise política importante da sucessora de Lula desde que chegou ao poder, em janeiro'.
Investigações
A queda de Palocci também foi tema de reportagem do jornal americano The New York Times, que destaca o fato de Palocci ser o terceiro dos últimos quatro ministros da Casa Civil a ser obrigado a renunciar em meio a acusações de má conduta desde 2005, quando Lula era presidente.
O jornal comenta que a própria presidente foi a única a ocupar o cargo e não deixá-lo de maneira forçada.
A reportagem do New York Times comenta ainda que mesmo após a renúncia de Palocci, membros da oposição prometem continuar as investigações para saber se houve alguma conexão entre os negócios particulares de Palocci e a campanha eleitoral de Dilma.
Em um texto publicado em sua versão online, o diário econômico britânico Financial Times afirma que a nomeação de Gleisi Hoffmann é 'uma aposta' de Dilma no momento em que ela enfrenta seu primeiro grande teste nos cinco meses de governo.
O jornal diz ainda que os analistas consideram que a mudança não deve provocar uma reação negativa dos mercados financeiros, já que é apenas o desfecho de uma crise que já se arrastava havia semanas.
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